UM ABADE MUITO OBSERVADOR
Igreja de Lamas de Mouro - Pormenor
OS LIMITES DA FREGUESIA DE LAMAS DE MOURO
(…)
Com a petição inicial foi apresentada outra prova adicional que, mesmo não sendo um título jurídico de limites, se revela de extraordinária relevância para a boa decisão da justa judicial. Trata-se de um assento de óbito, datado de 26 de Abril de 1791, de uma defunta que apareceu no monte de Medoira e foi mandada enterrar no adro da igreja da freguesia de Lamas de Mouro. Vale a pena deixar aqui publicado na íntegra esse singelo registo paroquial:
“Aos vinte e seis dias do mez de Abril de mil e setecentos e noventa e hum appareceo no sitio chamado da Medoira monte que he dos lemites desta freguezia huma deffunta cujo nome e naturalidade se ignora, o traje era de pobre, suposto não trazia saco, nem esmollas, trazia vestido hum jubam preto, hum manteo a que chamam de riscadilha, hum abantal de Saragoça parda, teria a mesma deffunta sassenta annos de idade e duas unhas da mam esquerda extraordinariamente cumpridas redondas e grossas. E depois de feito o exame que em semelhantes cazos se custuma fazer pelas justiças foi conduzida ao Adro desta Igreja, e por se lhe nam achar Rosario nem Escapulario foi sepultada no mesmo Adro aos vinte e oito dias do mez e anno supra. E para que conste faço este assigno em Sam Joam de Lamas era ut supra.
O abbade, Antonio da Cunha Alvarez
Os Limites da Freguesia de Lamas de Mouro e os Caminhos da (in)Justiça
José Domingues
Novembro 2014
p. 134
Retirado de:
www.academia.edu/9978638/Os_Limites_da_Freguesia_de_Lamas_de_Mouro_e_os_Caminhos_da_in_Justiça