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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

CAVALEIRO BOM E FIEL, PORTUGUEZ E FIDALGO

melgaçodomonteàribeira, 25.08.15

26 c2 - vila sec XIX -.jpg

   

OS ANTIGOS FORAIS DE MELGAÇO, TERRA DE FRONTEIRA

 

Melgaço recebeu de Affonso I, em 1181, o foral de Ribadavia, terra da Galliza; e, segundo diz o documento, foram os proprios moradores de Melgaço que o pediram por entenderem que era bom. D. Sancho II, 1223 – 1245, converteu em mil soldos leonezes por anno as rendas que tinha na villa, e deixou a cargo do concelho apresentar ao rei um cavalleiro que lhe fizesse menagem do castello. O diploma foi confirmado por D. Affonso III em 1256.

Dois annos depois, em 1258, o soberano dá a Melgaço o foral de Monsão (typo de Salamanca), cuja data conhecida é todavia, como já observamos, de 1261; e estabelece, em especial, que haja na villa trezentos e cincoenta povoadores que pagarão annualmente á coroa, elles e todos que lhes succederem, trezentos e cincoenta morabitinos velhos, em tres prazos, por todos os direitos, foros e coimas que menciona a carta: o rico-homem, que governar o districto, pode entrar na villa, mas pagará á sua custa a despesa que fizer, e não aggravará por fórma alguma os habitantes: o alcaide do castello é posto pelo rei, e a elle prestará menagem, mas não se intrometterá na governança do concelho, salvo se os proprios moradores o convocarem.

A conversão, que se lê no documento de 1258, é em tudo igual á que registraram as actas das inquirições geraes d’esse anno, a respeito de Melgaço. Ocorre, portanto, aqui um reparo. D. Afonso III mandou fazer as inquirições entre Cavado e Minho a 26 de abril de 1258; e o foral dado a Melgaço n’esse anno, está datado de Braga a 29 de abril. Ou havemos de entender que o depoimento dos jurados (e no inquerito de Melgaço intervieram muitos) se refere a um facto antigo, e n’este caso a conversão já existia quando se passou ao concelho a carta de 1258; ou, dando desconto ao tempo que os commissarios haviam de gastar nos inqueritos, desde que tinham sido incumbidos d’estas pesquizas em 26 de abril, devemos crer que a reducção foi feita pelo foral, mas já era conhecida em Melgaço quando ahi estiveram os inquiridores. Sendo assim, este exemplo servirá de aviso para não considerarmos sempre como existentes de longa data os factos, que as actas das inquirições afirmam terem sido expostos pelos jurados, quando não constar que estes deram alguma indicação a respeito do tempo em que aconteceram.

Mas fosse ou não mais antiga a substituição dos encargos exarada no foral de 1258, o que sabemos é que elle era revogado antes de terem decorrido tres annos, em 9 de fevereiro de 1261, por se julgarem aggravados com a innovação os moradores do concelho, sendo então restituidos ao seu estado anterior. Cada vizinho, diz o diploma, recupere e tenha todo o seu herdamento que tinha antes; o que nos mostra que a reforma, augmentando o numero de foreiros, dava aos que accresciam alguma parte dos predios dos antigos povoadores. A carta de 1181 é de novo confirmada, mantendo-se porém igualmente o pacto que fizera com o gremio el-rei D. Sancho II, e que já vimos ter sido ratificado por D. Affonso III em 1256.

No documento, que vamos seguindo, as condições, ou attribuidas a esse pacto ou estabelecidas agora pelo soberano, são, além da conversão de todos os rendimentos fiscaes em mil soldos leonezes: que o concelho terá e guardará o castello á sua custa, devendo apresentar um cavalleiro bom e fiel, portuguez e fidalgo, que faça menagem do castello ao rei: o morador do couto de Melgaço, que exportar vinho embarcando-o, pagará direitos á coroa: o rico-homem não entrará na villa e seu termo, nem no castello, contra vontade do concelho, salvo se for por mandado do rei para defender a terra.

 

Revista da Faculdade de Letras

António Matos Reis

 

http://ler.letras.up.pt

 

HOMENAGEM À LAURINDA DO MANCO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

A 24 DE ABRIL DE 74 ÉRAMOS ASSIM

 

 

   Um dia, princípios de Março ou ainda fins de Fevereiro, o Zé, anafado e risonho, confidenciou à malta que algo se preparava. Que em Lamego “estava tudo sobre rodas” (sic). A Isabel guinchava, a Fernanda saltava e eu nem se fala. Aquelas reuniões fim de tarde prolongavam-se noite fora em casa da Fernanda e do Zé (Ferraz) com a Joana. Ou em minha casa com a João e a Teresa Feijó. Ou no Marco com a Isabel e o Jorge Baldaia. Ou em casa do Manuel Strecht Monteiro e da Lionida. Enfim, andávamos a meio metro do chão, levitantes, sorridentes, a rebentar de esperança, de vida, de juventude. “Agora é que é”, dizíamos. E as actividades conspiratórias paralelas redobravam. Era a edição e venda clandestina de livros proibidos. Eram as “passagens de fronteira” com desertores e emigrados políticos, onde se distinguia, corajosa e lindíssima, a Laurinda Alves, na altura namorada do Manuel Simas que, enquanto estivera de delegado do procurador da república em Melgaço organizara uma verdadeira porta de saída com a ajuda do Zé Ataíde e do Zé Teixeira Gomes, cuja mulher, uma brasileira, doida varrida, animava as hostes estudantis nas lutas académicas portuenses. Estávamos vivos, carago!

   O dezasseis de Março falhou, como se sabe, mas nós nem por isso desanimámos.  …………………..

 

Vosso, sempre

 

d’Oliveira

 

Retirado de:

 

Diário político 19 – Incursões

 

http://incursoes.blogs.sapo.pt/1002392.html?thread=3104152

 

ESPAÇO MEMORIA E FRONTEIRA

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

UN VIAJE A LA MEMORIA DEL CONTRABANDO

 

Melgaço cuenta con uno de los pocos museos que hay en la península dedicado a esta actividad

 

Marisol Oliva – 24/08/2009

 

El Museo de la Memoria y la Frontera, en la localidad portuguesa de Melgaço, permite al visitante viajar al tiempo em el que la raia era cruzada por miles de personas dedicadas al tráfico ilegal de mercancías. El espacio recoge también la emigración en el régimen salazarista.

‘El contrabando unió durante siglos los pueblos de la frontera y se convertió en una forma de economía que les ayudaba a sobrevivir en zonas aisladas y sin apenas recursos, salvo la emigración’, explica Angelina Esteves, responsable de los servicios culturales de la Cámara de Melgaço, donde desde hace dos años funciona el primer museo de Portugal.

En sus salas se puede hacer un recorrido por la historia de esta actividad en la que café, cobre y tabaco se fueron alternando para ‘ayudar en las economías familiares’. Entre los objetos que se pueden ver se encuentra un uniforme de la Guardia Fiscal portuguesa, la misma que peinaba las sierras del Alto Minho buscando a los que desafiaban los caminos.

El visitante puede escuchar en la sala voces que narran sus proprias historias. El objetivo, según explica Angelina Esteves ‘es hacer un documental en el que los protagonistas cuenten sus recuerdos, tanto de contrabando como emigración’............

 

Retirado do jornal La Region

 

http://www.laregion.es/noticia/100586

 

O COTO DA MOURA

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

   Há muitos, muitos anos, no lugar onde hoje existe uma fonte que enche um regato e rega muitos campos, havia uma Moura encantada que todos os dias, ao nascer do sol, saía para estender o seu tesouro no cimo de um penedo, a que chamaram Coto da Moura. Servia este penedo de soalheiro ao tesouro da Moura. Depois de estender o seu tesouro, a moura sentava-se no cimo do penedo e, enquanto cantava, ia penteando os seus belíssimos cabelos louros com um maravilhoso pente de ouro. Refulgia ao longe tal conjunto. Pensava-se que a Moura assim fazia para atrair, com o deslumbramento das jóias, alguém que a pudesse desencantar.

   Os que por ali passavam contavam tal visão, mas a maior parte do povo, ou se mostrava incrédulo, ou temia aproximar-se. Então, um certo dia, um dos homens mais corajosos da aldeia foi ver se o que contavam era verdade.

   Quando chegou junto da fonte, viu uma Moura com o cabelo e pente de ouro. Estava ela sentada sobre o penedo a pentear-se. Aproximou-se lentamente, para a surpreender, de forma a que ela não pudesse escapar. Então ela, pressentindo a presença do homem disse-lhe:

   — Meu caro senhor, tenho um pente e uma “peina”. Qual deles queres?

O homem não esperava tal oferta! Até porque diziam que a Moura guardava com grande cuidado o seu tesouro. Restabelecido da surpresa, mas julgando pouco provável serem de ouro os cabelos da Moura, apesar de brilharem como esse metal, respondeu depois de breves momentos:

   — Quero o pente!

   — Ai homem, que me acabaste de dobrar a “fada”!

A Moura, depois de o fixar com um triste olhar, atirou o pente para o regato. E enquanto o homem o foi apanhar, motivado pela ganância, a Moura desapareceu.

   Em vão o homem procurou o pente. E ainda hoje se julga que o som das águas a cair no regato se parecem com o choro de uma donzela. Por isso se diz que o fado da Moura ainda contínua, já que o encanto só seria quebrado se o homem tivesse pedido a “peina” da Moura, que era a sua bela cabeleira.

 

(in Lendas do Vale do Minho)

 

RETIRADO DE: PORTUGAL A NORTE

 

http://www.nortept.com/lendas.aspx?concelho=melgaço

 

O ALCAIDE-MOR DE MELGAÇO E OS CRIMINOSOS GALEGOS

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

A FRONTEIRA DO MINHO ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA GALAICO-MINHOTA,


NA IDADE MÉDIA

 

 

Por: Prof. Dr. José Marques

Estudos em homenagem a Luís António de Oliveira Ramos

Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004

 

 

   Anos mais tarde, precisamente, em 1500, era a Câmara de Melgaço que se dirigia a D. Manuel a pedir-lhe que se dignasse confirmar-lhe um acordo ou deliberação por ela tomada no sentido de manter a paz e a concórdia no âmbito deste concelho nortenho. Sabia a vereação melgacense que o ambiente social era perturbado quando alguns “galegos de capa en colo”, que tinham cometido nas suas terras crimes graves, como mortes, roubos, etc., escapavam para Portugal e vinham instalar-se em Melgaço. Afim de evitar que a presença destas pessoas provocasse situações de insegurança na vila e no concelho, foi decidido em reunião camarária que “por se escusarem yso mesmo outros inconvenientes de nosso serviço elles (os juízes e oficiais da Câmara) fizeram acordo em camará que os taaes galegos de capa en colo que os ditos malefícios graves no dicto regnnode Galiza cometessem non fossem consentidos nem acolhidos na dita villa”.

   O alcaide-mor do castelo de Melgaço, Pedro de Castro, que dava acolhimento aos referidos criminosos, opunha-se a esta deliberação camarária, pelo que a vereação expôs o assunto a D. Manuel I, pedindo-lhe que se dignasse confirmar o referido acordo. O monarca, apreciou o pedido e, tendo-o considerado “justo e honesto”confirmou-o e mandou que tais criminosos galegos não pudessem ser acolhidos nem permanecessem na vila nem, obviamente, no concelho de Melgaço.

   Embora o objectivo imediato fosse assegurar a paz e concórdia nesta localidade do Alto Minho, espaço aberto também os galegos que por bem viessem, esta medida visava claramente o combate aos crime e ao banditismo internacionais, que os portugueses do vale do Minho não toleravam, se é permitido usar esta linguagem.

 

Ler em: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5005.pdf

 

GUERRA DA RESTAURAÇÃO EM MELGAÇO E CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Montes Laboreiro

 

 

A GÉNESE DO JORNALISMO

 

JORNAIS PERIÓDICOS DO SÉCULO XVII EM PORTUGAL E NA EUROPA

 

GAZETA, PRIMEIRO PERIÓDICO PORTUGUÊS

 

 

Onze homens de Castro Laboreiro que estavam na trincheira viram no campo doze cavaleiros castelhanos que vinham em missão de reconhecimento e deram-lhes uma carga que mataram sete, aprisionando os restantes, tomando-lhes as armas e os cavalos, e mandaram-nos presos a Valença. Vinham atrás destes cavaleiros trezentos infantes e sem saberem o que tinha sucedido aos batedores atacaram a trincheira, mas os onze mosqueteiros lhes deram cargas com que mataram alguns, e os demais fugiram, (…) deixando mortos e (…) cativos (…) 31. Dos nossos ninguém perigou. (Novembro de 1641)

 

De Entre-Douro e Minho, no primeiro sábado deste mês, veio uma carta em que se avisa que um capitão de infantaria francês, tenente-coronel, enfadado da suspensão das armas e do grande ódio em que os soldados estavam na cidade de Braga, por causa do inverno, deliberou sair em campanha e entrar por terras dos inimigos, ele só com a sua companhia, para o que foi com muito segredo, persuadindo aos seus soldados (os quais eram todos portugueses que vieram da Flandres e da Catalunha); gastou oito ou nove dias em lhes dispor os ânimos e em prevenir pólvora, balas, cordas e tudo o mais que era necessário para reduzir a acto esta generosa deliberação. E um dia antes de amanhecer deu traça com ele, e os seus soldados saíram à desfilada e caminharam para Melgaço e daí foram marchando pela ponte das Varjas até que entraram na Galiza, destruindo e subvertendo e assolando tudo aquilo que com os olhos descobriram. Não ficou gado que não fizessem presa nem encontraram pelo caminho homem nenhum que não rendessem. (Março de 1642).

 

 

RETIRADO DE: htpp://gazeta.ufp.edu.pt

 

PORMENOR DA CAPELA DA ORADA

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

O JOGRAL DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DA ORADA

 

 

Situada perto de Melgaço, junto a via de comunicação para Compostela, a igreja de Nossa Senhora da Orada foi um importante centro de devoção na época. A construção actual remonta a meados de sec. XIII e terá seguido modelos disseminados a partir da Sé de Tuy, a quem estava subordinada (Rosas, 1987:49). Nos modilhões encontramos uma interessante variedade de representações, comuns no românico português: motivos geométricos e ornamentos vegetalistas; cabeças de animais domésticos e figuras humanas. Entre estas temos um musico, certamente um musico ambulante, que toca um instrumento de corda friccionada que, embora a representação seja bastante grosseira, parece tratar-se de uma viola medieval, pela configuração da caixa, indícios de abertura em C e pá de cravelhame em posição frontal. Não é um tema exclusivo da arte portuguesa, em que aparece com relativa frequência, mas também difundido noutras paragens como em Tauriac, numa imagem semelhante, no mesmo suporte, um modilhão, em que o musico aparece acompanhado de uma dançarina. Observando todo o conjunto da Orada, encontramos outros elementos que contribuem para construir um contexto em que a pratica musical profana, como é este caso, aponta para os efeitos perversos da arte dos sons. Embora não existam aqui representações de carácter obsceno, libidinoso ou exaltação dos prazeres físicos, no conjunto dos modilhões encontramos cabeças de caprino, os símbolos mais correntes da luxúria; um individuo sentado em cima de um barril, indicador de uma conduta de vida pouco saudável, de comportamentos desviantes; um personagem sentado, muito gordo, que poderá ser uma referência ao pecado da gula, entre outros.

 

Retirado de:

 

INSTITUTO DE ESTUDOS MEDIEVAIS

 

www.fcsh.unl.pt/iem/medievalista

 

ENTRE A PENEDA E O BARROSO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

 

ENTRE A PENEDA E O BARROSO: UMA FRONTEIRA

 

GALAICO-MINHOTA EM MEADOS DE DUZENTOS.

 

Por Iria Gonçalves

 

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   Mas, para que seja eficaz (fronteira) neste sentido, ela tem que ser bem definida, pelo menos nos pontos estratégicos, que, neste caso, coincidem com os lugares de passagem, os portos, fluviais ou terrestres, com as suas estruturas destinadas à cobrança de tributos.

   Assim também entre a Galiza e Portugal. A Norte ninguém tinha duvidas sobre por onde se corria a divisória. Era o rio Minho que a marcava, um traço suficiente forte e estável da paisagem, para se impor, desde logo, sem reservas. Aliás, do lado português, uma linha de povoações fortificadas, quase sobre a margem do rio, a balizar as vias de comunicação, os locais de passagem para a outra banda, eram, desde Afonso III e seu filho Dinis, a clara afirmação de uma soberania que até aí se dilatava e não merecia contestação. Pelo menos sem a resposta adequada.

   Mas a fronteira óbvia terminava na foz do Trancoso. A partir daí, se esse pequeno rio, com, mais a sul, o Laboreiro, ofereciam ainda alguma possibilidade de um claro registo de demarcação, no terreno, fizeram-no sem a força e a imponência do Minho, e, para lá deles, toda a separação se fez por serras, galgando encostas, caminhando por cumieiras, descendo a precipícios – como na Portela do Homem, o exemplo mais marcante – numa indefinição de linhas que a natureza do terreno, a fraca densidade populacional, o modo de vida dos seus habitantes, largamente dedicado à montaria de ursos, javalis ou cervos, ajudaria a manter. Aliás, os homens de Cabreiro, de Soajo ou de Castro Laboreiro, não perguntariam se era por terras da Galiza ou do Minho que perseguiam a sua presa. Possivelmente ser-lhes-ia quase toda indiferente como a ela, daber de lado da fronteira se encontravam. Esta era uma larga franja de terreno, tão larga quanto o seu distanciamento das estruturas fortificadas que a apoiavam, com os respectivos territórios de controle a envolverem-nas.

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   É que, se em tempos de paz a fronteira era aberta, amável, convivial, em tempos de guerra fechava-se, eriçava-se de hostilidades, eivava-se de desconfianças.

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   No extremo Norte, a praça forte de Melgaço erguia-se, por assim dizer, numa primeira demarcação do território português. Mas Melgaço estava mais virada sobre o Minho.

   Era uma fortaleza do rio.

   Na serra, o castelo do Castro Laboreiro era o que mais a Norte proclamava  a soberania de Portugal e o primeiro a sofrer os embates, numa eventual entrada de Leão por esta fronteira. Isolado e servido por um pequeno grupo de homens, como já disse, precisava do auxílio das populações vizinhas, em caso de perigo.

   Por isso, os homens de S. Pedro de Mou “se ouvirem voz d apelido do Castello de Leboreiro deven li a correr”, mas, em contrapartida, o seu alcaide, “se os vir in coita deve os acoler no Castello e inparal os”. Para isso lá estava a grande cerca, que fora construída, como outras , no século XII.

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Para aceder ao texto completo:

 

 http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3995.pdf

 

CONVENTO DAS CARVALHIÇAS II

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Convento das Carvalhiças - Melgaço

 

 

No Convento de Melgaço, nas alas viradas à fachada principal e na que lhe fica perpendicular, situavam-se os dormitórios e, provavelmente, a hospedaria, onde ainda é possível discernir a marcação das primitivas celas, divididas por estrutura de taipa ou tabique, com pavimento em soalho e coberturas de madeira. Surgem evidenciadas, exteriormente, através das janelas quadrangulares, dispondo-se, no enfiamento dos corredores dos dormitórios, as janelas regrais, do tipo varandim, com guarda de cantaria. O número de vãos e as divisórias subsistentes permitem sugerir que o dormitório virado à fachada principal possuía sete celas, não se fazendo conjecturas sobre o virado a Sudeste.

O primitivo foi concluído em 8 de Setembro de 1750, executados por pedreiros e carpinteiros de Lanhelas, desconhecendo-se os seus nomes. Contudo, o trabalho não terá ficado satisfatório e o rigor do Inverno deitou abaixo parte da ala das celas, obrigando os frades a confinarem-se a uma das zonas menos arruinadas, onde passaram esse período rigoroso, em comunidade, numa clara, mas necessária, infracção da Regra, que estipulava a existência de celas individuais. No início de 1751, tiveram que solicitar a presença de mestres provenientes de Viana da Foz do Lima, para executarem os telhados dobrados, devido ao rigor do clima no local. Com Frei Félix de Santa Teresa (? – 1803), procedeu-se à divisão de mais celas e a colocação de soalho no corredor do dormitório em 1756. (56) (75) (76)

56 – A portaria viria a sofrer obras, subsequentes: em 1750, um pedreiro executou as escadas da entrada (4$800), (mil reis), tendo sido caiada em 1755 (5$050), a que se sucedeu a pintura dos caixilhos das janelas, em 1759 (2$400). A obra mais importante foi o seu lajeamento, em 1763 (17$000).

75 – É possível que se trate dos mestres António e Luís de Lanhelas ……

76 – E haja um claustro, onde cada um tenha uma pequena cela para orar e dormir (Fontes Franciscanas …. 2005, p.173).

 

Retirado de:

 

Htpp:/repositório.ul.pt/bitstream

 

Ana Paula Valente Figueiredo

 

Tese de doutoramento em Arte, Património e Restauro

 

FLUL – Lisboa 2008

 

CONVENTO DAS CARVALHIÇAS I

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

OS CONVENTOS CAPUCHOS DA PROVINCIA DA CONCEIÇÃO À LUZ DA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA E DA REGRA CAPUCHA – ANÁLISE

 

ARQUITECTÓNICA

 

 CONVENTO DA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO de Melgaço encontra-se bastante bem documentado, sendo possível determinar as datas de execução de praticamente todo o edifício e as reformas que foi sofrendo ao longo do sec. XVIII, resultando em três campanhas de obras perfeitamente definidas, correspondendo à da sua construção, uma ampliação datada de meados do século e da reforma de alguns elementos da fachada na década de 60 da mesma centúria, a qual se alargaria a várias zonas do Convento.

A primeira pedra da igreja foi lançada em 10 de Outubro de 1748, tendo sido construída conforme planta cedida pela Ordem (-----), desconhecendo-se a sua estrutura primitiva, mas cremos que seria de menores dimensões que a actual………..

Os planos do novo templo iniciaram-se a 29 de Setembro de 1757, com a primeira pedra benzida em Fevereiro de 1758, correndo as obras rapidamente, pois a igreja seria inaugurada a 13 de Abril do mesmo ano. Surge implantado em local distinto do anterior, sobre “ (…) um lajão que servia de eira com sua casa para recolher palhas, que tudo tinha rematado por uma dívida de 30 000 réis o Capitão Manuel Gonçalves Gomes, da Vila de Caminha, e a deu de esmola aos religiosos, como antes disto ficava tão distante se serviam da eira e juntamente do palheiro, não só os vizinhos, e quem se queria aproveitar deles para as suas colheitas, mas também aqueles: quorum Deus vente resto: para nelas fazerem sacrifícios a Baco, e a Vénus, de noite e de dia.

No dia 30 de Maio de 1749, iniciou-se a construção do núcleo conventual, provavelmente térreo. Esta estrutura não chegou  aos nossos dias, uma vez que a ampliação da igreja, obrigou à reconstrução do núcleo conventual anexo, tendo-se iniciado as obras, por iniciativa de Frei Francisco do Rosário, que tomou posse em 13 de Junho de 1765.

……………………………………………………

Assim, a figura de Frei Diogo da Purificação foi essencial nos Conventos de Melgaço e São Francisco de Viana……

Frei Paulo foi o responsável pela remodelação da fachada de Melgaço…….

A Frei Francisco da Trindade, devem-se várias obras em Melgaço……..

 

Htpp:/repositório.ul.pt/bitstream

 

Ana Paula Valente Figueiredo

 

Tese de doutoramento em Arte, Património e Restauro

 

FLUL – Lisboa 2008