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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

O CHOCOLATE DA NOIVA

melgaçodomonteàribeira, 02.06.18

33 b2 - igreja facho cristóval.JPG

igreja do facho  cristóval

 

O CARVALHO DA IGREJA

 

Não posso deixar de falar sobre o Carvalho da Igreja que se encontrava à margem de estrada naquele pequeno recinto onde hoje se encontra o fontanário.

Não me lembre de ter visto outro carvalho de porte igual ou semelhante. Devia ter mais de um metro de diâmetro.

Era neste secular carvalho, que se encontrava à margem da estrada, que se afixavam os avisos. Fazia de vitrina informativa local.

Tal como nós, as árvores também têm o seu ciclo de vida, também morrem. Apenas como ponto de referência para muitos encontros.

Há cerca de cinquenta anos, quando os namorados resolviam casar, iam ter com o padre para dar andamento aos papéis para o seu casamento.

O padre, cumprindo todas as formalidades, dava início ao processo do casamento. Na posse de todos os dados de identificação dos nubentes, durante duas ou três semanas, na missa dominical, tornava público o casamento dos nubentes. Simultaneamente, advertia os ouvintes que caso tivessem conhecimento de algum motivo fundamentado que levasse ao impedimento do casamento tinham o dever moral de o informar.

Além disso, era afixado aviso na porta da igreja ou no dito «Carvalho». Após tornado público, o casamento dos nubentes passava a ser notícia local. A partir daí, era costume as pessoas dizerem, fulano e fulana, é verdade que vão casar, já têm «os banhos a correr na igreja». Se, durante o período que decorriam os banhos, não surgisse nenhum impedimento fundamentado, o casamento realizava-se, caso contrário era impedido.

O motivo mais fundamentado eram as queixas de outra rapariga dizendo ter sido enganada pelo nubente. Ou então acusando a nubente de má conduta moral, não reunindo condições de dignidade para ser uma mulher casada.

Entre outros motivos, eram estes os mais fortes, aqueles que normalmente levavam a Santa Igreja ao impedimento de alguns casamentos.

Acerca dos casamentos que outrora se realizavam nas nossas aldeias não posso deixar de realçar uma tradição muito antiga que se perdeu no tempo.

Há cinquenta anos atrás, até meados do século XX, a boda do casamento era feita na casa dos pais da noiva para todos os convidados, hoje em dia os banquetes são feitos em restaurantes.

Quando corria a notícia que uma rapariga ia casar, as pessoas perguntavam-lhe:

- Então vais-nos dar o chocolate?

À qual a suposta noiva respondia afirmativamente ou não.

Assim para manter uma prática muito antiga, era costume na dia da boda de manhã, ao pequeno almoço, dar chocolate acompanhado com doces a todos os convivas. Para os não convidados do lugar e vizinhos mais próximos, as cozinheiras e suas ajudantes transportavam na mão cafeteiras com chocolate e doces numa cesta ou açafate, fazendo a distribuição porta a porta.

Assim se vão perdendo a pouco e pouco as tradições e costumes das nossas aldeias.

 

Melgaço, Minha Terra – Minha Gente

Histórias de um Marinheiro

José Joaquim da Ribeira

Edição: Câmara Municipal de Melgaço

              José Joaquim da Ribeira

2006

pp. 57, 58

 

O LINHO NOS CANTARES DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 22.06.13

 

 Festa da Cultura - Melgaço

 

O LINHO NOS CANTARES E NA ETNOGRAFIA REGIONAL

 

Por: Guilherme Felgueiras

 

 

Tenho uma roca de pau de figueira,

Diz minha mãe qu’eu sou fiadeira.

Diz meu pai: - «Casar, casar!»

Diz minha mãe que não hai que le dar.

 

Diz meu pai: «um carneirinho.»

Diz minha mãe que está bravinho.

Diz meu pai: «Amansaremo-lo».

Diz minha mãe: «Assim le faremos!»

 

VARIANTE:

 

- Tenho uma roca de pau de figueira;

Diz minha mãe que não sou fiandeira;

Diz meu pai: «Casar, casar!»

Diz minha mãe que não tem que me dar.

Diz meu pai, que me dá uma cabra,

Diz minha mãe, qu’ela que é brava.

Diz meu pai que a amansaremos;

Toca, gaiteiro, que nós dançaremos!

 

 

Nossa Senhora m’ajude,

Ela me queira ajudar,

A espiar a minha roca

E a torná-l’a a carregar.

 

Retirado de:

 

http://gib.cm-viana-castelo.pt/documentos/20080807142933.pdf