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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

FRONTEIRA HISPANO-PORTUGUESA

melgaçodomonteàribeira, 29.04.23

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LA FRONTERA HISPANO-PORTUGUESA

ESTUDIO DESCRIPTIDO Y MILITAR

José de Castro y Lopez

RAYA POR EL RIO BARJAS

Al dejar el Miño de marcar el limite internacional, sube este por el Taluveg de su afluente el rio Barjas hasta cerca de su nacimiento. Corre el Barjas en lecho estrecho y pedegroso por entre montañas, con márgenes elevadas y poco caudal de aguas, siendo por lo tanto vadeable. Nace en la sierra de Laboreiro y sigue la direccion de S. á N. dando movimento á algunas aceñas.

Forman sus márgenes, en Portugal, la áspera sierra de Fiaes, y en España las no menos ásperas descendencias de la de Laboreiro y Penagache; lo cual hace que este terreno sea practicable sólo á la infanteria. En ellas, así en uno como en otro reino, asientan bastantes pueblos; pero todos pequeños y de escasos recursos, siendo el principal el portugués de San Gregorio, donde se encuentran algunas tiendas de comercio y comestibles, de las que se surten las poblaciones inmediatas, así españolas como portuguesas.

Los caminos que cruzan este rio y ponen en comunicacion á ambos países son de herradura y carretas, pero de muy mal tránsito por lo quebrado del terreno. Los más importantes son dos: el que pasa el rio por el vado de Porto de Cavalleiros, para llegar á Alcobaça, y el que lo verifica por el ponton de madera sin pretiles, llamado puente Barjas y conduce á San Gregorio, Melgaço, Monção, etc. Es de advertir que los caminos indicados y casi todos los de la provincia de Orense por los que transitan las carreteras del país, son propiamente de herradura.

RAYA ENTRE LOS RIOS BARJAS Y CASTRO

Al abandonar la línea divisoria el rio Barjas, sube á ganar las mesetas de la sierra de Laboreiro, trazando en su trayecto una curva conexa hácia España, cuyo desarrollo seria de 21 kilómetros hasta encontrar al rio de Castro.

Esta sierra y la de Penagache son ramificaciones de la de San Mamede en Galicia, que siguen luego en Portugal con las denominaciones de Montes de Soajo y Gabieira, formando la divisoria de aguas entre Miño y Limia, yendo á morir entre Vianna y Caminha. Es la sierra de Laboreiro de bastante elevacion sobre el nivel del mar, y sus mesetas suaves y despejadas tienen algunas peñas graníticas, pero sus vertientes son sumamente escabrosas. En invierno se sienten en ella fuertes ventisqueros, que unidos á la nieve que corona sus cumbres, impiden que las aldeas inmediatas á la cima sean habitables en aquella estacion, teniendo sus moradores que trasladarse á otros pueblos más bajos situados en las orillas del rio de Castro, durante los meses más rigorosos.

Muchos caminos cruzan la frontera por esta sierra, conduciendo todos al pueblo português de Castro Laboreiro, cabeza de feligresía, situado en la concavidad que forma la línea limite. Por algunos de ellos van las carreteras del país, pero son de herradura y de muy mal tránsito para las caballerías por abundar en piedras sueltas.

Los pueblos españoles y portugueses colindantes, son miserables, encontrándose unicamente en Castro Laboreiro tres pequeñas tiendas de comestibles, de las que se surten los de las inmediaciones.

RAYA POR LOS RIOS DE CASTRO, BARCIAS Y OLELAS

El rio de Castro, que despues se llama Barcias y Olelas, sigue formando la línea fronteiriza hasta su confluencia com el Limia. Su caudal es escasso y corre entre montañas haciéndose cada vez más elevadas y escrabosas sus márgenes, á medida que adelanta en su curso. Por España las formam la sierra de Quinjo y por Portugal los montes de Soajo. Su paso á vado se hace sumamente penoso y sólo practicable á gente de á pié, por la dificultad de llegar a sus orillas.

Todo este terreno es inculto, solitário y sin caminos, con sólo algunas sendas de pastores e contrabandistas.

El miserable lugar de Olelas es el único que existe á las inmediaciones de este rio en la parte de España, siendo varios los que hay en la márgen portuguesa, pero de las mismas condiciones infimas.

RIOS, REGATOS E CORGAS MELGACENSES

melgaçodomonteàribeira, 04.08.20

 

O MOURO E OUTROS RIOS

Este rio que, segundo li não me recorda já onde, em tempos antigos se teria chamado Urgedo – de urze, que corre entre matagais desta ericácea – nasce também no sítio do Gavião Grande, perto de Alcobaça; atravessa a antiquíssima povoação de Lamas do seu nome, onde, um tudo nada a jusante, junto à vetusta, típica e pitoresca ponte romana, recebe as águas de dois ribeiros, que de poente para nascente lhe vem ao encontro, cujas fontes são, respectivamente, na Portela do Lagarto e na Chã dos Fetos (cume da montanha 1216 metros de altitude).

Daqui, descrevendo um grande círculo no sentido Sul-Norte-Poente, na sua margem esquerda, molha as freguesias de Parada do Monte e Gave, e, na direita, as de Cubalhão e Cousso, recolhendo como tributários mais importantes em terras de Melgaço o Regato de Cubalhão e o Medoira(?) o Mourim(?) de Parada do Monte. A partir de Tangil, ruma novamente directa e francamente ao Norte, indo confluir no Minho, junto a Ceivães povoação outrora chamada Mouro de Juzano; isto é: Mouro de Baixo, ou de Jusante, em oposição a S. Pedro de Um ou Mouro hoje Riba de Mouro freguesia que se nenhuma vez se denominou Mouro de Susano… chamou-se Cima de Mouro, isto em oposição a Mouro de Baixo. Os chamadiços Riba de Mouro e Ceivães, ou melhor Seivães, como se escrevia no século passado, ainda não ganharam patina, pois são de origem recente, e significam: Riba = margem, e Seivães = seivas, verduras, etc. Como se vê, crismas com seu que de poesia; mas, cem por cento, acertados.

O rio Mouro é riquíssimo em trutas, mas também aqui los aficionados não deixam por pé em ramo verde a estes tão saborosos salmonídeos.

O Folia – Da arquisecular ponte romana da Folia recebeu este rio o seu crisma; não obstante abundarem documentos oficiais onde se chama regato de Remoães…

É ele formado, junto ao balneário das Termas, por dois regatos a saber: ao da esquerda, que nasce em Pomares, Paderne, chamam-lhe Lages ao passar por Crastos e Peso no sítio deste nome; e o da direita, que nasce por cima da Rasa de S. Paio, tem o nome de Lavandeiras no Pontilhão e suas proximidades, e Martingo a partir de Cortinhas. In Águas Minero-Medicinais de Melgaço, o prof. Charles Lepierre chama-lhe Ribeiro de Bouça Nova, porém onde ele foi buscar esta denominação não sei. Deste é seu principal tributário (no inverno que no verão o seu caudal é bem aproveitado para regar as terras…) a Corga de Pontizelas, e a partir do Pontilhão até ao pavilhão das Termas ou seja precisamente por onde há menos de cem anos corria a desviada Corga de Varzielas limita as freguesias de prado e Paderne, e daqui até à sua foz, que dista 900 metros e tem, a cota de 85 ditos, a última é de Remoães.

Por último, vejamos agora o Pontepedrinha, assim denominado da ponte de pedra do mesmo nome ponte que também crismou o local.

Este rio, cuja foz é no sítio chamado Freijoas donde sai a famosa represa de Fontenlas, que a tradição diz ter sido delineada e cavada por dois irmãos de Remoães, para fertilizar terras da sua freguesia é também formado com água de dois regatos, confluentes nas Várzeas: o S. Lourenço e o Bulegães, ou Regato da Vila, como vulgarmente é mais conhecido.

Destes cursos de água, o primeiro, o S. Lourenço, tem as suas respectivas fontes em Cavaleiro Alvo e em Loviô; deste lugar até ao Porto do Carro, extrema as freguesias de Rouças e S. Paio; dali até à Ponte de S. Lourenço, aquela e a de Prado, e daqui até à Pontepedrinha esta e a da Vila. É um dos mananciais mais fertelizantes do concelho de Melgaço, donde sai um ror de represas, entre as quais as mais importantes são as do Escourido, em S. Paio; a de Canles, em Roucas, e a de Alça-pernas em Prado. E é também o que mais moinhos faz mover, pois para cima de vinte destes engenhos tenho eu conhecimento, não incluindo os arruinados e desaparecidos.

Quanto ao segundo e último Rio do Porto, Bulegães, Mejanços, ou Souto dos Loiros, como lhe chamou José Augusto Vieira, no seu Minho Pitoresco, ao passar por Cavaleiros, ou ainda S. Mamede, como se denomina em certo documento do século XIII (prova provada que a ermida deste Santo já existia no monte do mesmo nome naquela época…) quanto ao segundo e último, dizia, nasce em Fiães, por cima do Outeiro da Loba (771 metros de altitude), onde em 18 de Julho de cada ano, comparecem os respectivos utentes da Vila, Roucas e Chaviães, para aí tomarem conta, e dividirem entre si em partes iguais, durante o período chamado das sete semanas, as águas do Ranhadouro.

De todos os cursos de água do concelho, é este o que desde sempre mais sarilhos e discórdias tem provocado, até com dares e tomares na justiça; e, isto pelo simples motivo de «na casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão». Quero dizer: o seu caudal é insuficiente para regar a área que dele depende, o que se podia remediar com a construção de duas ou três albufeiras, onde se julgasse mais conveniente. A sugestão aí fica…

Como pude e soube, cheguei ao fim. Releio agora tudo quanto fica para traz e chego à conclusão de que bom serviço prestaria à nossa terra quem limasse as muitas arestas e suprimisse as grandes deficiências destes meus pobres e despretensiosos linguados.

 

  1. Júlio Vaz Apresenta Mário
  2. Júlio Vaz

Edição do autor

1996

Pág.s 84, 85, 86