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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

A REPRESIÓN FRANQUISTA EN GALICIA

melgaçodomonteàribeira, 29.06.24

932 b Castelao_1.jpg

desenho de castelao

REFUXIADOS E GUERRA CIVIL NA FRONTEIRA ENTRE OURENSE E PORTUGAL

Ángel Rodríguez Gallardo

IES Pazo de Mercé

O réxime buscou outros médios para modificar a situación deses refuxiados. Un bando firmado o 6 de setembro de 1938 por Germán Gil Yuste, xeneral de división e xefe da Oitava Rexión Militar indicaba que se concedia “un plazo improrrogable de 15 días a partir de la fecha de este para cuantos indivíduos de los que tomaron parte más o menos activa en la revolución marxista, y se hallen todavía huidos en alguna de las zonas montanhosas de la Región, puedan presentarse en la seguridade de que no recicibirán daño alguno si no han cometido delito por lo que tengan que responder ante nuestros Tribunales de Justicia, que jamás se ensañan con los que han de juzgar, lemitándose en su función al estricto cumplimiento da la Ley”. Ademais, os familiares deses fuxidos ou calquera outra persoa que lles axudase, facilitándolles alimentos, roupas ou novas dos movimentos das forzas encargadas da súa persecución, serián severamente sancionados. Esta estratexia debeu ter efecto entre as filas do continxente de refuxiados porque algúns preferiron entregarse pola presión que exerceron sobre os seus familiares.

Co remate da guerra as condicións para introducirse en territorio portugués endurécense. Así, para entrar en Portugal se lle solicita ós estranxeiros pasaporte (con selo da PVDE), título de residencia, billete de identidade visado anualmente ou certificación de inscripción consular para o caso dos españois.

En abril de 1940 aínda a Embaixada española en Lisboa mostra a súa preocupación sobre algúns refuxiados españois que están a cometer roubos a man armada e que, unha vez cometidos os delictos, se internan en Portugal. Nese mesmo mes reforzase tanto do lado portugués como do lado galego a presencia de tropas para vixilar e perseguir ós fuxidos españois. No concello de Entrimo establécese unha compañia enteira de infantería con pequenos destacamentos comandados por sarxentos nas pequenas poboacións da fronteira.   

Aínda en setembro de 1940 vaise organizar un operativo desde o posto fiscal de Castro Laboreiro para proceder á captura dos refuxiados españois que, nos Ribeiros, se encontran armados, sabendo que é empresa moi complicada e que sería preciso unha forza de dezaséis homes para reducir a un grupo de seis refuxiados españois que se encontran armados.

En realidade, ata o finais da década de cuarenta a presencia de fuxidos españois nas serras ó redor de Castro Laboreiro é moi evidente, amparándose, como afirmaba o xefe dun destacamento da Guarda Nacional Republicana portuguesa recrutado para acabar coa presencia de refuxiados na freguesía de Castro Laboreiro:

“Uma batida completa á serra, dada a imensidade desta, exigiria milhares de homens e, em virtude da carência de estradas e caminhos capazes e da falta de recursos, julgo-a impracticável. Enquanto aquela região, pela ausência quasi completa de vias de comunicação, estiver, como está, isolada do resto do País, será sempre um possível refúgio, a que dá imensas facilidades a natureza montanhosa do terreno, formado por enormes montanhas, sulcado de ravinas (barrancos) que são verdadeiros precipícios, frequentemente coberto de gigantescos penedos de caprichosos recortes, e, em muitos sítios, coberto de carvalheiras, giestais de três e quatro metros de altura, urzes, e outra vegetação selvagens. A população vive a vida mais miserável que é possível imaginar-se; as habitações são choças imundas onde as pessoas vivem na mais repugnante promiscuidade com os animais. As culturas, de centeio e batata, únicas que ali se fazem, não chegam para o consumo dos habitantes, e desenvolvem-se lentamente e com dificuldade. Até há pouco tempo, os homens emigravam em grande quantidade para Espanha e França, e, com o produto de seu trabalho nesses países, sustentavam as suas famílias; mas, desde que começou a guerra de Espanha, essa emigração acabou, o que veio agravar extraordinariamente a situação daquela gente. Pelo atrazo em que a população se encontra, pode afirmar-se que fazer uma viagem a Castro Laboreiro corresponde a recuar alguns séculos no tempo. Afirma o abade da freguesia que quasi todos os seus habitantes são comunistas, porque não frequentam a igreja. O que eles são, com certeza, é miseráveis e analfabetos; mas a irreligiosidade daquela gente já era um facto quando ainda se não falava em comunistas. O auxílio que os habitantes tenham prestado aos refugiados explica-se talvez melhor pelo facto de, dado o isolamento em que a freguesia está do resto do País e até do concelho, as suas relações normais serem feitas desde longa data com os espanhóis”.

ACTAS DO CONGRESO DA MEMORIA

Náron, decembro de 2003

www.memoriahistoricademocratica.org

932 c Seoane_1.jpg

desenho de seoane

 

 

ANTIFRANQUISTAS EM CASTRO LABOREIRO E MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 11.01.20

P1090625 Américo Rodrigues e unha testemuña da v

    américo rodrigues e uma testemunha da vida arraiana em melgaço na época das ditaduras

 

REFUGIADOS E GUERRILHEIROS ANTIFRANQUISTAS EM CASTRO LABOREIRO (1936 – 1943)

 

 Américo Rodrigues (1)

Castro Laboreiro, 25.05.2017

 

A freguesia montanhosa é rodeada a norte, nascente e sudeste pela Galiza – várias comarcas – perfazendo a raia seca entre Minho e Lima, traçada desde o marco 2 ao 53. No sul da freguesia, a fronteira é riscada pelo rio Laboreiro, desde Mareco ao sul do Ribeiro de Baixo. Pela sua situação geográfica, nos anos trinta, o contrabando era a principal indústria local. Em 1936 existiam três postos de Guarda Fiscal (GF): Portelinha (saída da freguesia em direcção a Melgaço), Vila (central) e Ameijoeira, junto ao marco 52 e 53. Fora da freguesia, bem perto, o posto de Alcobaça.

Nos anos 70, nas inverneiras, os caminhos eram empedrados e a luz era de candeia. À época, minha avó materna tinha teto de colmo. Era normal os vizinhos juntarem-se à troula (2) para matar o tempo invernal nas noites mais longas. Depois da ceia castreja (3), os contos nos escanos, junto ao lume, eram para todos os gostos. Ocupavam o palco brilhantes narradoras, nascidas nos primórdios do século XX. O guião histórico e cultural era sempre riquíssimo. É verdade, nestas terras altas, discorrendo sobre assuntos do terrunho, as mulheres sempre foram mais sábias que os homens, condenados desde tenra idade às agruras da emigração. A guerra civil de Espanha (1936-1939) por vezes vinha à baila. Os “roxos” (4), sem saber na verdade quem eram, os falangistas ou Francisco Franco, que tinha o nome do meu avô paterno – Francisco Rodrigues falecido numa pedreira de Paris em 1933 -, começaram a fazer parte do meu léxico.

Os dois esconderijos de refugiados mais próximos do lugar do Barreiro, a Gruta dos Refugiados do Piorneiro (na verdade dois sítios), e a Lapa da Ponte Cimeira, em frente ao monte da Fraga, eram referências obrigatórias. Alguns vizinhos, principalmente rapazes novos, tinham levado comida aos galegos que estiveram nesses locais. No Piorneiro estiveram homens fortemente armados. Chegaram a fazer um carro de vacas para particular. Quem não faltava também, nesses passos nostálgicos, eram os escapados que acolheu a vizinha da minha criação, Isabel Domingues, a tia Carvalha, também Valenciana, no Barreiro e em Queimadelo, lugar onde a tia Monteira também os recebia. Estes desesperados muitas vezes ajudavam na economia do lar, com víveres ou dinheiro. Contribuir com trabalho braçal era raro pela excessiva mão de obra (5) existente naquele período e pela pobreza dos sítios.

Eu imaginava a gabada beleza da professora Eudosia Lorenzo Diz, “a Maestra”, denunciada de forma covarde e aprisionada a 17 de maio de 1938, juntamente com os seus progenitores, pelo chefe da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE, de 1933 a 1945) do Peso, acompanhado de guardas do Posto de Portelinha, no lugar do Rodeiro, onde  ensinara as primeiras letras às crianças que a procuraram, na casa de António Domingos Rendeiro.

Salvou-se milagrosamente e rumou a Marrocos, via Lisboa, em 10 de agosto de 1938. Tinha chegado a Castro Laboreiro em 20 de julho de 1936.

Rosaura Rodriguez Rodriguez, refugiada, apesar da jovialidade, já tinha quase 80 anos, morava numa casinha feita pelos vizinhos no lugar de Açureira, a 200 metros da minha escola primária de inverno. Era de Bouzadrago, aldeia galega que dista poucos quilómetros. Optara por ficar para sempre no lado português. Desaparecida a loja permanente do tio Bernardo no lugar, quando os vizinhos subiam às Brandas esta mulher, aparentemente singela, ficava sozinha, rodeada de carvalheiras durante muitos meses. Sem medo algum, dava que cismar aos mais novos, era uma vida de mistério e coragem.

Fascinou-me sempre o episódio da morte violenta do guarda fiscal na taberna da Macheta, Vila de Castro Laboreiro. É verdade que fui educado a desconfiar de guardas mas, seria correcto os contadores da tragédia não condenarem o crime de forma inequívoca? O atirador teve poiso em Várzea Travessa, Barreiro (casa da tia Carvalha) e Ribeiro de Cima, suspeitava-se que era um oficial importante da aviação, apresentava-se de forma impecável, fato e gabardina, muito educado, tinha escola, diziam os castrejos que com ele privaram. Era conhecido por Manolo, o Dente de Ouro. Depois do trágico acidente foi confrontado pelas autoridades no Ribeiro de Cima. O perfil, desaparecer sem deixar rasto, e o acontecimento brutal e decisivo que colocou as autoridades definitivamente no encalço dos refugiados, ficou para sempre na memória da freguesia.

Os galegos que prenderam no Bago de Baixo foram fuzilados. A guarda cercou o lugar e foram encontrados na côrte das vacas na casa dos Negritos. Estavam na moreia do estrume (6), roçado no monte e destinado à cama dos animais. Usaram estacas de ferro para os procurar e fazê-los sair.

Júlio Medela, refugiado da Lobeira casou no lugar de Formarigo, os filhos frequentaram a escola e os bailes casadoiros com os nossos pais.

Contavam-se fatias de assaltos violentos a lojas galegas nos anos 40, realizados por alguns escapados. Os atracadores usavam armas de guerra. O Rizo e Enrique, o Médico, eram nomes famosos.

Na minha criação, estas e outras referências a nomes, profissões, locais e episódios, ainda abundavam por toda a freguesia.

A Guerra Civil de Espanha de alguma maneira fez parte da minha meninice. Há muito que o tema me fascina, anda na minha cabeça, algumas vezes pensei em escrever sobre o assunto, mas tinha algum receio, porque me faltavam dados e, principalmente não valorava convenientemente a temática.

 

(1) Docente de informática. Administrador de Sistemas Informáticos.

Áreas de formação (Universidade do Minho): Informática, Matemática e Educação.

Co-Fundador do Núcleo de Estudos e Pesquisa Montes Laboreiro.

(2) Serão nocturno de convívio.

(3) Jantar.

(4) Alguém politicamente das esquerdas.

(5) Centenas de homens que emigravam normalmente para Espanha e França estavam junto à família.

(6) Em Castro, mato constituído de tojos, carqueijas, etc.

 

BOLETIM CULTURAL DE MELGAÇO

Nº 10

2018

pp. 168-172

 

HOMENAGEM A PEPE VELO EM MELGAÇO

 

P1090611 Presentación do acto.JPG

 apresentação do evento

 

P1090618 Momento do descubrimento do  monolito.JPG

 descerrar do monolito

 

P1090632 Representante Deputación de Pontevedra.J

 representante deputación de pontevedra

 

P1090634 Representante Cámara de Melgaço.JPG

 representante câmara municipal de melgaço

 

P1090621 Xosé González Martínez (Asociación Lo

 xosé gonzález martínez - asociación lois peña novo

 

P1090627 Antonio Piñeiro,  estudoso de Pepe Velo

 antonio piñeiro estudoso de pepe velo e traballa na casa do concello de celanova

 

P1090649 Público en xeral o día da inauguración

fotos cedidas pelo senhor xosé garcia 

 

A PÁGINA ON-LINE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MELGAÇO, PORTAL MUNICIPAL DE MELGAÇO, NÃO DEDICOU UMA ÚNICA LETRA A ESTE EVENTO QUE FOI PATROCINADO PELA PRÓPRIA CÂMARA.

ACTAS I CONGRESO MEMORIA HISTÓRICA - IIII

melgaçodomonteàribeira, 20.05.15

Portos, Castro Laboreiro

 

(continuação)


En abril de 1940 aínda a Embaixada española en Lisboa mostra a súa preocupación sobre algúns refuxiados españois que están a cometer roubos a man armada e que, unha vez cometidos os delictos, se internan en Portugal. Nese mesmo mes refórzase tanto do lado portugués como do lado galego a presencia de tropas para vixilar e perseguir ós fuxidos españois. No concello de Entrimo establécese unha compañía enteira de infantería com pequenos destacamentos comandados por sarxentos nas pequenas poblacións da fronteira.
Ainda en setembro de 1940 vaise organizar un operativo desde o posto fiscal de Castro Laboreiro para proceder á captura dos refuxiados españois que, nos Ribeiros, se encontran armados, sabendo que é empresa moi complicada e que sería preciso unha forza de dezaséis homes para reducir a un grupo de seis refuxiados españois que se encontran armados.
En realidade, ata o finais da década dos cuarenta a presencia de fuxidos españois nas serras á redor de Castro Laboreiro é moi evidente, amparándose, como afirmaba o xefe dun destacamento da Guarda Nacional Republicana portuguesa recrutado para acabar coa presencia de refuxiados na freguesía de Castro Laboreiro:

“Uma batida completa à serra, dada a imensidade desta, exigiria milhares de homens e, em virtude da carência de estradas e caminhos capazes e da falta de recursos, julgo-a impraticável. Enquanto aquela região, pela ausência quase completa de vias de comunicação, estiver, como está, isolada do resto do País, será sempre um possível refúgio, a que dá imensas facilidades a natureza montanhosa do terreno, formado por enormes montanhas, sulcado de ravinas (barrancos) que são verdadeiros precipícios, frequentemente coberto de gigantescos penedos de caprichosos recortes, e, em muitos sítios, coberto de carvalheiras, giestais de três e quatro metros de altura, urzes, e outra vegetação selvagem. A população vive a vida mais miserável que é possível imaginar-se; as habitações são choças imundas onde as pessoas vivem na mais repugnante promiscuidade com os animais. As culturas, de centeio e batata, únicas que ali se fazem, não chegam para o consumo dos habitantes, e desenvolvem-se lentamente e com dificuldade. Até há pouco tempo, os homens emigravam em grande quantidade para Espanha e França, e, com o produto do seu trabalho nesses países, sustentavam as suas famílias; mas, desde que começou a guerra de Espanha, essa emigração acabou, o que veio a agravar extraordinariamente a situação daquela gente. Pelo atraso em que a população se encontra, pode afirmar-se que fazer uma viagem a Castro Laboreiro corresponde a recuar alguns séculos no tempo. Afirma o abade da freguesia que quase todos os seus habitantes são comunistas, porque não frequentam a Igreja. O que eles são, com certeza, é miseráveis e analfabetos; mas a irreligiosidade daquela gente já era um facto quando ainda se não falava em comunistas. O auxílio que os habitantes tenham prestado aos refugiados explica-se talvez melhor pelo facto de, dado o isolamento em que a freguesia está do resto do País e até do concelho, as suas relações normais serem feitas desde longa data com os espanhóis.” *

 

*ANTT, Ministério do Interior. Gabinete do Ministro. Livº 2. Sect PV. Fol. V. Nº 3. Iniciado em 20-6-1938. Serviços de exploração da serra da Peneda, com o fim de capturar emigrados espanhóis.

Agradezo as suxerencias realizadas a este traballo polo professor e compañeiro Xosé Ramón Quintana Garrido.


Naron, 2003
Ángel Rodríguez Gallardo

www.memoriahistoricademocratica.org

 

ACTAS I CONGRESO MEMORIA HISTÓRICA - II

melgaçodomonteàribeira, 13.05.15

O fardel da guerra

Dibujo de Conde Corbal Carpeta

 

(continuação)

 

 

A PVDE sabe da presencia en Castro Laboreiro de varios refuxiados na inverneira de Cainheiras, no lugar fixo de Portelinha, etc. Os falanxistas españois introducíronse en territorio portugués com asiduidade desde as primeiras datas da sublevación, mesmo obrigando a intervención da Comandancia Militar de Ourense que se viu na necesidade de castigar preventivamente a eses elementos incontrolados.

Son moitas as notificacións das policías portuguesas sobre a presencia de “refugiados comunistas espanhóis” entre a fronteira de Ameijoeira e Castro Laboreiro: o grupo formado por Manolo O do Dente de Ouro e o expolicía da Generalitat de Cataluña Ramón Yañes Pereira O Médico, que se movían por toda a freguesía de Castro Laboreiro, xunto coa amante deste último, Rosa Alves A Africana, veciña de Ribeiro de Baixo, e nai de catro contrabandistas; fuxidos perseguidos insistentemente pola policia portuguesa e considerados peligrosos como o comunista de Bande Felisindo Lopez Pazos e José Alemany; outros fuxidos menos significados como José de Sousa “O Gaiteiro”, natural de Pereira (Entrimo), etc. Naquela extensa área que vai desde Alcobaça ata Ribeiro de Baixo estabeleceuse unha persistente vixilancia, que, sen embargo, resultaba demasiado ampla e difícil de controlar polos obstáculos naturais e a facilidade de refuxios, a meirande deles furnas ou grutas, que topaban os fuxidos na serra cando eran perseguidos.

Desde os postos de Portelinha e Castro Laboreiro tratouse de localizar e capturar ó refuxiado Pepe Trabazos, protexido por unha cidadá portuguesa residente na branda de Queimadelo, quen coa chegada do inverno trasládase a inverneira no val de Pereira, mentres o seu protexido mantense arriba na branda. A policía portuguesa sigue organizando batidas, algúns dos refuxiados preocupan máis ca outros. Ás veces son grupos de sete ou oito policías. Os primeiros días de decembro de 1936 o tenente de infantería Fernando José Lopes destina un grupo de homes ós postos da serra e a Ribeiro de Baixo para averiguar sobre a “capitana dos refuxiados españois” daquela poboación, a devandita Rosa Alves. Nos dous Ribeiros, de Cima e de Baixo, lugares fixos, lévase tempo notando a presión policial. A PVDE captura a Rosa Alves A Africana o 26 de outubro de 1937, moi popular no val de Pereira e com familia na aldea arraiana de Olelas, fronte do lugar fixo da Várzea. A comunicación secular entre os dous Ribeiros e as aldeas entrimeñas de Bouzadrago e Pereira tiñan fomentado a criación de roteiros vinculados ó contrabando, empregados polos familiares dos escapados para abastecelos de comida e roupa, evitando ser controlados polos carabineiros españois ou pola guarda fiscal portuguesa.

En Lamas de Mouro a policía ten constancia tamén da presencia de refuxiados antifranquistas. Algúns deles optan por vestir elegantemente porque lles permite alixeirar certa presión das forzas represivas, aínda que prefiren ir armados por se se ven na obriga de defenderse.

Na branda de Seara, doutro lado da Pena de Anamán, hai varios refuxiados españois, entre eles Manuel Fernández González O Curto, acollido na casa da súa amante. Sospeitando da presión das forzas represivas, pernocta nunhas fragas próximas. Algúns habitantes destas serras son reincidentes en agachar refuxiados españois na serra, polo que se ven sometidos frecuentemente a rexistros nas súas vivendas. Nesa mesma branda está agachada unha familia enteira. Como todos, esperan documentación para internarse ó centro do país, pero resultalles complexo porque Eudosia Lorenzo Diz, de vintecinco anos, quen antes do golpe militar era mestra en San Ginés no concello limítrofe de Lobeira, ten un fillo. Para non levantar sospeitas viste o traxe típico de castrexa. Ademais, móvese cos seus pais: Agustín Lorenzo, un home de cincuenta anos, que sofre as inclemencias dunha hernia, e Basilisa Diz, cinco anos máis nova e que ten un sinal característico na faciana. Outras testemuñas, conseguidas pola policía tras interrogar os veciños, sitúaos na inverneira de Entalada ou na branda de Rodeiro; outras din que están nos lugares fixos dos Ribeiro, quizais na inverneira de Alagoa ou nas brandas dos Portos. En realidade, ó integrarse coa poboación local aconpáñanos nas súas migracións anuais, e as veces, ante a abafante presión policial e dos confidentes, saltan a algunha aldea galega, como Cabanelas, onde tamén consiguen acocho.

No labor de control da fronteira, a Guarda Fiscal de Melgaço e Ponte da Barca encárganse de reforzar os postos da Peneda e Ameijoeira para evitar que os refuxiados na serra da Peneda cruzen a fronteira ou escapen para o sur. Saben que se esconden en cavernas e o aumento no número obrígalles a realizar expedicións periódicas moitas delas pela noite para empregar o factor sorpresa.

 

 

www.memoriahistoricademocratica.org

 

 

(continua)        

 

ACTAS I CONGRESO MEMORIA HISTÓRICA

melgaçodomonteàribeira, 06.05.15

Montes Laboreiro

 

A REPRESIÓN FRANQUISTA EN GALICIA


ENTRE BRANDAS E INVERNEIRAS: REFUXIADOS E GUERRA CIVIL NA FRONTEIRA ENTRE OURENSE E PORTUGAL

 

Ángel Rodríguez Gallardo
IES Pazo de Mercé
Narón, 2003


Irene Rodríguez García, coñecida como A Pasionaria de Ferreiros, no concello de Entrimo, presa no cárcere de Bande máis de catorce meses, lembra que a represión foi terrible, porque na súa aldea había moita xente de esquerdas. O feito de que o seu irmán José desertase e fuxira a Portugal contribuiu o seu encarceramento, por ser o familiar “máis caracterizado”, segundo as disposicións estabelecidas polos militares golpistas. O alcalde republicano de Entrimo, Ubaldo González González, viuse na obriga de escapar á aldea portuguesa do Ribeiro, o mesmo que o seu irmán Ricardo, dependente de comercio en Bande, se ben este chegou a ser detido durante os primeiros días do alzamento. Posto en liberdade, un falanxista de Valoiro ofreceuse a levalo a Entrimo, posiblemente para acabar coa súa vida durante o camiño, ainda que aquel, avisado, eludiu a proposición. A policía portuguesa solicitou información sobre a actuación política dos dous irmáns, coñecidos por “Os Cabriteiros”, ás autoridades do concello de Entrimo, xa que sabían que se introduciran clandestinamente en Portugal coa intención de chegar a Lisboa e saír posteriormente a Francia.
Algúns dos fuxidos do concello de Entrimo e dos concellos limítrofes foron asesinados preto da Pena de Anamán, un morro de pedra cargado de lendas e historia que xa utilizaran como tobeira ó principio do século XIX unha cuadrilla de bandoleiros capitaneada por Tomás das Congostras. Tras pasar a aldea montañosa de Queguas está A Chan, unha chaira por riba dos mil metros de altitude transitada daquela por pastores galegos e portugueses. Nese enclave atópase un dolmen coñecido como a “Casa da Moura”. Tanto na Chan como na Casa da Moura os falanxistas mantiveron postos de control para evitar o paso de españois ás brandas portuguesas.
A mobilidade era fundamental para que os refuxios resultasen seguros, pero os refuxiados mantiñan lugares de referencia onde regresar se se alixeiraba a presión policial. No lugar fixo de Ribeiro de Cima concentráronse boa parte dos fuxidos do concello ourensán de Entrimo. Alí foron a parar, como xa dixemos, o exalcalde Ubaldo González González e o seu irmán, Ricardo, quen fora xuíz municipal, xa que o comercio e a fonda que rexentaron procuroulles unha extensa rede de coñecidos no país veciño –moitos dos cales lles devían cartos, dado o réxime de fiado que tiñan establecido– , especialmente na capital da freguesia, Castro Laboreiro, pero tamén nas inverneiras (Ameijoeira, Cainheiras), nalgúns lugares fixos (Ribeiro de Cima e de Baixo, Portelinha) ou nas brandas (Seara, Portos) veciñas. Aproveitando a migración anual dos habitantes das brandas e inverneiras, os fuxidos favorecéronse dos lugares que quedaban abandonados tras esa marcha. Outros preferiron como refuxio as illadas aldeas galegas do mesmo concello de Entrimo, como José González, concelleiro na última corporación republicana, que se agachou en varios lugares da aldea de Quegas.
A raia, a fronteira galego-portuguesa, terminou por desaparecer baixo da vixilancia exercida polas diversas policias. Nese territorio operaron desde o principio da guerra grupos de fuxidos e contrabandistas, axudados polos habitantes das brandas e inverneiras, que estabeleceron unha rede de axuda humanitaria, pero tamén económica, cos refuxiados, ós que lles recebían correspondencia, protexíannos do acoso policial ou, como tamén ocurriu, denunciábanos, colaborando así coa represión das forzas policiais.
Os refuxiados españois, conscientes de que a súa permanencia podía alongarse máis do esperable, optaron en territorio portugués por cinco formas de vida:

 - A vida campesiña, misturándose coa poboación local para a que realizaban traballos agrícolas ou gandeiros
- O contrabando
- Agacharse no monte cerca dos núcleos de poboación, trasladándose continuamente e compaxinando algúns dos dous modos de vida anteriores
- Agacharse mesturados coa población local, sobrevivindo gracias ós cartos propios
- Participar da rede de confidentes ou informadores das diferentes policías portuguesas

 

No primeiro semestre de guerra civil, o número de refuxiados españois na freguesía de Castro Laboreiro, se ben de xeito non estable, acadou, según testemuñas orais, unha cifra entre catrocentas ou oitocentas persoas, cifra que debeu convertirse nunha preocupación, especialmente para os falanxistas da zona que coñecián á perfección o territorio e mantiñan vínculos de intimidade com moitas das familias dos refuxiados, preocupación que finalmente acabarían asumindo as forzas represivas portuguesas, moi especialmente a PVDE.
Axiña comenzarían as batidas polas serras, polas brandas e polas inverneiras, na procura dos refuxiados. Os comandantes dos postos, especialmente o de Castro Laboreiro, reciben periodicamente ordes de manter unha rigorosa e persistente vixilancia. Algúns días despois amplíanse as ordes, que sinalan que se faga unha limpeza completa de tódolos estranxeiros indocumentados, malia que o número de fuxidos vai medrando ós poucos.

 

Retirado de:
www.memoriahistoricademocrata.org


(continua