Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

ROMANOS NO PLANALTO CASTREJO

melgaçodomonteàribeira, 28.12.24

914 b Lomba-do-mouro-castro-laboreiro-740x555.jpg

LOMBA DO MOURO IDENTIFICADA COMO ACAMPAMENTO MILITAR ROMANO

DE CARÁCTER TEMPORÁRIO

Romanarmy.eu identificou Lomba do Mouro, no planalto de Castro Laboreiro, como um acampamento militar romano de carácter temporário. A confirmar-se, seria o acampamento de maiores dimensões do Noroeste Peninsular.

Até dia 18 de setembro, investigadores da Romanarmy.eu estarão no recinto fortificado de Lomba do Mouro, uma estrutura arqueológica de enormes dimensões localizada por Romanarmy.eu em 2017 e situada na fronteira entre Portugal e Galiza, nos concelhos de Melgaço (Portugal) e de Verea (Ourense), com o objetivo de validarem a hipótese de que se trata de um acampamento militar romano de carácter temporário.

A intervenção arqueológica é dirigida pelo investigador da University of Exeter, João Fonte, membro do coletivo de investigação Romanarmy.eu.

A confirmar-se, Lomba do Mouro seria o acampamento romano de maiores dimensões do Noroeste Peninsular e poderia estar vinculado com a penetração e saída do atual território português e galego de um importante contingente militar de mais de 10.000 soldados. Os arqueólogos procurarão recuperar cultura material e realizarão estudos para obter datações absolutas que permitam conhecer o momento de construção, ocupação e abandono da fortificação.

Lomba do Mouro está localizado no Planalto de Castro Laboreiro, numa zona de especial concentração de túmulos megalíticos. Foi descoberto através da análise de dados LIDAR, cedidos pelo IGN-PNOA, e ocupa mais de vinte hectares de terreno, contando com duas linhas defensivas.

A apenas oito quilómetros em linha reta e no mesmo cordal montanhoso, romanarmy.eu localizou também outro recinto fortificado de carácter temporal de dimensões similares: Chaira da Maza, no concelho de Lobeira (Ourense), o qual leva a levantar a hipótese de que se trate de uma mesma linha de avanço do exército romano.

A intervenção arqueológica procurará datar e contextualizar historicamente este sítio através da cultura material recuperada e da recolha de amostras com vista à sua datação absoluta, em colaboração do Grupo de Investigação C2TN do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

No início de agosto, no âmbito do mesmo projeto de investigação, também se realizou uma intervenção arqueológica noutro acampamento romano localizado na Serra do Soajo, o Alto da Pedrada, no concelho de Arcos de Valdevez.

A intervenção forma parte do projeto europeu Finisterrae financiado pela Comissão Europeia através de uma bolsa individual Marie Sklodowska-Curie e é financiada pelo Fundo Ambiental (Ministério do Ambiente, Governo de Portugal), pelo Município de Melgaço e pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. (ICNF), no contexto da valorização da rede de trilhos do Planalto de Castro Laboreiro.

O trabalho de campo está a ser realizado em colaboração direta com a empresa Era-Arqueologia. O trabalho conta também com a colaboração da União das Freguesias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro e do Conselho Diretivo dos Baldios da Freguesia de Castro Laboreiro, sendo estes últimos os proprietários do terreno.

Romanarmy.eu, um coletivo de investigação arqueológica

Romanarmy.eu é um coletivo científico que investiga a presença a presença militar romana no Noroeste da Península Ibérica, do qual fazem parte investigadores de distintas universidades e centros de investigação europeus, diferentes disciplinas e especialistas em várias épocas históricas. As suas publicações, membros e atividades podem ser consultadas em romanarmy.eu.

ALTO MINHO TV

2020

altominho.tv

7 OBJETOS COM HISTÓRIA I

melgaçodomonteàribeira, 23.11.24

7 OBJETOS COM HISTÓRIA ENTRE CASTRO LABOREIRO E MELGAÇO

JORGE MONTEZ 

Do planalto a 1200 metros de altitude ao vale do rio Minho, este é um território surpreendente e com muito para contar. Entre Castro Laboreiro e Melgaço, contamos a história de 7 objetos que nos ajudam a melhor conhecer o concelho mais a norte de Portugal.

Da necrópole megalítica ao museu do cinema, do fato castrejo ao castelo de Melgaço, do vinho Alvarinho ao contrabando, são muitas as histórias que se cruzam e os objetos que as simbolizam. Escolhemos 7 objetos que contam histórias entre Castro Laboreiro e Melgaço.

919 b castrejas-traje.jpg

1 – O fato castrejo

O tradicional fato da mulher castreja ainda hoje é vestido pelas mais velhas da remota aldeia serrana de Melgaço. Em Castro Laboreiro, quando o frio se instala, põem a capa à cabeça e, sempre agarradas ao cajado, tornam-se pontos negros nos campos do planalto ou nas encostas da Serra da Peneda.

O traje castrejo é quente, feito de burel e lã de ovelha, que por aqui não se compra nem se vende, apenas se troca havendo em demasia. Quando novas ou em dia de festa, permitem um toque de cor no negro carregado que todos os dias carregam. A camisa pode então ter um tom de vinho ou de verde, mas sempre escuros. A alegria da cor fica escondida e só quem a veste sabe que a tem.

Quando os maridos emigravam, ou o luto se fazia, as mulheres vincavam ainda mais o negro. Viúvas de Vivos, chamou-lhes José Cardoso Pires e o nome ficou.

A peça mais peculiar são os calções. Esta espécie de alpercatas é sempre branca e feita de lã grossa de ovelha, tendo uma dupla função: protege do frio, mas também do mato.

Maria Olinda Gonçalves explica-nos o fato castrejo. Este é composto por três saias. A saia branca – que é de linho – o saiote vermelho, “para dar um pouco de cor, a saia negra e o avental que aqui chamamos de Mandil”. A blusa é também ela negra e o lenço da mesma cor é preso com um nó no topo, que este era um vestuário do dia-a-dia. Finalmente, nos dias de chuva ou muito frio, as mulheres de Castro Laboreiro vestiam ainda uma capa também ela de burel grosso que permitia que o corpo se mantivesse seco.

919 c 7-Castro Laboreiro, 1971 - concurso de cães

2 – O CASTRO LABOREIRO

São conhecidos como os boca negra e o nome passou também para os habitantes da aldeia serrana. Os cães Castro Laboreiro levam o nome da terra onde nasceram. Esta que é uma das mais antigas raças da Península Ibérica é também uma marca identitária do povo que habita o alto da Serra da Peneda.

De pêlo malhado, parecendo quase uma camuflagem, o Castro Laboreiro foi fundamentalmente cão pastor, sendo hoje conhecido como cão de guarda. É um animal de grande porte, mas os olhos cor de mel não enganam ninguém. Pode ser de guarda, mas é dócil para os donos e adora crianças.

Quem o afiança é Sara Esteves a criadora que – juntamente com o marido e os filhos – conseguiu travar o que parecia ser a extinção do Castro Laboreiro e deu nova vida a esta raça muito peculiar.

Pela aldeia, é usual cruzarmo-nos com estes cães pelas ruas. De pouco adianta chamá-los, que são poucos os que aceitam festas de estranhos. Esta é uma das suas caraterísticas. “O Castro Laboreiro está sempre alerta e lê muito bem as pessoas”.

Como marcas distintivas da raça estão o céu da boca negro, as orelhas sempre caídas, a cauda sempre em baixo, os quadris direitos e aqueles olhos cor de mel que nos perdem. Mas as histórias que se contam nos serões à lareira de Castro Laboreiro – uma aldeia que é um caso único no mundo – envolvem quase sempre lobos.

Quando era pastor, o Castro Laboreiro usava sempre uma coleira com pregos para tornar mais justa a luta com as matilhas. Mondego ou Fiel eram então alguns dos nomes mais comuns e há sempre alguém que lembra aquele cão que um dia desafiou o lobo. “O Mondego era um cão muito bom, que conseguia vencer uma luta com um ou dois lobos, mas a sua principal preocupação era nunca deixar que a matilha o rodeasse”, lembra Filipe Sousa. É também por isso que o cão é um dos 7 objetos com história entre Castro Laboreiro e Melgaço.

919 d anta.jpg

3 – A NECRÓPOLE MEGALÍTICA

O planalto de Castro Laboreiro é um local diferente, com uma energia muito própria, não é pois de estranhar ter sido este local escolhido pelo povo que aqui habitou entre o 5º e 4º milénio a.C. para erigir uma série de monumentos funerários.

A necrópole megalítica do planalto de Castro Laboreiro é a mais importante da Península Ibérica e ao todo tem mais de 80 monumentos. A maioria deles apenas são visíveis depois de se treinar a vista. São as mamoas, que se percebem na paisagem como pequenas elevações.

As mamoas cobriam as antas onde eram enterrados os mortos deste povo que vivia da caça e da recoleção. As escavações feitas permitiram datar os achados e ainda pôr a descoberto pinturas rupestres, com alguns vestígios de tinta.

É o caso do monumento 5 do Alto da Portela do Pau, onde na pedra aposta à entrada da anta são ainda perceptíveis os ziguezagues gravados na rocha.

 

O EXÉRCITO ROMANO EM CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 24.02.24

era-arqueologia 2.jpg

foto: era-arqueologia  lomba-do mouro  planalto de castro laboreiro

ACAMPAMENTO ROMANO EM MELGAÇO É O MAIOR E MAIS ANTIGO

DE PORTUGAL E GALIZA

Um acampamento militar romano em Lomba do Mouro, foi apresentado por um investigador como o maior e mais antigo de Portugal e Galiza.

Agência LUSA

02 jun 2021

Um acampamento militar romano em Lomba do Mouro, no planalto de Castro Laboreiro, Melgaço, alvo de intervenção arqueológica em setembro de 2020, foi esta terça-feira apresentado como o maior e mais antigo de Portugal e Galiza.

“A datação coloca o sítio da Lomba do Mouro como o maior e mais antigo acampamento romano da Galiza (Espanha) e de Portugal. Os resultados da datação da muralha do recinto apontam a sua fundação no século II antes de Cristo que coincide, também, com a famosa expedição do Décimo Júnio Bruto (general e político romano) que passou o rio Lima e chegou até ao rio Minho, e esta zona de Castro Laboreiro está entre os dois rios”, afirmou à agência Lusa João Fonte, investigador do grupo científico Romanarmy.eu.

Segundo o responsável, “o acampamento romano de Penedo dos Lobos (Manzaneda, Ourense, Espanha), mais antigo, data da época das Guerras Cantábricas (ano 29 antes de Cristo – ano 19 antes de Cristo)”, o que “confirma as operações romanas na Galiza cem anos antes”.

Com uma área superior a 20 hectares, a Lomba do Mouro foi descoberta através da utilização de novas tecnologias de análise de solos pelo coletivo de investigação romanarmy.eu e alvo de uma intervenção arqueológica em setembro de 2020.

A campanha foi liderada pelo arqueólogo da Universidade de Exeter João Fonte, no âmbito do projeto European Finisterrae financiado pela Comissão Europeia através de uma bolsa individual Marie Sklodowska-Curie.

Em declarações à Lusa, à margem da apresentação, esta terça-feira no Centro Cívico de Castro Laboreiro, Melgaço, Viana do Castelo, dos resultados da intervenção arqueológica da Lomba do Mouro, João Fonte adiantou que aquele acampamento “foi erguido durante a movimentação de um grande contingente de tropas romanas – de aproximadamente 10.000 soldados – que cruzou a Sierra del Leboreiro e a ergueu como fortificação temporária”.

“A campanha arqueológica confirmou a existência de duas linhas de parede de pedra que poderiam ter sido bem caracterizadas, incluindo elementos defensivos singulares, como pedras construídas ou cavalos frísios, um sistema para impedir o avanço da cavalaria ou as tropas do exército inimigo”, disse.

Durante a campanha foram recolhidas “amostras de sedimentos analisadas através de luminescência, técnica que permite datar a última vez em que os cristais de quartzo foram expostos à luz do sol. A datação média permitiu aos investigadores obter os dados da fundação do século II antes de Cristo”, explicou, adiantando que as análises foram efetuadas por um grupo de investigação CCTN (Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares) do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.

“Até agora, o acampamento romano mais antigo, também escavado pelo grupo científico romanarmy.eu foi o de Penedo dos Lobos (Manzaneda, Ourense). Foram encontradas moedas ligando o recinto às campanhas de guerra conhecidas como Guerras Cantábricas, com a qual o imperador Octávio Augusto encerrou o processo de conquista da Hispânia”, descreveu.

“O acampamento de Lomba do Mouro foi construído cem anos antes de Penedo dos Lobos”, reforçou o investigador.

Este acampamento situa-se “numa zona de especial concentração de sepulturas megalíticas e foi descoberto através da tecnologia LIDAR fornecida pelo projeto espanhol PNOA – Plano Nacional de Ortofotografia Aérea”.

O acampamento romano “ocupa mais de vinte hectares de terreno, com duas linhas defensivas, com apenas oito quilómetros em linha reta”, sendo que o grupo científico romanarmy.eu localizou também outro sítio militar temporário de dimensões semelhantes, a Chaira da Maza, no concelho de Lobeira em Ourense, o que leva à hipótese de se tratar de uma linha de avanço romana”.

João Fonte defendeu a “necessidade de continuar os estudos de investigação científica e arqueológica e depois é preciso apostar, de uma forma integrada, transfronteiriça a valorização destes sítios localizados na zona do Gerês-Xurés”.

“Um fim último deste trabalho seria poder criar uma rede transfronteiriça para dar a conhecer estes sítios temporários que se relacionam com o primeiro contacto do exército romano com as comunidades indígenas do Gerês-Xurés”, especificou.

Os arqueólogos do grupo científico “trabalharam exclusivamente na parte portuguesa do local”, numa investigação financiada pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente, pela Câmara de Melgaço e pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), no âmbito da valorização da rede de caminhos do Planalto de Castro Laboreiro.

O trabalho de campo, que durou cerca de duas semanas, foi realizado em colaboração com a empresa Era-Arqueologia.

Publicado no jornal on-line OBSERVADOR

era-arquelogia.jpg

foto: era-arqueologia   lomba do mouro   planalto de castro laboreiro

 

 

À ATENÇÃO DO PODER LOCAL E NACIONAL

melgaçodomonteàribeira, 08.04.23

842 b dolmen planalto cl.jpg

MONTES LABOREIRO

Palmilhando uma raia carregada de séculos

José Domingues

PROTECÇÃO E PRESERVAÇÃO

 

No final do século XX, nos países mais desenvolvidos, a crescente valorização dos espaços de grande integridade natural e detentores de um património eco-cultural, levou a que as áreas de montanha, que constituem os ecossistemas mais bem conservados que chegaram aos nossos dias, conheçam nas últimas décadas um incremento da sua procura com motivações e interesses ligados às actividades de recreio e lazer.

Na prática, estes espaços passaram a ser protegidos e valorizados, em virtude dos seus recursos, da sua integridade e do património que encerram.

Portugal tenta acompanhar esta tendência, mas os constrangimentos são mais que muitos, num país de parcos recursos económicos e onde as mudanças sociais não são assimiladas como seria desejável, tendo como consequência a criação de resistências inultrapassáveis, na elaboração de estratégias que acompanhem o pensar de uma minoria, no sentido da valorização e preservação de tais locais. São espaços geradores de conflitos, pelas diferentes orientações e interesses de gestão e uso.

A desarticulação da estrutura socioeconómica da região, em virtude da emigração massiva e do abandono de muitos modos de vida específicos (fim do sistema agro pastoril e do contrabando), especialmente a partir de meados dos anos setenta do século XX, originou a marginalização dos montes e a sua descaracterização, levando a que o espaço tenha conhecido uma evolução complexa, quer nas formas de uso e ocupação, quer na sua percepção.

A tragédia deu-se a conhecer já em meados do século XX com a plantação de espécies não autóctones (manchas de pinheiros), a abertura de estradas desnecessárias e a destruição de muito do património natural e construído (principalmente mamoas). Tais práticas continuam nos dias de hoje, agora com a companhia dos desportos motorizados, dos incêndios cobardes, da caça legal e furtiva e, dos envenenamentos criminosos das espécies selvagens e domésticas.

O desleixo e a ganância dos subsídios indiscriminados da Comunidade Europeia, na ausência de um qualquer modelo ou projecto de sustentabilidade futura, têm levado à fruição do espaço de forma irresponsável e abusiva, traduzindo-se num uso da terra sem qualquer controlo e responsabilidade.

No lado galego ainda recentemente assistimos a autênticas barbaridades: criação de coutos de caça com vedação em arame, destruição indiscriminada de dólmenes para plantação de pinheiros e abertura de estradas sem qualquer fim justificativo. Os envenenamentos por estricnina continuam a ser uma prática comum, matando todo o tipo de animais.

No final do século XX houve mesmo violação da Mota Grande (mamoa emblemática) e a destruição de um Menir com um caterpillar.

Na actualidade, coloca-se um crescendo de preocupações no aproveitamento e gestão destas áreas, face à fragilidade que apresentam e aos novos desafios e cenários que se desenham, em virtude das suas novas funcionalidades e utilizadores. Sendo territórios económicos e demograficamente deprimidos, apresentam um potencial paisagístico, ambiental e arqueológico, capaz de fomentar o desenvolvimento, assente em princípios de sustentabilidade e com condições para alimentar uma actividade tão dinâmica como é o turismo.

O NEPML defende que as actividades tradicionais devem ligar-se com o turismo, como factor revitalizador da economia local e regional e, pensa que tal cenário deve ser potencializado, e que os políticos e os poucos habitantes usufrutuários naturais, devem perceber de uma vez por todas que estes territórios devem ser vistos como guardião de valores naturais e culturais.

O espaço de fronteira de que falamos destaca-se, pela altitude que atinge (perto dos 1400 metros no ponto mais alto: Giestoso), quer pela sua paisagem natural com a sua riqueza de flora e fauna. Muitas espécies de aves, o lobo, o corço, o veado, o javali, o gato bravo, o texugo, a gardunha, a lebre e outros animais em vias de extinção, apesar de toda a perseguição ainda aparecem nestas paragens.

Além do património natural, só por si raro e de estimável valor nos dias de hoje, conserva-se aqui uma riqueza arqueológica inigualável: Monumentos Megalíticos e Arte Rupestre. O espaço conta com perto de sete dezenas de mamoas inventariadas no lado português e, do lado galego, em direcção a Celanova e vale do rio Lima são conhecidas mais umas dezenas. Estamos perante uma das mais expressivas concentrações de monumentos megalíticos da Península Ibérica.

O espaço devia ser revalorizado pelo seu potencial eco-cultural, tornando-se um atractivo único ao nível paisagístico, ambiental e histórico-cultural. O seu valor didáctico, nomeadamente pela análise, a interpretação e o relacionamento integrado dos seus diversos elementos, devia constituir um processo fundamental de educação e sensibilização.

Apesar de a Necrópole ter merecido a atenção de alguns ilustres investigadores, como Lopez Cuevillas já nos anos 20 do século XX, Eguileta Franco, Sande Lemos, Martinho Baptista e Vitor Oliveira Jorge, entre outros, o local tem sido ignorado e desprezado pelos poderes locais.

Entidades galegas e portuguesas têm responsabilidade acrescida no uso, ocupação e promoção destas áreas, de forma à sua utilização racional e sustentável, como verdadeiros reservatórios eco-culturais, através de um modelo de desenvolvimento que reconheça os seus problemas e especificidades. Torna-se necessário continuar a desenvolver iniciativas que possam dar a conhecer as diversas potencialidades desta fronteira virtual, promovam o seu espaço, a sua cultura, economia, reconheçam os seus problemas estruturais e apelem para uma visão atenta, cuidada, e de valorização e cooperação específica para o local. Em 2008, com a proposta de classificação, deu-se mais um passo na protecção dos MONUMENTOS MEGALÍTICOS E ARTE RUPESTRE DO PLANALTO DE CASTRO LABOREIRO.

CADERNO ARRAIANO

NEPML – NÚCLEO DE ESTUDO E PESQUISA DOS MONTES LABOREIRO

GRAVURAS RUPESTRES D0 FIEIRAL

melgaçodomonteàribeira, 10.09.22

823 b dolmen mamoa e.jpg

 

GRAVURAS RUPESTRES DO FIEIRAL

CASTRO LABOREIRO

MELGAÇO

 

O Fieiral, situa-se no seio da necrópole megalítica do planalto de Castro Laboreiro, a cerca de 500 m para nascente da mamoa de Porcoito 1 e a, aproximadamente, 450 m da mamoa do Alto dos Piornais . Localiza-se numa pequena plataforma a oeste-sudoeste do Alto dos Piornais, na margem direita do rio Laboreiro, à cota de 1169 m.  Trata-se de um local bem irrigado onde se destacam, para além do referido rio, a Corga do Fieiral, a Corga dos Piornais e a Corga do Vale das Antas.

Apesar do Fieiral ser protegido a Norte e a Este, pelas plataformas mais elevadas do planalto, dali obtém-se um excelente domínio visual para o vale de Castro Laboreiro, que se abre a Oeste, e para os prados onde se concentram as brandas do Rodeiro, de Adofreire, de Queimadelo, de Falagueiras e das Coriscadas.

Aqui, emergem à superfície dois grandes afloramentos de granito do tipo de Castro Laboreiro, moderadamente elevados, que se orientam no sentido NE/SW: o Fieiral I, mais a norte e de menores dimensões, com cerca de 8 m de comprimento, e o Fieiral II, com cerca de 35 m de comprimento.

O Fieiral I apresenta uma superfície superior horizontalizada onde existe uma incrustação de cristais de quartzo hialino e pendentes suaves. O Fieiral II, de contornos mais irregulares, com algumas fissuras significativas e áreas levemente deprimidas no topo, também apresenta pendentes suaves. Na sua extremidade NE, há uma nascente, hoje transformada. Estes dois afloramentos distam entre si cerca de 10 m e avistam-se mutuamente.

Uma das particularidades deste lugar é a existência de um filão de quartzo branco que o atravessa no sentido Norte/Sul e que, por vezes, irrompe de forma destacada do solo, característica que pode estar na origem do topónimo. Tal permite que existam à superfície inúmeros calhaus e blocos desta matéria, embora estes possam resultar tanto de fatores naturais como antrópicos.

O Fieiral é de fácil acessibilidade pedestre, quer para quem está nas áreas mais altas do planalto, quer para quem, seguindo o vale do Laboreiro, lhe acede a partir de cotas inferiores. Tal circunstância, associada às características aplanadas do lugar, teria possibilitado a concentração de um número significativo de pessoas em redor do espaço gravado, com visibilidade para os símbolos que se escrevem nas pendentes oblíquas dos afloramentos. Parcelar seria a visualização de alguns motivos existentes na superfície superior do Fieiral II.

As gravuras em ambos os afloramentos inscrevem-se, maioritariamente, no que se denomina “arte esquemática”, embora ocorram algumas que se inscrevem na gramática estilística da “arte atlântica”, normalmente isolados ou em áreas periféricas.

O Fieiral I apresenta menor diversidade de símbolos. Aí, inscrevem-se quase só quadrados ou retângulos segmentados internamente, distribuídos nas diferentes pendentes da rocha, atribuíveis à Pré-história.

No Fieiral II, com maior diversidade de símbolos, serão pré-históricos os quadrados ou retângulos segmentados internamente e os diversos tipos de antropomorfos, alguns deles ictiformes. Da Idade do Bronze, poderá ser a gravação de um machado plano de gume alargado, encabado, localizado na extremidade norte da rocha, nas imediações da nascente, assim como um círculo segmentado. Deste período ou posterior, será um par de pedomorfos de adulto, orientados no sentido poente-nascente, existente na pendente Este deste afloramento. Aqui gravaram-se, igualmente, diversas paletas quadrangulares em baixo relevo, com cabo delimitado por covinha, motivos que tipologicamente se inscrevem na Idade do Ferro. As paletas aparecem, também, na área mais interna da rocha, por vezes sobrepondo-se a antropomorfos, numa nítida apropriação e alteração dos signos anteriores.

A diversidade de símbolos e de estilos, as alterações que parecem ter sofrido alguns deles, as sobreposições e as diferentes técnicas utilizadas (picotagem com abrasão e baixo relevo) indiciam que o Fieiral foi um lugar significante e com uma biografia complexa, na longa duração, que se foi mantendo simbolicamente ativo para as populações que viveram e frequentaram o planalto de Castro Laboreiro, desde a Pré-História até à Idade do Ferro.

Pela proximidade com os monumentos megalíticos e pelo esquematismo dos símbolos maioritariamente gravados, característica que também se encontra no interior das câmaras funerárias deste planalto, embora com temáticas globalmente distintas, colocamos a hipótese que o Fieiral terá sido materializado, em pleno Neolítico, como um lugar de reunião e de celebração do mundo. A especificidade dos símbolos gravados em relação aos das câmaras megalíticas explicar-se-ia pelas diferentes ações e sentidos, inerentes a cada um destes espaços.

 

GRAVURAS RUPESTRES DO FIEIRAL

CASTRO LABOREIRO, MELGAÇO

Ana M. S. Bettencourt & Alda Rodrigues

Departamento de História da Universidade do Minho

CITCEM

 

O PLANALTO DE CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 23.07.22

786 2 foto trilho do megalitismo. montes de labore

 trilho do megalitismo - montes laboreiro

CONJUNTO MEGALÍTICO DO PLANALTO DE CASTRO LABOREIRO

Alda Rodrigues

 

Na chamada raia seca desenvolve-se a Serra do Laboreiro, que começa no vale do rio Trancoso (Galiza) e se estende para Nordeste e para Leste – pelos concelhos de Padrenda, Quintela de Leirado, Verea, Lobeira e Entrimo, na Galiza, e o concelho de Melgaço, em Portugal. Esta serra forma um altiplano, o Planalto de Castro Laboreiro, que se começa a delinear nos concelhos galegos de Verea e Lobeira, mas que se desenvolve, essencialmente, na freguesia de Castro Laboreiro. Neste, desenvolve-se um conjunto de monumentos pré-históricos, em vias de classificação, que serviu de palco à produção da curta-metragem Raízes, de Carlos Ruíz, realizada em 2009. Trata-se de uma representação alegórica da vida e da morte numa comunidade Neolítica.

O cenário onde se implanta este conjunto, inserido no Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), apresenta uma topografia de natureza suave e é recortado por pequenas linhas de água e por várias nascentes, É também aqui que nasce o rio Laboreiro, que atravessa o altiplano, aproximadamente no sentido Este – Oeste.

Este conjunto de monumentos pré-históricos é o mais setentrional do país e o que se encontra a cotas mais elevadas (Jorge et al. 1997). Desenvolve-se na Galiza e, maioritariamente, em Portugal. Constituí um marco da primeira arquitetura monumental, de um período onde, tal como refere F. C. Boado (1999), se inicia um processo crescente de “domesticação” da envolvente, que não é apenas a expressão de uma nova economia ou aparato tecnológico mas, também, de uma nova relação da sociedade com a natureza, caracterizada por uma atitude que se espressa na sua transformação sistemática e progressiva.

Trata-se de um conjunto importantíssimo quer pela dimensão quer pela diversidade de estruturas (motivada, por outros fatores, pela sua longevidade cronológica) quer, ainda, pela multiplicidade de localizações topográficas.

É ainda relevante o bom estado de conservação dos monumentos e da paisagem envolvente “…belíssima, erma de ruídos e de outros elementos poluidores, procurada por veraneantes que gostam de andar a pé pela montanha, e onde ainda se pode ouvir o silêncio” (Jorge 2003: 109).

Os trabalhos de investigação e valorização patrimonial desta necrópole megalítica datam de 1978, ano em que a Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho realizou ali um primeiro levantamento arqueológico, em parceria com o extinto Serviço Regional de Arqueologia da Zona Norte, sob a orientação de Francisco Sande Lemos. Este trabalho contou com o apoio de António Martinho Baptista, então arqueólogo do PNPG. Em 1992, e no âmbito do projeto “Estudo do Conjunto Megalítico do Planalto de Castro Laboreiro”, desenvolvido por Vítor Oliveira Jorge, Susana Oliveira Jorge, Eduardo Jorge Lopes da Silva e António Marinho Baptista verificaram-se escavações do núcleo megalítico do Alto da Portela do Pau. Deste estudo viriam a resultar diversas publicações (Jorge et al. 1995, 1997; Baptista 1997, entre outros).

A partir de 2006, a equipa de arqueologia do PNPG, coordenada por Henrique Regalo, dirigiu esforços para aprofundar o conhecimento da área, tendo realizado um levantamento georreferenciado do conjunto megalítico, com vista à revisão do Plano de Ordenamento do Parque Nacional. Foram então, identificados 66 monumentos megalíticos no território português, dispersos por uma área aproximada de 50 km2. Alguns deles encontram-se isolados, mas a maioria está organizada em grupos (definidos pelo critério da proximidade geográfica).

Tendo em conta os resultados dos vários trabalhos desenvolvidos neste sítio, sobretudo das escavações arqueológicas no Alto da Portela do Pau podemos afirmar que a humanização do planalto de Castro Laboreiro se encontra atestada desde o Neolítico Médio/Final, mais precisamente  desde os finais do V milénio AC (datas calibradas), momento em que foi construída a Mamoa 3 daquele grupo (Jorge et al. 1997). Trata-se de um monumento com uma câmara funerária apenas definida por um anel constituído por pequenos blocos de pedra. Em termos de espólio, o único resto de artefacto cerâmico digno de nota encontrado na área deste monumento é um fragmento da pança de um vaso campaniforme, achado fortuitamento à superfície (Jorge et al. 1997:86).

Na primeira metade do IV milénio AC ergue-se, neste lugar, a Mamoa 2 do Alto da Portela do Pau, um grande monumento com câmara aberta, virada para nascente de planta poligonal que ostenta motivos gravados nos seus esteios e alguns ténues vestígios de pintura. Os motivos são, essencialmente, geométricos (zigzagues e ondulados), dispostos verticalmente, mas também apareceram outros motivos simbólicos, como antropomorfos e círculos concêntricos (Jorge et al. 1997, Baptista 1997). Neste monumento as práticas funerárias implicaram o depósito de uma possível “estatueta” antropormórfica, de vários percutores em quartzo, de uma ponta de seta, entre outros. Este imóvel foi objeto de trabalhos de conservação em 2011.

Nesta área também foi intervencionada a Mota Grande, já em território galego. É um monumento de grandes dimensões, com câmara de planta poligonal e com gravuras sobre os seus esteios, onde se destaca uma representação do tipo “idoliforme”, em baixo-relevo, rodeada por figuras meândricas (Baptista 1997). Nas suas imediações apareceu um menir com aproximadamente 1,90 m de altura máxima e 0,70 m de largura máxima, que ainda jaz no solo, a cerca de 20 metros para sudoeste da Mota Grande.

Durante o Calcolítico o Planalto de Castro Laboreiro continuou a ser frequentado. Disso é prova a reutilização da Mamoa 1 do Alto da Portela do Pau (Jorge et al. 1997), verificada através da deposição de, pelo menos, três vasos campaniformes (Jorge et al. 1997).

No planalto, perto das mamoas de Porcoito e do Alto dos Piornais a 2,3 km do Alto da Portela do Pau para sudoeste, existe ainda um santuário rupestre de arte esquemática que terá sido usado desde o Neolítico até à Idade do Ferro/Romanização (Bettencourt & Rodrigues, neste vol.).

O grupo do Alto da Portela do Pau, será pois, o mais interessante em termos de visitação quer pelo que sobre ele se sabe em termos científico quer por ser acessível através de um percurso pedestre que se inicia na Branda do Rodeiro. Este percurso está marcado no terreno e as informações sobre o mesmo podem ser obtidas no Núcleo Museológico de Castro Laboreiro; no Centro de Informação de Castro Laboreiro; na Porta do Parque Nacional em Lamas de Mouro e na ADERE-PG (Associação de Desenvolvimento das Regiões do Parque Nacional da Peneda-Gêres).

 

TERRITÓRIOS DA PRÉ-HISTÓRIA EM PORTUGAL

DIR.LUIZ OOSTTERBEEK

 

A PRÉ-HISTÓRIA DO NOROESTE PORTUGUÊS

 

Ana M. S. Bettencourt

 

 

A NECRÓPOLE MEGALÍTICA DE CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 28.04.20

 

MONTES LABOREIRO

PALMILHANDO UMA RAIA CARREGADA DE SÉCULOS

 

AMÉRICO RODRIGUES

               e

JOSÉ DOMINGUES

No traçado da linha imaginária aproveitam-se indícios salientes na paisagem. Um dos indícios que nos chamou a atenção (mas que ainda não conseguimos observar pormenorizadamente no terreno, apesar de sabermos a sua localização) foi a pedra “que bole quando bolem com ella” – no tombo de 1565. Tudo leva a crer que se trata de uma pedra bolideira.

As pedras oscilantes já são referidas pelos escritores da Antiguidade, Plínio e Ptlomeu. Eduardo Amarante, citando Henry Martin, chama a atenção para a sua função como prova judiciária: “os acusados que não conseguissem pôr em movimento a pedra eram considerados culpados; há não muito tempo ainda que os maridos que suspeitavam da fidelidade das suas mulheres obrigavam-nas a passar esta prova”. Trata-se da prova medieval de ordálio ou juízo de Deus, mediante os quais se remetia a decisão para Deus, na crença de que Este não iria favorecer o culpado contra o inocente.

A ligação destas pedras ao megalitismo estaria aqui plenamente certificada. Este planalto, de ambos os lados da raia, está semeado de monumentos megalíticos. No actual processo de classificação dos monumentos Megalíticos e Arte Rupestre do Planalto de Castro Laboreiro, iniciado em 2008, do lado português estão referenciados sessenta e três monumentos megalíticos, duas estruturas líticas e um núcleo de arte rupestre, faltando no entanto nesse inventário alguns monumentos.

Num périplo por este fragmento da raia aos entusiastas do megalitismo revela-se um conjunto de estruturas, muito próxima da meia centena: 13 nas proximidades do marco nº 6 ao nº 9, desde Arrazis até ao Alto de Gontim; nas Roçadas, junto ao marco nº 14, mais 2 monumentos e outro no Alto de Paicota; no Alto da Besteira, perto do marco nº 18, um monumento; passando ao marco seguinte, na Lama do Rego, 6 monumentos; desde o marco 20 a 24, na Portela do Pau e Outeiro do Ferro, cerca de 8 monumentos; seguindo até ao marco nº 28, na Lama do Brincadoiro, 2 monumentos; em Pedra Mourisca, junto ao marco nº 29, 4 monumentos e estruturas líticas; em Cabeça de Meda, marco nº 31, mais 3 monumentos; nas proximidades dos marcos 33 e 34, em Cabreira e Barreiras Brancas, 4 monumentos; esta vasta necrópole termina com um monumento megalítico junto ao marco nº 40.

Esta disseminação acabou por colocar alguns destes monumentos no caminho preciso da raia, fazendo com que apareçam referidos na documentação compulsada. A Mota de Cidadela ou Cidadelha é referida nos dois tombos mais antigos (1538 e 1551). Trata-se, certamente, da mamoa junto ao marco nº 28, na Lama do Brincadoiro, vulgo identificada por Mota Furada. No tombo de 1754 aparece uma referência à “caza de Antella”, que ficaria nas proximidades do marco nº 36.

Mesmo por cima da linha da raia fica um dos maiores e mais emblemáticos monumentos do Laboreiro – a Mota Grande. Por motivos que nos escapam, este monumento, na segunda metade do século XX, passou na íntegra para território galego. Um dos mais conceituados investigadores do megalitismo do Laboreiro, António Martinho Baptista, já chamou a atenção para esta recente mudança do marco nº 23, precisamente, no “monte de terra chamado Motta-Grande”.

Mas, bem mais importante do que a estéril discussão sobre o lado de fronteira em que está implementado este monumento, seria promover uma investigação científica conjunta, que unisse especialistas dos dois países no aprofundar do conhecimento deste monumento em particular e de toda a necrópole em geral. Para além de ser o maior em tamanho, os seus esteios estão profusamente decorados com gravuras: com especial destaque para o motivo “idoliforme”, que, segundo Martinho Baptista, poderá ser a representação de uma “divindade megalítica”(?). Outro motivo válido e impulsor é o da existência de um menir nas suas proximidades.

Para a localização precisa e entendimento das funções deste menir podem ser proveitosos os conhecimentos radiestésicos de Alexandre Cotta. Este investigador já teve oportunidade de aplicar os seus estudos em menires e antas do Alentejo. Como amigo pessoal e a convite do NEPML visitou a Mota Grande e levantou interessantes questões, relacionando o menir com o motivo idoliforme, acabando por concluir: “seja como for, esta pedra actualmente tombada (com orientação Este-Oeste) indica ou marca um lugar particularmente importante”. Para Alexandre Cotta, o menir da Mota Grande pode ser uma pedra de cura:

“Quer em Castro Laboreiro como no Cromeleque dos Almendres confirmámos a experiência feita pelo nosso amigo Jean-Marc Riper. Ao colocarmo-nos sobre a pedra tombada (perto da Mota Grande) e no menir caído e amputado (dentro do Cromeleque), a polaridade indicada pelo movimento do pêndulo inverte-se. Tal indica que são pedras de cura. Em algumas doenças graves verifica-se que o movimento das células, correspondentes aos órgãos ou sistemas afectados, muda de sentido: de horário para anti-horário. Pelas suas características, as pedras de cura ajudam a inverter a situação das células doentes repondo a polaridade das células saudáveis”.

 

CADERNO ARRAIANO