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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, PESQUEIRAS NO RIO MINHO

melgaçodomonteàribeira, 09.03.24

915 b 51-Peso-95.JPG

pesqueira no peso

PORTUGAL AVANÇA COM CLASSIFICAÇÃO DE PESQUEIRAS DO RIO MINHO

A PATRIMÓNIO IMATERIAL

A candidatura das pesqueiras do rio Minho ao registo nacional de património imaterial foi apresentada em Melgaço, Viana do Castelo. A classificação também ocorrerá na Galiza.

A candidatura das pesqueiras do rio Minho ao registo nacional de património imaterial foi hoje publicamente apresentada em Melgaço, no distrito de Viana do Castelo, classificação que também ocorrerá na Galiza para preservar um saber comum aos dois territórios. Promovida pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, a candidatura portuguesa foi submetida em fevereiro. Do lado espanhol, existe a intenção, mas o processo ainda não avançou.

Em declarações à agência Lusa, à margem da apresentação pública da candidatura nacional, hoje, na Câmara Municipal de Melgaço, a Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, explicou que são processos autónomos, apesar de se tratar de um património transfronteiriço. “Cada um dos países avança com a candidatura ao registo nacional. Do lado português a candidatura é coordenada pela Direção-Geral do Património Cultural e, do lado espanhol, pela sua congénere. São processos autónomos que visam preservar um saber partilhado pelos dois povos vizinhos”, explicou Ângela Ferreira.

Fronteira natural entre os dois países, o rio internacional concentra, nas duas margens, só no troço de 37 quilómetros, entre Monção e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras, “engenhosas armadilhas” da lampreia, do sável, da truta, do salmão ou da savelha.

Desde a foz em Caminha até Melgaço, o peixe vence mais de 60 quilómetros, numa viagem de luta contra a corrente que termina, para alguns exemplares, em “autênticas fortalezas” construídas a partir das margens, “armadas” com o botirão e a cabaceira, as “artes” permitidas para a captura das diferentes espécies.

As estruturas antigas de pedra, são descritas como “habilidosos sistemas de muros construídos a partir das margens, que se assumem como barreiras à passagem do peixe, que se via assim obrigado a fugir pelas pequenas aberturas através das quais, coagido pela força da corrente das águas, acabando por ser apanhado em engenhosas armadilhas”.

As construções, “umas milenares outras centenárias, pressupõe um saber e compreensão da bacia do rio, das suas características biológicas, eco ambientais, físicas, orográficas, e as artes de pesca, testemunhas do conhecimento e vida das comunidades ribeirinhas e do seu sentimento de pertença a uma unidade cultural e identitária”.

Segundo Ângela Ferreira, a candidatura esta quarta-feira apresentada “vai ser analisada por técnicos da Direção-Geral do Património Natural”, podendo estar ainda sujeita, “a pedidos de esclarecimentos adicionais à equipa científica que a produziu”.

“Depois, obviamente, o processo culminará com a consulta pública, antes de ter o despacho final de inscrição no registo nacional de património natural e imaterial”, especificou, escusando-se a estimar um prazo para a conclusão do processo, por “variar muito, mediante os pedidos de esclarecimento ou a necessidade de investigações adicionais”.

Ângela Ferreira sublinhou a importância da “preservação do saber e do conhecimento” que as pesqueiras encerram, para garantir a “passagem às gerações futuras” de “um conhecimento imemorial”, uma “parte incontornável da história do rio Minho”.

“Esse vai ser um pilar fundamental da divulgação tanto nacional como internacional, desta prática e do território que acompanha o rio Minho, tanto do lado português como espanhol”, sustentou.

Já o presidente da Câmara de Melgaço, município que “deu o pontapé de saída” da candidatura, sublinhou que o objetivo do reconhecimento agora em curso, “mais do que guardar a história que as pesqueiras encerram é dar-lhe dinâmica, do ponto de vista económico, tornando-as numa referência para o setor de turismo”.

Intitulado “A pesca nas pesqueiras do rio Minho”, o estudo que sustenta a candidatura foi desenvolvido, nos últimos dois anos, por um grupo constituído por entidades portuguesas e galegas e liderado pelo antropólogo Álvaro Campelo. Esta quarta-feira, na apresentação do documento, Álvaro Campelo referiu a existência de pesqueiras noutros rios portugueses e espanhóis, mas “não com a dimensão, qualidade e relevância” das registadas no rio Minho.

“É um património vivo, mas que está em risco, claramente. Esta candidatura é uma oportunidade de dar valor a esta prática viva e um momento único para os jovens voltarem ao rio, onde tem estado praticamente ausentes, alertou.

Segundo o investigador, das 900 pesqueiras existentes no rio Minho, em Portugal estão ativas 160 e, do lado espanhol, cerca de 90.

Em Portugal, a Comunidade Intermunicipal do Alto Minho, que agrega os dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, suportará cerca de 50 mil euros, e a província de Pontevedra, em Espanha, 45 mil euros.

AGÊNCIA LUSA

26/ago/2020

Estela Silva/LUSA

915 c 42-Praia fluvial, Arbo, em frente ao Peso-PE

pesqueira em arbo  galiza

915 d 11-Rio Minho em Remoães, 1910 -105.jpg

 

PESQUEIRAS DO RIO MINHO

melgaçodomonteàribeira, 14.12.13

 

 

Ao dedicarmos este trabalho às pesqueiras do rio Minho, fomos sobretudo motivados pela divulgação de um valioso acervo de construções populares existentes na margem esquerda do curso transfronteiriço e ainda utilizadas para se armarem artes de pesca. Em tal objectivo compreendia-se, em primeiro lugar, o estudo da valia histórica deste Património, abordagem centrada essencialmente na análise da evolução do respectivo regime de propriedade e exploração. Começámos por recorrer aos trabalhos de alguns investigadores da história das comunidades ribeirinhas da margem esquerda, em que se salientam o P.e Bernardo Pintor e o Dr. César Esteves. Às suas pesquisas ficamos a dever o conhecimento das primeiras referências a pesqueiras em documentos medievais sobre doações, datando as mais antigas do séc. XI. Cedo nos demos conta de que a propriedade das pesqueiras, de início, foi essencialmente monástica e, por consequência, recorremos aos Arquivos em que se encontra depositado o espólio documental proveniente dos mosteiros de Longos Vales, Paderne e Fiães. Não fomos exaustivos nesta fase do nosso trabalho. Temos consciência de que muito ficou por pesquisar, particularmente no que respeita aos séculos XIII e XIV. Do mesmo modo, o domínio das pesqueiras por outros senhorios, como o da Sereníssima Casa do Infantado, não foi objecto da nossa análise julgando embora ser uma área de investigação a não descurar em futuros trabalhos sobre o tema. Optámos, assim, por proceder a uma amostragem escolhendo três fases principais da evolução histórica na titularidade da posse das pesqueiras: a do início da concentração senhorial, a da desamortização liberal e a da co-propriedade em regime de herdeiros. Tratando-se de um trabalho visando a divulgação, procurámos, balizados pelo fundo mais geral da evolução da sociedade portuguesa, descrever, previamente, a conjuntura política que preexistiu às mudanças. Apesar disso, julgamos que a nossa abordagem à história da propriedade das pesqueiras poderá também vir a interessar investigadores universitários para futuros desenvolvimentos. A Ribeira Minho carece de estudos de síntese como de carácter analítico sobre a sua memória colectiva!

 

As pesqueiras do rio Minho

 

Antero Leite

 

COREMA – Associação de Defesa do Património

 

Caminha

 

1999

 

Edição com apoio financeiro da

ADRIMINHO e PROGRAMA LEADER II

 

Comparticipação financeira da

 

Câmara Municipal de Monção

Câmara Municipal de Melgaço

 

PESQUEIRA FOLHETEIRO-COULE-BRANDOURO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

 PESQUEIRA FOLHETEIRO-COULE-BRANDOURO

 

CHAVIÃES

 

 

   A pesqueira "Coule" pertencia ao Mosteiro de Fiães que cedia metade do seu domínio útil a consortes que pagavam aos monges um foro de duas lampreias.

   Em 01//05/1875 foi anunciada pelo "Diário do Governo" a venda de metade desta pesqueira por 120$000 réis tendo a hasta pública sido realizada em 5 de Junho daquele ano no Governo Civil de Viana do Castelo, desconhecendo-se quem a arrematou.

   Segundo uma Estatística da Pesca, publicada em 1903, a pesqueira Coule pertencia aos consortes José Cândido Gomes de Abreu e outros.

   É uma zona de perigosa pesca. Tem havido vários acidentes, um deles mortal, ocorrido por volta de 1924, quando um pescador pretendeu utilizar a Brandouro situada no meio do rio e de águas muito agitadas. O barco em que seguia virou-se e ele afogou-se (seg. Depoimento do Sr. José António Pinto de Chaviães).

   Obras nesta pesqueira poderiam ter sido justificadas por "atentado dinamista", que implicou a investigação policial noticiada pelo jornal "O Melgacense" de 19 de Dezembro de 1926.

 

 

Notícia publicada no jornal "O Melgacense" n° 43 de 19 de Dezembro de 1926

 

   "Na penúltima semana regressou a Lisboa, onde é digno Agente da Polícia de Investigação Criminal, o Sr. José Anacleto de Jjesus que entre nós esteve tratando de investigar acerca de um atentado dinamista perpetrado na pesqueira 'Coule' sita no Rio Minho, nos limites da freguesia de Chaviães, de que é proprietário o Sr. Manuel Esteves, residente em Lisboa."

 

Retirado de:

 

ACER – Associação Cultural e de Estudos Regionais

 

http://acer-pt.org