Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MUNDO DO FANTÁSTICO NO VALE DO MINHO

melgaçodomonteàribeira, 03.02.24

905 b 22-Paderne-convento-131.bmp

convento de paderne

A PROCISSÃO DE DEFUNTOS

“Morava eu com os meus tios. O meu tio, que se chamava Cândido, era um corpo aberto: falava sozinho…, arrastava os socos…, tinha, assim, um comportamento diferente, mas era boa pessoa!

Uma noite, estava eu a arrumar a cozinha, mesmo ali perto da janela que dava para um caminho que ia para Castro Laboreiro. Mesmo junto havia uma Capela do Santo Cristo. Eu estava, então, a arrumar a cozinha e fui abrir a janela. Por ali passavam as gentes de Castro Laboreiro para irem para as feiras. Eles iam às feiras da Barca, dos Arcos, e saíam à quarta-feira. Traziam os porcos, os animais e outras coisas. Lá ao fundo, na entrada da vila, havia um posto de gasolina onde as camionetas paravam para meter gasolina. Quando era noite, as luzes, assim viradas para cima, para Castro, enchiam tudo de luz. Antigamente era tudo escuro…, não havia luz como agora! E eu ouvia os castrejos a rir e a falar, o ruído dos porcos… Era um divertimento! Naquele tempo não havia nada, nem rádio. Aquilo para mim era uma alegria.

O meu tio chegou à minha beira e disse: Rapariga! – Que é que me quer? – Fecha a janela! E eu respondi: - Não fecho! Pois eu estava ali só a me divertir… Mas ele disse-me assim: ou fechas a janela ou levas uma bofetada! Ele nunca me tinha falado assim! Vi que era coisa grave e fechei a janela.

Fechei a janela e deixei-o ir para a sala. A sala era grande e ficava ao fundo da casa. Ele lá foi, com os socos a rasto e a falar sozinho… era seu hábito… hui!, quantas vezes eu já o tinha escutado a falar assim… Mas depois, para me vingar dele, abri a janela. Ao abrir a janela vi aquelas luzes todas…, de várias cores: umas eram como a luz do sol, clarinhas; outras de um cor-de-rosa também clarinho; outras verdinhas…, mas muitas luzes!

Quando fixei melhor o olhar, aquilo saltitava de um lado para o outro…, umas mais altas e outras mais baixas (os homens são mais altos e as mulheres são mais baixas… nos enterros vão homens e mulheres). E saltitavam e iam a correr ali pela estrada fora, pelo caminho. Eu fiquei assim um pouco tonta: isto não é uma procissão de velas…, não vejo nenhuma pessoa!, só vejo ali as velas. Como é que elas saltam? E depois na frente vi uma grande luz, e essa grande luz ia lá no alto, por cima de todas! No outro dia vi o enterro e compreendi: era o mordomo que ia à frente e levava o crucifixo lá no alto. E a cabeça do Santo Cristo, aquela imagem na cruz, parecia uma roda de luz como uma tigela cheia de luz, fluorescente. Tinha uma cor… assim encarnado que não era bem encarnado… um cor-de-rosa…

E aquela luz ia na frente e comandava as outras luzes. As outras iam todas atrás dela. E eu não tive medo nenhum! Hoje é estrada, mas antigamente era um caminho fundo. E aquelas luzes meteram-se para o caminho do cemitério, e foram desaparecendo com a outra luz lá em cima.

No dia seguinte morreu um homem que vinha lá à Quinta, que eu conhecia muito bem. Ele tinha trinta e três anos e deixou uma mulher com trinta e três, trinta e um anos, com dois filhinhos. Eu fui ver o enterro, na beira da estrada, e aí vi que Cristo era mesmo a luz que ia lá em cima. Não disse nada ao meu tio porque tinha medo que ele me batesse, pois talvez ele pensasse que me acontecesse o mesmo que lhe acontecera a ele, como me contou a minha avó.

Quando ele tinha dezasseis anos, e diziam até que era um homem muito bonito… Um dia vinha de tapar uma água ali para os lados do cemitério, com um bonito chapéu (daqueles redondinhos como se usava naquele tempo) na cabeça. Então, passou por ele um grande cavalo branco que ia no caminho para Castro Laboreiro, e que atirou o chapéu dele para longe, e ele assustou-se! Assustou-se e ficou com o corpo aberto. Depois quando morria uma pessoa, ele sabia-o na véspera. Eu própria sou testemunha, pois a minha cama ficava encostada à parede do quarto ao lado do dele. De noite, ouvia-o gemer. E perguntava-lhe: Tio Cândido, o que é que teve ontem à noite? – Ah moça, eles “judiam” de mim… botam a burra à camisa; a canga às calças… judiam de mim!

Ele quando passou pelo cavalo ficou maluquinho. Mas a minha avó disse que fora com ele a uma mulher e que o fecharam com sete chaves de sete igrejas. Mas ele ficou sempre assim com o corpo aberto a estas coisas. Depois não era maluco, mas era assim bonzinho…, não se metia com ninguém. Via-se que, às vezes, com “a vista à ferida”… aquela vista, assim fixa nas pessoas… O maior sofrimento dele era à noite. Sempre a gemer, queixava-se que as pessoas se metiam com ele: “Judiam de mim!”.

Um dia encontrei-o de baixo de uma “lata”, assim deitado com os olhos abertos… Pensei que tinha tido um ataque: - Ó Tio Cândido, vossemecê o que é que tem? – Atiraram comigo…, atiraram comigo… Passaram com uma burra muito grande… - Mas aqui não passa uma burra! – Atiraram comigo moça…”.

Dª CONCEIÇÃO DE PADERNE, MELGAÇO, COM 56 ANOS

CAMINHANDO PELO MUNDO DO FANTÁSTICO DO VALE DO MINHO

ÁLVARO CAMPÊLO

REVISTA ANTROPOLÓGICAS Nº 6

2002

PADERNE MILITAR

melgaçodomonteàribeira, 26.08.23

890 b paderne 1907.jpeg

PADERNE MILITAR

(…)

A relevância militar dos monumentos religiosos poderia converter-se num pau de dois bicos para o monarca. A necessidade premente de defesa do território do reino acolhe qualquer iniciativa do fortalecimento do sistema defensivo, mas, em contrapartida, essas construções particulares poderiam servir de baluarte à rebelião contra o próprio poder régio. Essa dificuldade tem sido debatida sobretudo em relação às torres solarengas dos fidalgos, que, segundo uma lei de D. Dinis, só podiam ser levantadas mediante prévia licença régia, mas também se fez sentir em relação aos próprios monumentos religiosos.

Neste âmbito, não é, com certeza, demasiado pretensioso sublevar o papel militar do mosteiro raiano de Paderne – sem esquecermos esse outro cenóbio melgacense (o de Fiães), responsável pela construção, em meados do século XIII, e manutenção de uma torre e dezoito braças do muro da vila de Melgaço, conforme ficou exarado em documento do seu cartulário.

Passemos então aos subsídios documentais militares do mosteiro de Paderne. Antes de outros, na afonsina carta de couto, outorgada em 16 de Abril de 1141, ficou registado um escasso pormenor do dinamismo militar do século XII, nesta zona noroeste de Portugal – a tomada do castelo de Laboreiro por D. Afonso Henriques. É o próprio monarca a referir expressamente que concede a carta de couto pelo remédio da sua alma, da alma de sua mãe e dos seus parentes e pelo tributo de dez éguas com suas crias, trinta moios de vinho, um cavalo avaliado em quinhentos soldos e cem moedas de ouro, que a abadessa Elvira Sarracine lhe tinha prestado.

(…)

O tributo foi prestado quando o rei tomou o castelo de Laboreiro. Sendo esta a única fonte documental conhecida para este sucesso militar do primeiro Afonso de Portugal, dada a sua laconicidade, difícil se torna avaliar a amplitude e o enquadramento cronológico do feito. O P.e Bernardo Pintor situou-o, sem mais, nas proximidades do recontro de Valdevez. Augusto Botelho da Costa Veiga, que escreve antes, conjectura que uma reconquista portuguesa pressupõe uma evidente perda anterior da fortaleza para as forças de Leão, situando ambas as expugnações entre a batalha de Cerneja e a carta de couto de Paderne, ou seja, no “intervalo de meados de Outubro de 1140 aos princípios de Abril de 1141”. O armistício de Valdevez, por sua vez, situou-o em Setembro de 1141 – muito próximo, mas a seguir à reconquista do castelo de Laboreiro.

Apesar da manifesta proximidade, quer geográfica quer cronológica, dos embates de Laboreiro e Valdevez, parece inconcebível que, até à data, não se tenha, pelo menos, tentado relacioná-los.

 

PADERNE MILITAR

José Domingues

Boletim Cultural de Melgaço

2006

 

A TROPA EM PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 08.01.22

783 2 conv. pad..jpg

 

ENTRE O CRIME E A CADEIA: VIOLÊNCIA E MARGINALIDADE NO ALTO MINHO (1732-1870)

 

Alexandra Esteves

 

Em 1839, foi aberta uma investigação na sequência de um documento que chegou à junta de paróquia de Paderne, contendo protestos de alguns dos habitantes daquela freguesia do concelho de Melgaço, relacionadas com os cinco anos de aboletamentos contínuos que sobre eles recaíam, devido à permanência de militares na praça de Melgaço. Segundo aquele documento, reenviado ao general da província do Minho, as populações estavam obrigadas a boletos de 10 dias consecutivos de água, lenha, luz e sal. Ainda segundo a mesma queixa, em 29 de Agosto de 1839, tendo um dos habitantes falhado com a sua obrigação, por falta de meios, um oficial atacou a casa do padre Manuel Álvares, da referida freguesia, obrigando-o a fugir juntamente com a sua família. No entanto, o comandante da linha do Alto Minho apresentava uma versão diferente dos factos. Os boletos eram rotativos, afectando todas as freguesias do concelho de Melgaço, por um período de 10 dias, entre as casas mais abastadas. Em várias situações, os aboletados mais afastados do local onde permanecia a força militar substituíam a sua obrigação pelo pagamento dum montante em dinheiro. No que repeita ao episódio de Paderne, o comandante afiançava, apoiado no depoimento dos cabos de polícia e do regedor desta freguesia, que não tinha conhecimento de tal ocorrência, concluindo que era falsa a acusação levantada contra as tropas e que o documento apresentado ao general da província do Minho tinha assinaturas forjadas. De facto, várias das pessoas implicadas declararam nos seus depoimentos, por escrito, não ter assinado tal documento, como consta do excerto seguinte:

“Declaramos que não são nossas as assignaturas que nos forão aperguntadas em hum requerimento contra a tropa que ficou aquartellada no lugar de Golães, pois pello contrario se comportarão muito bem conforme hé constante.Melgaço 17 de Outubro de 1839.

Alguns dos subscritores, desconhecendo o conteúdo da queixa, insurgiram-se contra os aboletamentos, mas não contra os militares, nem contra o seu comportamento, por isso assinaram o documento, uma vez que lhe tinha sido prometido que este seria entregue à Junta de Distrito com o propósito de serem aliviados dos aboletamentos. Concluiu-se que as acusações eram falsas, algumas das assinaturas pertenciam a pessoas que nem sequer existiam, ou que eram analfabetas, ou que tinham sido aliciadas para assinarem em branco. Deste modo, tudo apontava para um esquema montado no sentido de criar um episódio que, descredibilizando o comportamento dos militares, poderia ditar o seu afastamento e, assim, promover o fim dos aboletamentos sobre os habitantes da freguesia, até porque os protestos não eram inéditos no concelho. Em 1838, na sequência de várias queixas apresentadas pelos habitantes do concelho de Melgaço, o governador civil determinou que não fosse exigida aos habitantes das povoações mais do que cama, água,sal, lenha e luz.

De facto, os povos sentiam-se vexados com este encargo, e disso mesmo davam conta aos administradores dos concelhos, que consideravam que esta era uma obrigação difícil de cumprir, sobretudo na época das sementeiras e colheitas, quando eram mais intensas as tarefas no campo. Para além deste encargo, as populações estavam ainda sujeitas aos abusos e excessos praticados pelos militares. As sucessivas deserções de soldados armados, que ocorriam neste período, em nada contribuíam para a segurança da região e para a dignificação da classe junto da opinião pública.

 

http://academia.edu

O MOSTEIRO DE S. SALVADOR DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 30.09.17

 

 

29 d2 - o mosteiro s salvador paderne.jpg

 

Quando, há um ano, se procedia à inventariação e catalogação dum acervo precioso de documentos avulsos dos séculos XVII e XVIII existentes na Secção de Manuscritos do Arquivo Distrital de Braga, descobrimos, num maço de prazos de casas sitas em Ponte de Lima, uma «Carta de Sentença» de 1627 e relativa à demanda que opôs, como autor, o Mosteiro de S. Salvador de Paderne ao réu Gregório de Mogueimas Fajardo, senhor da Quinta de Pontiselas e descendente do «primeiro comendatário de Paderne», segundo Felgueiras Gaio.

Testemunho inédito desta demanda até agora ignorada, o documento descoberto possui também outras informações relevantes, que justificam plenamente a sua análise e que podem ser incluídas em três grupos: no primeiro estão os dados de carácter económico envolvidos na descrição do valor e natureza da renda causadora do litígio; no segundo temos as referências à localização e origem das Casas da Quinta de Pontiselas, que ainda hoje existem apesar das grandes alterações sofridas e que constituem na sua singeleza uma peça valiosa do património arquitectónico melgacense e no terceiro encontram-se os nomes, os quais serviram de ponto de partida ao esboço genealógico da família do réu.

Seguindo a peugada dos teóricos da «História Nova» convém defender o uso, no âmbito da historiografia nacional, da análise globalizante dos documentos, que consiste em extrair das fontes a trama de relações, problemas e referências aí contida.

 

SOBREIRO DE PADERNE E ERVA-LOIRA DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 30.03.13

 

 

O SOBREIRO DE PADERNE

 

 

   Um dos maiores sobreiros da região minhota, localizado junto ao Parque Termal do Peso, na freguesia de Paderne, concelho de Melgaço.

   Este sobreiro centenário, de proporções gigantescas, com os seus 23 metros, está classificado desde 1940 e terá sido das primeiras árvores a ser classificadas após a aprovação do Decreto-Lei nº 28468, dois anos antes, em 1938.

 

Retirado de:

 

Sobreiro – Árvore Nacional de Portugal

 

http://networkedblogs.com/gNbOP

 

 

 

 

ERVA-LOIRA DE MELGAÇO

 

 

Nomes vulgares: nenhum em português; em castelhano: barra de oro, lengua de perro, orval

Ecologia: prados húmidos e margens de ribeiros, por vezes sob coberto de árvores caducifólias

Distribuição global: endemismo do noroeste peninsular (se não se reconhecer a subsp. legionensis, como fazem alguns autores, a distribuição é muito mais ampla, abrangendo Marrocos e estendendo-se da Península Ibérica à Itália e à Europa central)

Distribuição em Portugal: planalto de Castro Laboreiro

Época de floração: Junho – Julho

Data e local das fotos: 30 de Junho de 2012, aldeia do Rodeiro, Castro Laboreiro

Informações adicionais: herbácea perene que pode superar 1,6 m de altura, quase glabra, com folhas de margens inteiras e capítulos florais com poucas “pétalas”; a sua presença no extremo norte de Portugal já tinha sido assinalada nas floras de António Xavier Pereira Coutinho (1939) e de Gonçalo Sampaio (1947), mas Amaral Franco, no vol. II da sua Nova Flora de Portugal, “corrigiu” essa referência para Senecio nemorensis subsp. fuchsii, cuja ocorrência no nosso país é incerta; só em 1999, é que a verdade foi reposta

 

Publicado por Paula Araújo em 22. 8. 12

em

 

Dias com árvores

 

http://dias-com-arvores.blogspot.pt

 

A GALIZA NO ROMÂNICO EM MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

A GALIZA NO ROMÂNICO EM MELGAÇO

 

 

O estilo românico surge, em Portugal, nos finais do século XI no âmbito de um fenómeno mais vasto de europeização da cultura, que trouxe para a Península Ibérica a reforma monástica clunicense e a liturgia romana. A chegada das Ordens Religiosas de Cluny, Cister, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e das Ordens Militares, Templários e Hospitalários, também deve ser enquadrada no processo da Reconquista e da organização do território.

 

Na margem esquerda do Minho, na sua parte mais Oriental, há um grupo de igrejas românicas que acusa influências galegas, entre as quais se destacam a igreja de S. Salvador de Paderne e a capela de Nossa Senhora da Orada, ambas no concelho de Melgaço. No entanto, estes templos apresentam uma escultura muito diversa dos anteriores. Se, por um lado, estas construções tem uma cronologia menos recuada, reportando-se a meados do século XIII, por outro, os influxos que receberam da Galiza, no que diz respeito à tipologia das peças e aos motivos da escultura, foram adoptados profusamente na província de Ourense. As soluções da escultura destas igrejas portuguesas encontram paralelo nos programas adoptado nas igrejas cistercenses da Galiza.

 

Retirado de:

 

 A ARQUITECTURA ROMÂNICA E A PAISAGEM

 

www.rotadoromanico.com/Galeria/Publicações/Monografia/arquitectura

 

A PADERNE O QUE É DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

Acresce ainda que era na banda lateral, norte, conforme nos garantem inscrições funerárias, que estava a ala dos túmulos pelo que esse portal o requeria. (…). Curiosamente, a epígrafe de uma dessas inscrições obituárias respeita a um “R. Garcia, que fez este templo”, falecido em Dezembro de 1255 – tratar-se-á de um dos mestres da obra? A igreja albergava ainda outras estruturas tumulares, algumas das quais, como as duas tampas de sarcófago que se recolhem hoje no Museu Soares dos Reis, Porto, se podem considerar verdadeiras obras de arte. As duas peças referidas parecem ter sido retiradas da igreja no início deste século (séc. XX), devido a receios de arruinamento das coberturas e paredes. Trata-se de duas estátuas jacentes, uma retratando um cavaleiro, talvez um patrono do mosteiro e outra um membro de uma comunidade religiosa, eventualmente um prior de Paderne. Pelo relativo arcaísmo técnico-estilístico, atribui-se-lhes uma cronologia em torno de meados e segunda metade do século XIII, podendo portanto ser consideradas duas das esculturas mais antigas desse género, em Portugal.

 

Autor: Luís Fonte

 

RETIRADO DE: GeneAll.net

 

http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=79541&fview=e

 

TOCADOR DE AEROFONE EM S. SALVADOR DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Convento de Paderne

 

 

   A Igreja de S. Salvador de Paderne foi sagrada pelo bispo de Tuy em 1130, sendo que o actual edifício foi consagrado em 1264, por D. Egídio, bispo de Tuy, após reconstrução. Fazia parte do conjunto de mosteiros que concediam apoio e segurança aos peregrinos. Inicialmente teve uma ocupação feminina, passando depois para uma comunidade masculina, no século XIII, pelo menos após 1225, para a Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.

   O capitel situado no ângulo nordeste do transepto destaca-se dos outros elementos, não só pela diferença do material de suporte, calcário em vez de granito (provavelmente um reaproveitamento de materiais), mas também pelo tema, apresentando elementos figurativos. No cesto, em forma de trapézio invertido, destaca-se, na face central, um personagem, despido, de braços abertos e com o que parece ser um báculo na mão direita; com a esquerda parece resgatar, da boca de um monstro, um homem. Da esquina para a face esquerda duas serpentes enroladas, sugerindo o carácter demoníaco da representação, mordem um quadrúpede. Na face direita está um arauto, um tocador de aerofone, instrumento de feitura bastante rude e já um pouco danificado. Não se trata de alusão a qualquer prática musical, mas antes uma representação plástica de mensagem sonora, a difusão oral da mensagem cristã, como que chamando à atenção dos fiéis para a meditação sobre esta representação, para os perigos de cair em pecado. O instrumento assume então com um significado simbólico, como veículo de transmissão de uma mensagem aos fiéis, ao mesmo tempo que sinal de alerta. Este tema não é de leitura imediata, mas pode ler-se, também segundo a opinião de A. Miranda, com o significado do episódio “Daniel na cova dos leões”, (Dn, 14, 39-42), (Miranda, 2001:192).

Retirado de:

 

www.fcsh.unl.pt/iem/medievalista

 

TERMAS E NASCENTES

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

    Identificação – Pinheiral da Rocha

 

   À entrada de Cristoval tomar à esquerda o caminho Canais, a estrada termina em Caneiros, propriedade na margem esquerda do rio Trancoso.

   Indicações – Digestiva e muito leve (ausência de cálcio).

   É semelhante à água do Peso em Melgaço, tem o mesmo sabor, já foi engarrafada.

   A água brota de um maciço rochoso ao qual se anexou uma pequena oficina de engarrafamento.

   Uso particular – encontra-se na propriedade do João Evangelista Pires, morador em Cristoval.

   Analisada por C. Lepierre, esta água teve grande fama e foi mesmo engarrafada e comercializada.

   Bibliografia – Almeida 1988

   “Depois desta recolha tentei saber um pouco mais sobre estas águas, já que se falava em engarrafamento, o que  para mim (só faço a recolha dos textos publicados) significava avultado investimento, ou de outra forma de dizer, ter capitais. Que o João E. Pires tinha cabedal para isso, não sei.”

   Outra fonte fiável de S. Gregório torceu o nariz quando falei no assunto; não via aquela pessoa a investir em água quando havia outras coisas mais rentosas.

   Cheguei a Melgaço e com ela já fisgada, fui falar com o Francisco Pereira. O Francisco ouviu e como eu não abri logo o jogo fechou-se em copas. Insisti…

   Insisti no assunto até que falamos de água e quem era dono da água.

 

   O local onde corria e foi engarrafada a água pertencia ao Sn.r José Pereira e agora a herdeiros; nunca foi pertença de João E. Pires.

   Zé Pereira, nome grande da praça comercial de Melgaço, junto dum Mareco, dum Emiliano Igrejas, dum Manuel da Garagem e outros que durante anos foram o sustento de muitas famílias no concelho.

   Aproveito para dizer que ainda hoje lembro o Sn.r Zé Pereira, o Sn.r Claudino e o Francisco Pereira que enchia cartuxos de café quando estava de castigo.”

 

   Identificação – Pesqueira Longa (Paços)

 

   Saindo da povoação em direcção ao rio Minho, na margem deste entre arbustos encontra-se a nascente. (Almeida 1988)

   Indicações - Digestivas e diuréticas.

   Pesqueira Longa, termo de Melgaço fonte medicinal citada por Reis (1779). Acciaiuoli (1944) repete o texto do autor anterior. Almeida (1988) além de nos dar a sua localização acrescenta: “… tão perto das margens que as cheias do rio facilmente a cobrem, encontra-se a nascente que o povo denomina de água férrea. É grata ao paladar e muita gente a procura por lhe encontrar propriedades digestivas e diuréticas.”

   Bibliografia – Acciaiuoli 1944, Almeida 1988, Reis 1779

 

   Identificação – Caldas de Paderne

 

   Perto do Convento de Paderne, dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho (Aquilegio, 1726).

   Estas caldas segundo o Aquilegio, tiveram grande concorrência, mas já à época da redacção desta obra se achavam “cobertas de terra”.

   Bibliografia – Acciaiuoli 1944, Almeida 1988, Henriques 1726

 

Texto retirado de www.aguas.ics.ul.pt com anexos de Camborio Refugiado

 

PATRIMÓNIO DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 07.03.13

 

 

MACEDO, Diogo de

 

Iconografia Tumular Portuguesa. Subsídios para a formação de um museu de arte comparada. Lisboa, 1934

 

 15

 

refere:

 

… No Porto, arquivadas hoje no claustro de São Lázaro, existem duas coberturas de urna …, que Rocha Peixoto … trouxe de Melgaço, da … igreja de Paderne. Dúvidas há sobre a data e identidade dessas imagens. Uns a incluem na arte castreja e nelas presumem as figuras do Conde Hermenegildo, conde de Tuy, e da Condessa D. Paterna, cónega de Santo Agostinho, falecida em 1140; outros, porém, vêem ali um cavaleiro e um abade, de era mais recente, o que não queremos acertado…

 

pomar@mail.telepac.pt

11/12/97

O nome e opinião de Diogo de Macedo e Rocha Peixoto terão que ser levados em consideração como muito válidos e as diversas formas como tem sido distinguidos ao longo dos anos provam o seu valor a nível de investigação e divulgação da nossa história .

 

Será que para a Junta de Freguesia de Paderne ou para a vereação da Cultura da C. M. Melgaço este texto deverá ser levado em conta? O Núcleo Museológico de Melgaço? Conhecerão a Foz do Rio Trancoso 42’ 9’15’’? Eu gostava que sim.

 

 

Camborio Refugiado