CASTRO LABOREIRO HOJE III
Castro Laboreiro, Portelinha - Relato de um ataque lupino Por: Polen Alua
Recomeçar no interior
Se a maioria das pessoas foge de Castro Laboreiro por causa do desemprego e do isolamento, Vítor e Diana vieram para cá, há dois anos, em busca de uma vida melhor. Ou, pelo menos, diferente.
Ele é natural de Alcobaça, ela é do Porto e foi na Invicta que se conheceram. “Eu trabalho em azulejaria há 14 anos, mas, nos últimos tempos, o volume de trabalho estava a diminuir bastante”, começa Vítor. Até que conhece Diana, uma técnica de ilustração que nunca conseguiu emprego nem na sua área, nem em nenhuma outra.
Para este casal, é ilusória a ideia de que as oportunidades são um exclusivo das grandes cidades. “Temos a nossa pequena horta” afirma Vítor com orgulho. “E aqui aprendemos com as pessoas da terra a cultivá-la e a colher os frutos desse trabalho”, conclui Diana com entusiasmo.
E ter filhos? Na resposta, multiplicam-se dúvidas e receios. A isso não é alheia a falta de serviços essenciais de saúde nas proximidades. Diana aponta culpas “ao Governo e ao poder local, que lavaram as mãos em relação ao que faz mais falta no interior”. Mas também reconhece que “sem crianças não há evolução, sem evolução não há necessidade de serviços essenciais e sem serviços essenciais não há população”.
À beira do fim?
O ciclo vicioso é difícil de ser estancado e está em linha com a tendência dos últimos 20 anos. Castro Laboreiro perdeu mais de mil habitantes nesse período. “Uns porque morreram, outros porque emigraram e já não voltam”, lamenta Elisabete Sousa.
Se o êxodo a que se tem assistido não for travado ou compensado com gente nova, “daqui por vinte anos, os velhos já morreram”. Restarão as casas de granito e os campos abandonados. Depois disso, quem virá para Castro Laboreiro? “Ninguém”.
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