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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, TRANSACÇÕES COMERCIAIS NO SEC. XV

melgaçodomonteàribeira, 07.01.17

14 b2 - figuras medievais.jpg

festa da cultura

 

 

A FRONTEIRA DO MINHO NOS FINAIS DA IDADE MÉDIA: ASPECTOS SÓCIO-ECONÓMICOS

(…)

 A perturbação das relações de vizinhança era uma constante exposta ao monarca desde Caminha até Ponte de Lima. As vilas de Melgaço e Castro Laboreiro também não deixaram de fazer chegar ao seu conhecimento, os problemas que mais os afligiam. Na verdade, o que mais preocupava os moradores da vila de Melgaço era o estrangulamento económico provocado pelo pagamento das portagens, extensivo aos moradores do termo.

Por isso, os seus procuradores, pediram e obtiveram, para os moradores da vila e seu termo, isenção de portagem de tudo o que levassem e trouxessem de outros lugares do reino e fora dele, para se estimular a vida comercial e económica local.

Quanto aos moradores de Castro Laboreiro, por carta outorgada a D. Afonso V, sabemos que era costume antigo vizinharem com as vilas galegas de Milmanda e Araújo, consubstanciado no privilégio de fronteira livre, que lhes permitia transaccionar e transportar, sem quaisquer «embarguo» ou «contradiçom», pão, vinho e outras coisas necessárias e na regalia de irem lá apascentar os seus gados, podendo por sua vez, os moradores das referidas vilas galegas vir apascentar os seus nos montes de Laboreiro.

A intensa acção fiscalizadora dos guardas dos portos atingia frequentemente os galegos com a perda dos gados e restantes mercadorias. Fruto do afastamento a que tais atitudes os levavam, a população de Laboreiro entrava num acentuado isolamento que gerava grandes problemas de subsistência, até então atenuadas com o trato com as ditas populações galegas. Para fazer face a esta situação de necessidade D. Afonso V teve de abrir mais uma excepção às leis atinentes à guarda das fronteiras, «porquanto a dicta terra era muito fragosa e se ho assy nam fezessem se nam poderiam manter nem soportar ouvemos por bem elles vizinharem e trautarem com os sobredictos assy como sempre teveram de custume».

Ficaram assim demonstradas as dificuldades levantadas às populações do Alto Minho pelos guardas dos portos em meados do século XV, obstáculo que o monarca resolveu através da concessão e/ou confirmação de privilégios.

Das várias cartas de privilégios outorgadas pelo rei conclui-se que as mercadorias mais transaccionadas na fronteira do Alto Minho eram: pão, vinho, carnes, pescado, sal, gado (bovino e cavalar), ouro, prata, moeda, ferro e aço, além de outras não especificadas.

Na base destas transacções comerciais, legais ou fraudulentas, estava a prática de um tradicional convívio entre as populações do entre Minho e Lima e do reino de Castela, dificultado e até interrompido por disposições do poder central.

 

Teresa de Jesus Rodrigues

Revista da Faculdade de Letras

 

http://ler.letras.up.pt

 

A GAFARIA DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 06.04.13

 

Capela de S. Julião - Melgaço

 

OS GAFOS

 

 

   Secundando o parecer de alguns etnógrafos limaranenses, o distintivo que ornamenta esta singularidade agiológica, isto é, o chocalho, só pode relacionar-se com a presença de leprosos na serra. Deviam ter-se refugiado aqui bastantes, quando, na Idade Média, se procurou extinguir violentamente a endemia leprosa que grassava por toda a Europa. Da sua larga existência no Alto-Minho, há notícia verídica e vestígios evidentes, comprovados pelas três leprosarias que nesta província funcionaram: uma em Viana do Castelo, outra em Ponte de Lima e a terceira em Melgaço. Logo que a endemia declinou, os lazaretos fecharam, mas os gafos persistiram, escondidos ou foragidos.

 

   A Gafaria de Melgaço, que se comprova ter existido anteriormente a 1531, conhecida por Hospital de S. Gião e erecta sob a invocação deste santo, constava duma pequena casa com igreja anexa, onde não podiam ser internados mais do que uns 3 ou 4 leprosos. É o que consta da doação de rendas deste hospital à confraria da Misericórdia. Restam vestígios da sua existência na actual capela de S. Julião (a antiga casa dos gafos) na frente da qual colocaram o formoso cruzeiro do mesmo nome (monumento nacional).

 

 

Retirado de:

O Santo do Chocalho            

por: Dr. José Crespo

 

http://gib.cm-viana-castelo.pt/documentos/20080515141915.pdf

 

LUIZ FILIPE, CARICATURISTA, ANTI-SIDONISTA

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

LUIS FILIPE GONZAGA PINTO RODRIGUES


(n. Melgaço, 21/03/1887 – m. Viana do Castelo 10/08/1949).

Advogado e caricaturista. Estudava direito em Coimbra, quando sentiu o apelo das artes. Fez parte do grupo de Coimbra, centro germinador e propagador do modernismo em Portugal. Foi director artístico de A Farça, colaborando também em O Povo, Limia, A Águia, Folha de Viana, A Montanha, A Rajada, A Bomba, entre outros.

Findo o curso voltou para o Minho e acabou por dar prioridade à carreira de advogado. Mas nunca deixou morrer o gosto pela ilustração.

Ainda enviou trabalhos para o 2º Salão de Modernistas do Porto e, em 1919, quando foi preso como anti-sidonista publicou no jornal policopiado A Velha.

Mais tarde, depois de ter retomado a sua actividade profissional, desenhou cartazes para as festas da Sr.ª da Agonia. Já na década de trinta realizou uma exposição de caricaturas de figuras vianenses.

 

Retirado de:

 

http://hemerotecadigital.cmlisboa.pt/Fichashistoricas/ASatira.pdf

 

MELGAÇO EM A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

A ILUSTRE CASA DE RAMIRES

 

    Gonçalo vergou os ombros, confessou que se ocupara de toda essa heráldica história por um motivo bem rasteiro – por miséria!...

   — Por miséria?

   — Sim, prima Maria, por penúria de moeda, de cobres.

   — Conte! conte! Olhe, a Anica está ansiosa…

   — Quer saber, Sra. D. Ana?... Pois foi em Coimbra, no meu segundo ano de Coimbra. Os companheiros e eu chegamos a não juntar entre todos um vintém. Nem para cigarros! Nem para o sagrado decilitro de carrascão e as três azeitonas do dever… Um deles então, rapaz muito engraçado, de Melgaço, surdiu com a idéia estupenda de que eu escrevesse aos meus parentes de França, a esses Cleves, a esses Tancarvilles, senhores decerto imensamente ricos, e solicitasse, com desembaraço, um emprestimozinho de trezentos francos.

D. Ana não conteve um riso, sinceramente divertido:

   — Ai! tem muita graça!

   — Mas não teve resultado, minha senhora… Já não existem Cleves, nem Tancarvilles! Todas essas grandes famílias feudais findaram, se fundiram noutras casas, até na casa de França. E o meu Padre Soeiro, apesar de todo seu saber genealógico, nunca conseguiu descobrir quem as representava com bastante afinidade para me emprestar, a mim parente pobre de Portugal, esses trezentos francos.

 

 Pag. 225

 

 A Ilustre Casa de Ramires


Eça de Queiroz


Edição «Livros do Brasil» Lisboa


Arquivado em: melgaço história, cultura

 

NÃO ESQUECEREMOS - CASTRO LABOREIRO E O DRAMA DOS REFUGIADOS

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

GALIZA E PORTUGAL: IDENTIDADES E FRONTEIRAS

 

O DRAMA DOS REFUGIADOS

 

   “Um dos maiores crimes de Salazar foi a entrega de refugiados às autoridades nacionalistas espanholas” (Prof. Emídio Guerreiro)

   Pelos relatos dos interrogatórios da PVDE a oficiais republicanos espanhóis refugiados em Portugal e comunicações da Guarda Fiscal, documentos constantes do Arquivo da PIDE/DGS e outros organismos, ficamos a saber como eram tratados e que resposta davam os refugiados republicanos em Portugal. Transcrevemos extractos de um desses relatórios da PVDE, datado de 27 de Setembro de 1937, pelo conteúdo em si e pela referência a refugiados galegos. Pelos relatórios da PVDE, vê-se que a ordem era de caça aos fugitivos que tentavam, em situação de desespero, internar-se em Portugal. Os relatos demonstram a crueza do tratamento dado aos exilados:

   “Nas regiões montanhosas de Castro Laboreiro encontram-se escondidos nas furnas, em plena montanha, desde princípio da guerra em Espanha, bastantes espanhóis. Esta polícia tem feito algumas surtidas que, dada a configuração do terreno e uma frente de 50 quilómetros, têm sido pouco profícuas. No entanto, graças à coragem de alguns agentes, vários destes indivíduos têm sido capturados e, na realidade, em circunstâncias um pouco bélicas, por vezes. Geralmente, na montanha, estes indivíduos respondem com a fuga, ou com tiros, à intimação de “Alto”. (…) Da refrega com sete meliantes resultou a captura de dois espanhóis, que foram imediatamente entregues às autoridades fronteiriças espanholas. Tem estado em estudo uma batida em forma a fazer naquela região, mas na opinião da GNR e GF tal batida só será profícua se empregarmos pelo menos duas Companhias de Cavalaria, o que seria dispendiosíssimo… (…) O perigo que oferecem estes indivíduos não obriga a tal despesa.

 

 Retirado de:

 

 Galiza e Portugal: identidades e fronteiras


 José Marques Fernandes

 

 Actas do IV Simpósio Internacional Luso-Galaico de Filosofia, Santiago, 2003; pp. 121-130

 

 http://books.google.pt

 

OS SERVIÇOS SECRETOS USA E MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Artur Teixeira

 

 

DIÁRIO DE NOTÍCIAS, QUINTA-FEIRA, 30 JANEIRO 1997

 

 OURO

 

FIÃES SERIA O TRAMPOLIM PARA ESPANHA

 

Carlos Carvalho

 

    Por Fiães, junto à actual fronteira pedestre de São Gregório, alguns quilómetros acima de Melgaço, terá passado ouro e volfrâmio para Espanha, dali para França e com destino à Alemanha. O assunto é abordado em surdina na vila minhota, mas ninguém quer dar a cara, temendo qualquer tipo de represália das autoridades.

   O minério seria proveniente de algumas minas do Norte do País, chegando a Melgaço, onde contrabandistas engendrariam o esquema de fazer passar a mercadoria para lá da fronteira. O DN sabe que Artur Teixeira, natural de Melgaço e entretanto falecido, seria um dos líderes ou mesmo o cabecilha da quadrilha, confirmando a informação dos serviços secretos norte-americanos, que, em 1945, o referenciavam como membro de uma “sociedade de contrabando”.

   Artur Teixeira é um dos muitos nomes apontados em relatórios de espiões americanos, elaborados em 1945 a partir de Lisboa, como o DN revelou no domingo. Um tema também abordado pela revista Visão na quinta-feira.

   Populares da vila, que pediram anonimato, recordam ter sido essa a forma de Artur Teixeira e seus pares enriquecerem – os americanos falam em 24 mil contos na altura. “Ele emprestava aos mil e dois mil contos, comprou inúmeras propriedades. Tinha muitas posses”, garantem.

   Ao que o DN apurou, o homem conseguiu instalar um posto de abastecimento de combustível – único em Melgaço -, montou uma empresa de camionagem, que servia o concelho e terras vizinhas, e abriu uma agência de câmbios, resultado de “importantes contactos em instituições bancárias do Porto”.

   Por razões desconhecidas, perdeu quase tudo. Às duas filhas, uma delas solteira e ainda ali a viver, não se lhe conhecem grandes valores. Sabe-se, apenas, que o Tribunal de Melgaço nomeou um gestor para a empresa de camionagem, depois de ser declarada falência.

   Apenas por Fiães passaria para a Alemanha ouro e volfrâmio, destinado ao fabrico de armas. O negócio terminaria em finais de 1944 ou 45, pouco depois dos Aliados terem libertado a França do domínio nazi.

   Nunca o rio Minho terá sido utilizado para transferir a mercadoria de um lado para o outro da fronteira. A divisão natural dos dois países serviu, isso sim, para o contrabando de pequenos produtos e géneros alimentares, muito em voga na altura.

 

(continua)

 

O PEUGEOT DA D. HELENA OU RELATOS DA GUERRA COLONIAL

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Spínola

 

 

UM MELGACENSE NA GUERRA COLONIAL

 

 

    Relato de Luís

    Com o Fontinha sou chamado ao capitão: a missão é destruir material explosivo despejado para o efeito numa cratera lá para as bandas da bolanha.

………………..

    Estávamos neste compasso de descanso quando, vindo do lado do rio, aparece o Aspirante Comando de sua graça Esteves (creio) – já o conhecia de Lamego onde à altura era Furriel, se não estou em erro – que nos interpela do que estamos a fazer. Esclarecido e sem mais delongas, dizendo que resolve o problema… saca de duas granadas e atira-as para o buraco sem dar tempo a qualquer contraposição argumentativa da nossa parte. Obviamente afastámo-nos rápido!!

    Fiquei expectante e… lixado!! Podia ser que resultasse, quem sabe?

    Bum?!... foi só bum! f***-se… ao menos podia ser bbbbbuummmm.

    Tempo de segurança dado e aproximámo-nos. O Esteves olhou e … retomou o seu caminho. Cobras, lagartos e faíscas à mistura com palavras feias, saíram em janela dos meus olhos na sua direcção! A intenção dele foi boa mas… precipitada e impensada!

 

    Relato de Jorge

    Ainda hoje me arrepio, só de me lembrar desse momento. Ambos conhecíamos o Esteves, dos tempos de Lamego. Mais tu, que com ele privaste nos Comandos, comandados pelo então Capitão Jaime Neves. Já na altura ele havia granjeado fama de maluco e algo irresponsável e essa fama chegou aos nossos ouvidos, nos Ranger’s em Penude!

   O certo é que depois de fazer o que fez, nos deixou entregues ao nosso petisco, não querendo e não lhe apetecendo participar nele.

 

    Aquele abraço

   

    Jorge

    Camarada Luís

    Conheci bem o Alferes Esteves (há uma confusão com o posto, quando o conheceste em Lamego, era Aspirante, tinha sido FurMil na 4ª C comandos em Moçambique). Em Junho de 1971, julgo que ainda estava na 26ª, mais tarde teve problemas com o comandante de companhia e foi afastado.

   Maluco, era concerteza, irresponsável tenho dúvidas, com essa característica as consequências operacionais seriam graves.

Lembro que em 6/1/1972, fazia 24 anos, cheguei ao fim da tarde a Bissau num heli que me trouxe do Saltinho. Já vinha com os copos e o único conhecido que encontrei para o jantar foi o Esteves.

   Fomos ao Solar dos Dez, onde numa das paredes existia um buraco resultante de um tiro dado com um revolver que o Esteves normalmente transportava.

   Acabou por ser mais uma noite louca, tendo-se juntado a nós o Major Gaspar, talvez ainda mais doida que o Esteves.

   Este era natural de Castro Laboreiro, contrabandista na adolescência, habituado a escapar à Guarda Fiscal e Guardia Civil.

   Outras noites acabavam em problemas com a Polícia Militar, etc.

   Já em tempos escrevi no blogue, a última noite que ele passou em Bissau, quando eu e outros camaradas o fomos encontrar, de braço engessado, no Pilão, rodeado por uma multidão enfurecida…

   Continuou com pancada.

   Há meia dúzia de anos que não sei mais nada do Esteves.

 

    Abraço

     Santiago

     Seguimos em direcção ao Pilão, com o Tomás a fazer uma condução à maluca. Falou numa cabo-verdiana que nenhum de nós conhecia, que ficaria perto da casa da Eugénia, essa conhecia eu bem. Corremos imensas ruas e ruelas do Pilão, eram tantos os saltos que o carro dava que o Rita já dizia estar a apanhar mais pancada que numa tempestade no mar. A determinada altura, uma das rodas do carro cai num buraco com grande violência, ouve-se um barulho de latas e ficamos com menos luz.O Tomás para o Peugeot e saímos para verificar o sucedido. Com a pancada um dos faróis saltara do encaixe, ficando virado para o solo, preso pelos fios de ligação.

    Nenhum problema, continuamos às voltas, à procura das gaijas que nenhum conseguia dizer onde ficavam e o farol acabou por cair, ninguém soube onde. Aí pelas três da manhã, chegamos a um local do Pilão onde se encontrava  um grande aglomerado de pessoas, em estado de grande exaltação. Paramos, saímos do carro e vemos no meio daquele maralhal o Alf Mil Esteves, de braço engessado ao peito, prestes a levar, na melhor das hipóteses, uma grande carga de pancada.

    O comandante Rita, graças à sua estatura, vai furando, connosco atrás até chegarmos ao Esteves, também de cabeça perdida. O que se passara?

    - O caaralho do Oliveira trouxe-me para aqui, bateu à porta daquela gaja, ela diz que está ocupada, o caabrão manda um pontapé na porta, rebenta-a, a tipa grita, começa a juntar-se este maralhal e o gajo deixou-me sozinho.

Foi complicado acalmar aquela gente mas conseguiu-se. Foi mais um passageiro para o maltratado 404. O Tomás ficou no Palácio e, nós os cinco, viemos beber mais um copo ao Orion. O Esteves embarcava nessa manhã para Lisboa, em fim de comissão.

    Alguém tem que reparar o Peugeot da D. Helena Spínola.

 

    PS – O Oliveira era Tenente dos Comandos. Pertencera à 26ª e estivera em Fá com o Miquelina Simões a formar a 2ª CCA (Companhia de Comandos Africanos). O Esteves fora Fur Mil na 4ª CCmds em Moçambique e Alf na 26ª, até apanhar uma porrada e ser transferido para Teixeira Pinto onde teve um acidente do qual resultou um braço partido. Tive com ele várias histórias.

 

     Santiago

 

     TEXTOS RETIRADOS DA NET POR

 

   CAMBORIO REFUGIADO

 

O ALCAIDE-MOR DE MELGAÇO E OS CRIMINOSOS GALEGOS

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

A FRONTEIRA DO MINHO ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA GALAICO-MINHOTA,


NA IDADE MÉDIA

 

 

Por: Prof. Dr. José Marques

Estudos em homenagem a Luís António de Oliveira Ramos

Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004

 

 

   Anos mais tarde, precisamente, em 1500, era a Câmara de Melgaço que se dirigia a D. Manuel a pedir-lhe que se dignasse confirmar-lhe um acordo ou deliberação por ela tomada no sentido de manter a paz e a concórdia no âmbito deste concelho nortenho. Sabia a vereação melgacense que o ambiente social era perturbado quando alguns “galegos de capa en colo”, que tinham cometido nas suas terras crimes graves, como mortes, roubos, etc., escapavam para Portugal e vinham instalar-se em Melgaço. Afim de evitar que a presença destas pessoas provocasse situações de insegurança na vila e no concelho, foi decidido em reunião camarária que “por se escusarem yso mesmo outros inconvenientes de nosso serviço elles (os juízes e oficiais da Câmara) fizeram acordo em camará que os taaes galegos de capa en colo que os ditos malefícios graves no dicto regnnode Galiza cometessem non fossem consentidos nem acolhidos na dita villa”.

   O alcaide-mor do castelo de Melgaço, Pedro de Castro, que dava acolhimento aos referidos criminosos, opunha-se a esta deliberação camarária, pelo que a vereação expôs o assunto a D. Manuel I, pedindo-lhe que se dignasse confirmar o referido acordo. O monarca, apreciou o pedido e, tendo-o considerado “justo e honesto”confirmou-o e mandou que tais criminosos galegos não pudessem ser acolhidos nem permanecessem na vila nem, obviamente, no concelho de Melgaço.

   Embora o objectivo imediato fosse assegurar a paz e concórdia nesta localidade do Alto Minho, espaço aberto também os galegos que por bem viessem, esta medida visava claramente o combate aos crime e ao banditismo internacionais, que os portugueses do vale do Minho não toleravam, se é permitido usar esta linguagem.

 

Ler em: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5005.pdf

 

O CORETO DO MESTRE MORAIS

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

O que buscas orfãozinho

Assim vestido de preto?

Eu, pobre desgraçadinho

Busco, o Morais, o paizinho

E também busco o coreto

 

A tua mãe onde está?

Não sei se é viva se é morta,

Andava a passar, p’ra lá

Em companhia do Ná,

Tripa no tempo da “Frota”

 

Agora não tenho pai

E mãe decerto morreu,

Razão porque ando de preto,

Mas o pequeno coreto

Onde é que ele se meteu?

 

Vasquinho


A PADERNE O QUE É DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

Acresce ainda que era na banda lateral, norte, conforme nos garantem inscrições funerárias, que estava a ala dos túmulos pelo que esse portal o requeria. (…). Curiosamente, a epígrafe de uma dessas inscrições obituárias respeita a um “R. Garcia, que fez este templo”, falecido em Dezembro de 1255 – tratar-se-á de um dos mestres da obra? A igreja albergava ainda outras estruturas tumulares, algumas das quais, como as duas tampas de sarcófago que se recolhem hoje no Museu Soares dos Reis, Porto, se podem considerar verdadeiras obras de arte. As duas peças referidas parecem ter sido retiradas da igreja no início deste século (séc. XX), devido a receios de arruinamento das coberturas e paredes. Trata-se de duas estátuas jacentes, uma retratando um cavaleiro, talvez um patrono do mosteiro e outra um membro de uma comunidade religiosa, eventualmente um prior de Paderne. Pelo relativo arcaísmo técnico-estilístico, atribui-se-lhes uma cronologia em torno de meados e segunda metade do século XIII, podendo portanto ser consideradas duas das esculturas mais antigas desse género, em Portugal.

 

Autor: Luís Fonte

 

RETIRADO DE: GeneAll.net

 

http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=79541&fview=e