O MESTRE DA LATOARIA
ti raúl cataluna
RAUL FERREIRA CARDOSO
Raul Ferreira Cardoso, vulgarmente conhecido por «Raul Cataluna», foi um destacado «Mestre de Latoaria». Casado com Maria Alzira da Costa Velho, teve uma prole numerosa (7 filhos) e para a criar foi, além de latoeiro, canalizador, músico e taberneiro.
Embora nascido na freguesia de S. Nicolau, Porto, a sua longa vida viveu-a em Melgaço, na Rua Direita, onde faleceu em 18 de Março de 1976.
Distinguiu-se como artista, na Lotoaria e no Cobre, e, ainda, como, homem de rara caridade. A Guerra Mundial trouxe a fome a muitos lares, mas não entrou em casa de Raul Cataluna, porque o seu trabalho lhe dava o suficiente para a família, e, ainda, lhe permitia levar para casa pessoas a quem dava a sopa, que nem sequer tinham em casa.
Como canalizador trabalhou em Melgaço, em Monção, onde fez o encanamento na casa de teatro, em várias escolas de Âncora, na cadeia da Vila e na Alfândega de S. Gregório.
Mas foi como latoeiro que se destacou.
Em folha de flandres e cobre fez Capelas, Oratórios, Crucifixos, Santuários, Lanternas, que oferecia a familiares e amigos.
As lanternas para igreja Matriz da Vila fê-las em homenagem ao seu mestre João Reis, mais conhecido como João Latoeiro. O Mestre havia feito essa promessa a favor do seu filho António Reis, o qual fora para a Grande Guerra de 1914 a 1918, promessa que implorava do Céu o regresso com vida e saúde. Assim aconteceu.
O Mestre João Reis, porque a morte o chamou antes de poder cumprir a promessa, encontrou em Raul Cataluna o executor da sua vontade.
Algumas das suas obras ofereceu-as aos quatro filhos, que trabalhavam em França; as lanternas para Santa Rita, promessa que fizera por seu filho João a fim de que, tendo ido a salto para França, tudo corresse bem.
Apenas com a 2ª classe, da primária, foi mestre de latoaria e dos seus alunos destacamos José Simplício Moreira, já falecido, Amilcar da Costa, também já falecido, Óscar Marinho e os seus filhos José e Raul.
P. Júlio Vaz Apresenta Mário
P. Júlio Vaz
Edição do Autor
pp. 292, 293