MELGAÇO, FILMES DO HOMEM
FILMES DO HOMEM: O FESTIVAL DE DOCUMENTÁRIO REGRESSA A MELGAÇO
Florbela Alves
1.08.2017
SETE – VISÃO
Vai para a 4ª edição o Filmes do Homem cuja temática anda à volta do cinema etnográfico e social. Eis sete (boas razões) para não perder este festival gratuito, entre esta terça-feira, 1, e domingo, 6, em Melgaço.
1 – O FESTIVAL
Organizado pela Câmara Municipal e a Associação Ao Norte, o Filmes do Homem – Festival Internacional de Documentário de Melgaço começou há quatro anos, com a intenção de divulgar o cinema etnográfico e social, refletindo sobre temáticas como a identidade, memória e fronteira. O festival teve como ponto de partida o Museu de Cinema de Melgaço Jean Loup Passek, que guarda o espólio do realizador francês, fundador do Festival De La Rochelle, conselheiro para o cinema do Centre Georges Pompidou, falecido em dezembro último.
2 – OS FILMES EM COMPETIÇÃO
São 24 filmes candidatos ao Prémio Jean Loup Passek: 15 filmes concorrem ao prémio de melhor longa-metragem internacional, nove à melhor curta ou média-metragem internacional e sete ao galardão de melhor documentário português, com um valor monetário de três mil, mil e quinhentos e mil euros, respetivamente. O festival, lembra Carlos Viana, da Associação Ao Norte, tem vindo a ter “um número cada vez maior de candidaturas”. Este ano recebeu 600 propostas – “um número interessante uma vez que não é um festival generalista”, sublinha – tendo sido selecionados filmes de Portugal, Finlândia, Alemanha, Argentina, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, França. A maioria são exibidos, gratuitamente, na Casa da Cultura, havendo ainda projeções ao ar livre nas freguesias de Castro Laboreiro, Cristóval, Alvaredo, além das galegas Arbo e Padrenda. O júri é constituído por André de Oliveira e Sousa, Graça Castanheira, Iris Zaki (vencedora da melhor curta-metragem 2016 com Women in Sink), Rodrigo Areias e Sérgio Rizzo.
3 – AS EXPOSIÇÕES
Há quatro exposições que inauguram durante o festival e permanecem, em Melgaço, durante os próximos meses. Em Festa, patente na Casa da Cultura até dia 31 de agosto, as fotografias de João Gigante percorrem um ano de festividades tradicionais em Castro Laboreiro. “É uma pesquisa visual por este território e pelas pessoas que nele habitam”, descreve-se. Ainda na Casa da Cultura, a fotógrafa e cineasta filipina Venice Atienza inaugura O Pão Nosso de Cada Dia, a lembrar a carrinha branca que entrega o pão em diferentes aldeias. No mesmo dia, na Praça da República, mostra-se Encontro, de Diogo Marques Santos, construída a partir de arquivos fotográficos das famílias de cada uma das pessoas fotografadas. A última exposição, A Idade de Ouro do Cartaz de Cinema Polaco, comissariada por Bernard Despomadères, inaugura no domingo, 6, mas continuará patente durante quase um ano, no Museu de Cinema de Melgaço Jean Loup Passek.
4 – AS NOVIDADES
Pela primeira vez, o festival organiza um encontro sobre a literacia para o cinema, que servirá de análise sobre o funcionamento do serviço educativo do museu. O Kino Meeting decorre na sexta-feira, 4, no Solar do Alvarinho, e conta com intervenções de Abi Feijó (Casa Museu de Vilar, Lousada), Ana Camps (Filmoteca da Catalunha, Barcelona, Espanha) e, entre outros, Roberta Zendrini (Museo Nazionale del Cinema, Torino, Itália). Outra novidade serão os Encontros Arraianos de Cinema (4 e 5 ago), que incluem a apresentação do livro Arraiano entre os Arraianos, de Xosé Luís Méndez Ferrín. O objetivo, lembra Carlos Viana, é “fomentar o diálogo entre as fronteiras através do cinema”.
5 – RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS
A secção Plano Frontal recebe, este ano, 12 alunos finalistas de cursos de cinema oriundos de todo o país, que, ao longo desta semana, realizam quatro documentários sobre a região numa residência cinematográfica. Também a fotografia contará com uma residência artística com três alunos a trabalharem esta região sob a orientação de Pedro Sena Nunes.
6 – SALTAR A FRONTEIRA
Nos anos 60 milhares de portugueses emigraram para França numa viagem clandestina à procura de um novo futuro. No fim de semana de 5 e 6 de agosto, sábado e domingo, reconstitui-se esta viagem através de um programa que inclui a exibição de vários filmes, tanto em Melgaço como em Lamas de Mouro, onde será exibido o filme Fronteiras, do espanhol Rubén Pardiñas (6 ago, 10.30).
7 – LEMBRAR JEAN LOUP PASSEK
Inaugurado em 2005, o Museu de Cinema Jean Loup Passek, instalado no antigo edifício da Guarda Fiscal, é um tributo ao cineasta francês que encontrou em Melgaço uma segunda casa, região que conheceu durante as filmagens dum documentário sobre a emigração, na década de 70. Esta será a primeira edição do Filmes do Homem após a morte do cineasta e crítico francês, em dezembro de 2016, aos 80 anos.
FILMES DO HOMEM – FESTIVAL INTERNACIONAL DE DOCUMENTÁRIO DE MELGAÇO
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