O ENTERRO DO ESTUDANTE X
A irmã da D. Maria era a D. Rosa … E quem é que não conhecia a D. Rosa na cidade? A Rosa dos fretes, a maior p*ta da cidade.
A irmã da D. Maria, mão na anca, como boa mulher que se preze da sua profissão, bate com o pé no chão e desata a guinchar:
— Ah se fosse comigo! Isto não ficava assim, não.
D. Maria, apanhando o ritmo, gritou:
— A Minha filha já foi chamar a polícia.
O Fininho, “expert” em fugas, já ia a meio caminho pelas escadas quando aparece o cívico, olhar duro e voz fanhosa:
— Já sei o que se passa. Paguem. Paguem a garrafa.
O Fininho e o amigo, obrigados a subirem a escada; as megeras a gritar e o Louro a sair do quarto, berrando:
— Acabem com essa m*rda. Quero dormir e, além do mais, não tenho nada a ver com isso.
E, olhando para o Fininho, logo grunhiu:
— E tu, ainda aqui estás?
O Fininho volta-se para o cívico e atira:
— Sr. guarda não tenho nada a ver com isto. Vou para a minha terra e quem quiser que se entenda, percebeu?
Com o cívico a não saber para que lado se havia de virar, Fininho e amigo logo descem as escadas em direcção à estrada que os há-de levar ao almoço, 100 km depois.
Entretanto a guerra, dentro de casa, continua.
Aninhas, a filha, resolve botar faladura. E de que maneira:
— O Pequeno não tem nada a ver com isso. O malandro é o Padeiro.
O cívico, a D. Maria, a filha, a D. Rosa …
O Padeiro:
— Não me chateiem, deixem-me dormir …
— Que m*rda é esta, não posso dormir? – grita o Louro.
Do Pequeno nem ai nem ui …
O cívico tirou o boné, limpou a testa, e declarou:
— Entendam-se, por favor.
Não voltou a haver notícias da D. Maria, filha e irmã.
O Fininho fez desaparecer, uns dias mais tarde, um copo e uma garrafa vazia de Porto e essa foi a última vez que se intitulou estudante. Nem ele nem os outros, daqui não saiu nenhum doutor.
Algures, por essa Europa, andam estes quatro e, de certeza que no dia em que se encontrarem, quatro frangos não chegam.
Um grande abraço Fininho, Louro, Pequeno e Padeiro. A vossa irreverência, a vossa força, o vosso dizer não, também ajudaram aquele 25 que ninguém poderá esquecer.
Camborio Refugiado