Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

A ESTELA ROMANA DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 15.06.24

939 b estela convento de paderne.bmp

«JÁ É DO MUSEU»: OBJECTOS, INFORMAÇÕES, DESENHOS E

FOTOGRAFIAS DO NOROESTE DE PORTUGAL

Junto ao rio Minho, no Norte de Portugal, muito perto da fronteira com Espanha, António José de Pinho Júnior (1880-1960) foi um dos actores que contribuiu para o crescimento da colecção que se constituiu, formalmente, na cidade de Lisboa a partir de 1893. Os primeiros contactos deste advogado com o mencionado projecto deverão ter ocorrido em Agosto de 1903, quando António José de Pinho Júnior conheceu o director do Museu Etnológico. Encontravam-se ambos a veranear na Quinta do Peso, Melgaço, e a conjugação de interesses levou-os até à freguesia de Paderne, onde as populações locais identificavam uma «cidade dos Moiros, por aí terem aparecido várias antigualhas» (Vasconcelos, 1930/31: 31). Os dois rebuscadores de coisas velhas – é deste modo que J. Leite de Vasconcelos se refere a António José de Pinho Júnior: «rebuscador, como eu, de cousas velhas» - identificaram então vestígios da antiga muralha de pedra e «várias antigualhas» espalhadas pelo monte, cerâmicas romanas, pedras graníticas trabalhadas e mós, obtendo através da população local informações sobre pedaços de estátuas outrora encontradas no sítio. Enquanto personalidade com influência local, dado a sua residência e profissão ser exercida em Monção, a poucos quilómetros de Melgaço, foi o advogado Pinho Júnior que intermediou as autorizações concedidas para a realização das escavações financiadas pelo museu de Lisboa no «pinhal do Baltazar», «na bouça de Manuel Fernandes, de Chaviães» e num abrigo natural onde as populações diziam ter surgido ouro (Vasconcelos, 1930/31: 33). Depois destes primeiros contactos e investigações conjuntas, a correspondência que este futuro presidente da Câmara de Monção dirigiu ao director do museu de Lisboa acusa o envio regular de objectos e uma especial atenção ao aparecimento de materiais que pudessem interessar ao programa científico e museológico dirigido por Leite de Vasconcelos. Em Setembro de 1903 enviou para Lisboa informação sobre a sua deslocação a uma freguesia denominada Christello porque tinha sido informado do aparecimento de cacos, telhas romanas e machados de pedra. (…) Entre os vários elementos de interesse arqueológico e cultural que comunica ao director do museu de Lisboa encontra-se efectivamente a arquitectura românica da região que inventariava nas suas férias judiciais:

«Tive notícia (com vista ao nosso comum amigo Dr. Felix Alves Pereira) de que existe em Coena um templo românico. Outro inédito, suponho. Tentarei vel-o nas próximas férias judiciaes do Natal e depois verei. Com esse daz-se um lindo inventário de salvados da architectura românica no estremo norte do paiz: Melgaço (Matriz, Orada (românico-ogival) São Paio (idem) e Paderne) Monção (Matriz e Longos Valles) e Coura, finalmente. E ainda é possível que neste mare Magnum de incompreensão artística surja numas mãos devotas mais outro salvado. Oxalá! É a espécie architectural, no meu sentir que se casa melhor com a nossa luz intensa, a românica. A ogiva pede um pouco de nevoeiro para perfurar… e é menos imponente; a gracilidade rouba a grandeza. É a minha impressão».

(…) No mesmo ano, em Novembro de 1903, preparava também o envio de uma lápide romana proveniente do «adro de Paderne» e comunicava que procurava adquirir por um preço razoável vários objectos provenientes de Castro Laboreiro, tendo já contactado com o proprietário dos mesmos. Deveria tratar-se de um conjunto que incluía um machado de bronze, pedaços de outros e alguns objectos designados como «cunhas», todos encontrados num dólmen. Em 1907 enviou para Lisboa um machado que encontrou na sua Quinta da Lomba, uma propriedade cujas origens começou pouco depois a investigar. Conseguiu enviar também para Lisboa uma estela sepulcral arcaica divulgada posteriormente nas páginas d’O Archeologo Português. Esse objecto encontrava-se no largo da igreja de Paderne, uma aldeia do concelho de Melgaço, e fazia parte das lajes de granito do adro dessa igreja.

COLECCIONISMO ARQUEOLÓGICO E REDES DE CIRCULAÇÃO DO CONHECIMENTO – PORTUGAL, 1850-1930

Elisabete de Jesus dos Santos Pereira

Évora

Setembro de 2017

 

 

INFLUÊNCIA GALEGA NO ROMÂNICO EM MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 04.09.21

884 b s salv paderne.jpgpaderne

884 c s mar fiaes.jpg

fiães

EL CAMINO DE SANTIAGO Y SU INFLUENCIA EN EL

ALTO MINHO

La asistencia a peregrinos sempre ha estado muy presente en el Alto Minho como se demuestra en la donación de Ordoño II a la iglesia de Correlhã (Ponte de Lima) en la que se manifiesta sobre la conveniência de alienar ciertos bienes para atender a las necesidades de pobres y peregrinos “pro subsídio pauperum et peregrinorum”. Las cartas de couto de Afonso Henriques al monasterio de Paderne (Melgaço) (1140) y Vila Nova de Muía (Ponte da Barca) (1140) recogen también esta vacación asistencial.

Sin embargo, pese a la estrecha relación con Santiago de Compostela a través del Camino, desde el punto de vista artístico, podemos decir que es más importante la influencia tudense que la compostelana, ya que no podemos considerar la existencia de una influencia directa, sino a través de Tui, cuya catedral presenta influencias de la parte más antigua de la obra compostelana y sus capiteles se relacionarían com el taller compostelano de Platerías y la girola santiaguesa, en este sentido, cabe mencionar un capitel que ya comentamos con anterioridade el de las aves apicadas bebendo de una copa cuyo origen es claramente compostelano.

Por otra parte, en la antigua iglesia monástica de São Salvador de Paderne (Melgaço) encontramos una portada que Ferreira de Almeida considerada vinculada al estilo mateano, hecho que se hace muy patente por la decoración floral y geométrica pero que tanbién la pondría en relación con fachadas cistercienses galegas como por ejemplo la de Santa María de Armenteira (Meis, Pontevedra) en el âmbito diocesano compostelano.

 

ECOS ORENSANOS EN EL ALTO MINHO

 

En la parte de la margen izquierda del Minho, en su zona más oriental, cuya escultura fue ampliamente estudiada por Lúcia Rosas encontramos iglesias cuya influencia gallega proviene de Ourense.

Destacan los motivos cruciformes en los tímpanos de las portadas que presentan relación en sus características y en su labra con las iglesias de la terra da Limia, território fronterizo entre Ourense e Portugal que también fue objeto del conflicto fronterizo medieval con las ocupaciones del território por parte de Teresa de Portugal y de su hijo Afonso Henriques.

Dos iglesias monásticas del municipio de Melgaço, la ya citada São Salvador de Paderne y la cisterciense de Santa María de Fiães, presentan una decoración de tipo ourensano. En el primer caso esta aparece en la portada occidental del brazo lateral norte del transepto, solución coincidente con la del monásterio ourensano de Santa Cristina de Ribas de Sil (Parada de Sil, Ourense). Esta decoración consiste en una cornisacon decoración de bolas sustentada por arquillos ciegos y que aparece también en las cornisas del triple abside de Santa María de Fiães y que tendria su origen en la Ribeira Sacra ourensana donde apareceria a finales del siglo XII mientras que en Portugal apareceria en el signo XIII.

Por lo tanto, cabe concluir que en el caso de la influencia ourensana esta tiene una doble vertiente: por un lado la influencia limiana que proviene de la orilla derecha del Lima y por otro la influencia de la arquitectura monástica ourensana de la región de los ríos Miño y Sil, conocida como Ribeira Sacra, no olvidemos que el Miño es un punto de unión entre Galicia y Portugal, y la relación de Teresa de Portugal con esa zona ourensana para lo que cabe mencionar el controvertido diploma fundacional del Monásterio de Montederramo de 1124.

 

Margarita VÁZQUEZ CORBAL

Doctora en Historia del Arte de la Universidade de Santiago de Compostela