MELGAÇO, CONFLITOS E ÁGUA DE REGA
O AUTOR:
Fabienne Wateau nasceu em 1965 em Neuville-sur-Oise, nos arredores de Paris. Após dois anos em Sociologia, na Sorbone, continua na Universidade de Nanterre onde se forma em Antropologia, que passa a ensinar, e torna-se membro do Laboratoire d’Ethnologie et de Sociologie Comparative.
Em França, Fabienne Wateau realizou vários trabalhos de campo, designadamente um estudo sobre o mundo fluvial e o modo de vida dos marinheiros, artesãos transportadores de mercadorias pesadas por via fluvial. Em Portugal, dedica-se, desde 1989, ao conflituoso assunto da gestão da água de rega num concelho do Alto Minho – objecto da sua tese de doutoramento revista e aqui apresentada em livro –, trabalhando actualmente em outras regiões do país.
Interessa-se por temas tão diversos como a tecnologia, o económico, o parentesco, os valores e representações dando uma atenção particular às identidades e ideologias actuantes em situações de contacto e de conflito.
Entre 1997 e 1999 esteve ligada à Casa de Velázquez em Madrid, na qualidade de investigadora prosseguindo pesquisas em arquivos e no terreno, na Península Ibérica.
AGRADECIMENTOS
Este livro, uma versão revista da minha tese de doutoramento em Etnologia defendida na Universidade de Nanterre em 1996, deve-se, desde as primeiras hipóteses de trabalho e estadias no terreno até à sua redacção final, a uma multitude de pessoas, amigos, colegas e instituições, as quais me acompanharam e apoiaram ao longo dos anos.
As ajudas financeiras concedidas pelo Ministère de la Recherce et de la Technologie (desde Setembro de 1989 até Agosto de 1991 e em Setembro de 1993), pela Embaixada da França em Portugal e pela Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (em Julho de 1993), permitiram-me continuadas e repetidas estadias no terreno, indispensáveis e preciosas, que constituem a base em que assenta a maior parte deste trabalho. Efectiva ou temporária, a minha ligação a várias equipas de investigação como as do Laboratoire d’Ethnologie et de Sociologie Comparative de Nanterre (Equipas nº 4 e nº 5), do Laboratoire de Géographie Rurale de l’Université de Paul Valéry de Montpellier, bem como às equipas do Groupe de Gestion Social de l’Eau (CNEARC, Montpellier) e do Group Anthropologie du Portugal (Maison des Scienses de l’Homme, Paris) proporcionou-me muitas vezes, ao longo da investigação, um fecundo e estimulante espaço de intercâmbio.
Agradeço também a Brian O’Neill e a Armandino dos Santos os convites para participar nos seus seminários, respectivamente no ISCTE e na Universidade Nova, em 1990 e 1991.
A orientação geral deste trabalho deve muito a Michel Drain. Ao convidar-me a focalizar a atenção na natureza dos conflitos criados à volta da água no Mediterrâneo (no seio da qual tive oportunidade de apresentar e publicar, por várias vezes, a minha investigação em curso), sem dúvida alguma contribuiu para estimular a minha própria investigação, abrindo-a a outras problemáticas, a outras disciplinas e a outras escalas. Um agradecimento para ele.
Agradeço igualmente a George Augustins, meu orientador de tese, pelo seu acompanhamento regular a partir da licence, pela sua sensibilidade e flexibilidade na direcção deste trabalho, e pelos seus bons conselhos. Quero agradecer a Eric de Dampierre, em parte responsável pela formação recebida e adquirida no Département d’Ethnologie de Nanterre e, na Sorbonne, a François René Picon cuja força e alcance dos ensinamentos, enquanto eu me iniciava na disciplina, acabaram incontestavelmente por confirmar a minha paixão ainda nascente pela Antropologia. Obrigada, também, a François Manente por me ter incentivado e apoiado.
Em Lisboa, agradeço muito particularmente a Joaquim Pais de Brito o seu estímulo intelectual, e ter-me permitido publicar este livro em português, na sua muito bela colecção Portugal de Perto; agradeço a Graça Índias Cordeiro a sua reconfortante amizade e a minuciosa leitura das provas em português deste livro; a Benjamim Enes Pereira pela ajuda na escolha e composição das fotografias. Em Viana do Castelo, agradeço a José da Silva Lima que, no início da investigação, me passeou de carro pelo Minho à procura de um sítio para ficar.
No terreno, em Melgaço, muitos foram os interlocutores a quem deveria agradecer. Ao verem-me calcorrear os caminhos e os campos do concelho durante vários anos, muitas vezes me convidaram a beber um copo e a descansar à sombra das vinhas de enforcado, quando o calor se tornava sufocante. A todas as pessoas que encontrei no terreno, aqui exprimo a minha calorosa gratidão. Os meus agradecimentos mais particulares vão para Augusto Manuel Gonçalves Durães, guarda-rios, que me deu informações preciosas sobre a rega e as relações de parentesco existentes entre os beneficiários de água; para o Padre Justino de Prado que pôs à minha disposição os registos paroquiais; para os dois presidentes de Junta de Freguesia, José Pinto, de Chaviães, e Rui carvalho, de Remoães, que confiaram em mim, me ajudaram e deixaram consultar os documentos dos arquivos; e a Rui Solheiro, presidente da Câmara Municipal de Melgaço, que compreendeu o meu propósito em Melgaço e permitiu que eu utilizasse os meios materiais e técnicos dos serviços municipais.
Agradeço também aos meus amigos, Frédérique, Nicolas, Isabelle e Rose pela sua presença, a Fatou pelos seus bons pratinhos, a Jean-Marc pela sua leitura lógica e crítica destas páginas, a Manuela pelos cursos de português e pela sua intransigência, a Madalena pelos momentos de descanso que passei em sua casa… e à família, a minha mãe, irmãs e irmãos pelo apoio que me deram quando escrever se me afigurava difícil e desencorajante. Um pensamento especial vai para o Luís, companheiro de caminhada e da vida que durante estes anos deu guarida à maior parte das minhas inquietações e alegrias. E aos «avós» que me acolheram em sua casa.
Ao meu pai.
CONFLITOS E ÁGUA DE REGA
Ensaio sobre a Organização Social no Vale de Melgaço
Autor: Fabienne Wateau
Edição: Publicações Dom Quixote
Lisboa, 2000