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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

O CARRO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 05.09.20

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UM LUGAR ONDE NADA ACONTECIA

XI

O carro dos bombeiros, em seus passeios dominicais, não estava no seu posto, quando foi preciso. Aquilo revoltou o povo e a partir dali não mais aconteceram aquelas viagens recreativas.

Fundada em 1927 a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Melgaço teve destacada actuação em 1930, quando ficou conhecida e laureada em Portugal e Espanha.

Do outro lado do rio Minho, em frente a Melgaço, na Espanha, o comboio expresso Madrid-Vigo, descarrilou. O acidente foi presenciado pelos curiosos que gostavam de ver passar aquele bonito comboio. Foi dado o alarme e logo o sino da matriz tocou a rebate, convocando bombeiros e povo. De barco e a nado, atravessaram o rio, socorrendo os acidentados e resgatando seus pertences que boiavam rio abaixo. Foi um momento épico.

Os jornais espanhóis e portugueses deram grande destaque ao acontecimento. Elogiando os bombeiros de Melgaço. A organização nacional dos bombeiros, de Lisboa, mandou um instrutor, algum material e o povo custeou a compra de uma bomba para a recente fundada organização, carente de recursos técnicos, mas recheada de altruísmo.

A bomba era o que de melhor existia na época, de tracção braçal, montada em uma espécie de carroça, para ser puxada por muares, mas que sempre foi impulsionada pelas pessoas, puxando ou empurrando.

Na mesma época, o Simão Araújo, filho da terra, que emigrara para o Brasil e aí fizera fortuna, já tinha construído o seu luxuoso palacete e tinha na garagem um automóvel Buick, seis cilindros, modelo 1928. Como a maior parte do ano esse carro ficava inactivo, o Simão Araújo, empolgado com a bravura dos bombeiros da sua terra, deu-lhes esse automóvel.

Além de abnegados soldados da paz, revelaram-se, esses rapazes melgacenses, primorosos artífices.

Transformaram o luxuoso carro de passeio em sensacional carro de bombeiros. Retirada a carroçaria, adaptaram ao chassi seis poltronas com estrutura em ferro, um grande cilindro central, elevado, destinado a conter os artigos de primeiros socorros. Machados e picaretas embutidos no chassi e duas grandes roldanas com as mangueiras. Na frente, o banco do motorista era corrido onde cabiam mais três pessoas, nos estribos laterais, em pé, ia o resto da guarnição. No cimo do capo uma sineta avisava a sua aproximação, o que seria desnecessário uma vez que para maior desenvolvimento retiraram o escapamento e os seis cilindros do poderoso motor fazia um barulho ensurdecedor. Haviam reforçado os feixes de molas para suportar o grande peso. Pintado todo em vermelho-sangue com os dizeres em branco nas laterais do cilindro: VIDA POR VIDA. Era uma jóia de artesanato sem utilidade. Deveria ter-lhe sido adaptada uma bomba a gasolina, o que nunca aconteceu.

O belo carro dos bombeiros era só utilizado em desfiles cívicos de quando em quando e já nos anos quarenta foi a Lisboa buscar o cadáver do Sr. Lascasas para sepultar em Melgaço.

Para não prejudicar o seu funcionamento era necessário interromper seu longo repouso, com algumas saídas. Era esse o argumento apresentado por um grupinho que, aos domingos, solicitava autorização para um passeio. O Professor Abílio Domingues, que por imposição era o Presidente da Câmara, também era o comandante dos bombeiros, pessoa cordata que exercia cargos que não pedira e para os quais não tinha a mínima aptidão, acedia.

Um domingo, na estrada da Orada, na curva da fonte da Assadura, um automóvel colheu um rapaz, que, inconsequentemente, rodava em bicicleta, em grande velocidade, pelo meio da estrada. Accionaram os bombeiros para atender ao sinistro e transportar o acidentado para o hospital. Os bombeiros estavam merendando em S. Gregório, onde tinham ido desenferrujar o bonito carro vermelho. O rapaz faleceu.

 

                                                                                  Manuel Igrejas

Publicado em: A Voz de Melgaço

 

 

 

MELGACENSES MEDALHADOS POR D. LUÍS I

melgaçodomonteàribeira, 25.01.20

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O INCÊNDIO DO 2º CARTÓRIO

Muitas vezes contava meu saudoso avô Florêncio Soares, ou Florêncio Soares Pinto, ou ainda Florêncio Soares da Costa Pinto que com todos estes apelidos anda ele em numerosos papéis oficiais apelidos que, aliás, embora por ter nascido, na Vila, em 1847, dos amores de Maria Angélica Soares (Pata) com Manuel Ventura da Costa Pinto, que viveu e morreu na casa fronteira ao Hospital, hoje pertencente ao sr. Ezequiel Augusto do Vale, por a ter comprado a António Luís Fernandes ou a seus herdeiros, mas dizia eu que muitas vezes contava meu saudoso avô que o incêndio do 2º Cartório, ocorrido ao cair da tarde de 10 de Fevereiro de 1874, foi uma coisa pavorosa.

Este prédio, que era construção recente e, então, um dos melhores da Vila, ficava situado, extra-muros, ali na Rua do Rio do Porto que ainda assim se não chamava contíguo ao de José Cândido Gomes de Abreu e em cujo primeiro piso estava instalado o 2º Cartório e parece que também o Registo Criminal, a cargo do escrivão Vieira: João augusto Novais Vieira. Pois foi aqui que, do meio da papelada, súbita e violentamente, o fogo irrompeu devorando num ápice livros, registos, processos, etc., etc., e entre estes últimos o processo de partilhas dos herdeiros da Quinta da Cordeira, que correra pelo Cartório do escrivão Fonseca: Gaspar Eduardo Lopes da Fonseca.

No rés-do-chão do prédio sinistrado, estava a «Loja dos Pinheiros», dos irmãos Luís Manuel, de Prado, e de Manuel Joaquim Pinheiro, de Paços, que, auxiliados por numerosos populares, ainda conseguiram salvar muitas mercadorias sendo certo que muitas outras se perderam. Ao lado, na loja de José Cândido, passava-se a mesma coisa: ia-se pondo tudo na rua…

Quem sabia contar isto na ponta da unha, era o filho daquele negociante Manuel Luís Pinheiro, o saudoso João Luís Pinheiro; mas quem o contava melhor e com mais riqueza de pormenor, era o referido meu avô o que de resto não era favor nenhum, porquanto foi um dos bravos destemidos que, com desprezo pela própria vida, temerariamente treparam para o telhado da casa de Gomes de Abreu e aqui, indiferentes às chamas que lhes lambiam os rostos e lhes crestavam as barbas, a golpes de serra e machado saparam e de tal modo se houveram que conseguiram que o fogo se não propagasse ao prédio que com tanto denodo defendiam; o que lhes valeu boa recompensa daquele generoso proprietário e, dias depois, serem agraciados por D. Luís I com medalha de prata. Além de meu avô, um destes bravos foi José Dias, de ao pé da Igreja, nascido em Arganil, em 1840, Já viúvo de Maria Florinda Teixeira, e talvez ainda não pensasse contrair segundas núpcias com Maria Joaquina de Sousa, filha do sacristão da igreja da Vila, Caetano Celestino de Sousa e de sua mulher Francisca Luísa Gonçalves, como de facto veio a contrair, em 27-7-1884.

Deste pavoroso incêndio, ficaram apenas as paredes de pé, calcinadas e bastante abaladas, procedendo-se em seguida a um inquérito para averiguar as causas do sinistro e concluindo-se que o mesmo foi casual.

Pois seria casual, seria… mas se é certo que estes incêndios de repartições uma que outra vez são obra do acaso, também não é menos certo que na maior parte das vezes são obra de… «ajuste de contas». A dúvida fica…

P. Júlio Vaz Apresenta Mário

P. Júlio Vaz

Edição do autor

1996

pp. 34, 35

 

UM ESCULTOR MELGACENSE

melgaçodomonteàribeira, 26.08.17

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ACÁCIO CAETANO DIAS

 

 

É natural de Prado, filho de Amadeu Maria Dias e de Maria Fernandes da Silva. Nasceu em 11 de Março de 1935.

Seu pai era um artesão, que trabalhava bem o latão e o cobre.

Como a vida económica em Melgaço era difícil, Acácio Caetano Dias procurou vencer essa hora difícil.

E conseguiu-o.

Aos 12 anos era «groom» no Grande Hotel do Peso e convidado por um hóspede, proprietário do Colégio Almeida Garrett, na cidade do Porto, vai para este colégio como ajudante de despenseiro, donde passa para a cozinha, sendo 2º cozinheiro.

Daqui voa para Lisboa e emprega-se nos Estaleiros da CUF, como apontador, passando a caldeireiro de cobre.

Como apontador, é admitido, em 1959, na agência de Cascais do Banco Nacional Ultramarino (BNU), onde, a seu pedido, passa a ser serralheiro e faz uma descoberta sensacional: inventa uma máquina de fechar correspondência e uma enfardadeira para enfardar papel velho. Recebeu um louvor.

Aproveitou as horas que o trabalho profissional lhe concedeu de descanso e fez os estudos indispensáveis com os quais foi colocado na Biblioteca, donde transitou para o Armazém de Móveis até à reforma em 1973.

A arte é a sua paixão. Dedica-se à escultura. Está presente com os seus trabalhos nas Feiras de Artesanato. E em tão boa hora que escultores de nomeada, como Lagoa Henriques, Soares Branco e Manuela Madureira, preferentemente, o estimularam, dando-lhe orientações que envolvem técnicas sofisticadas.

O apaixonado da arte, passa de aluno a mestre. E apresenta ao público as suas obras: expõe, em 1984, na Escola de Belas Artes, em Lisboa, e recebe uma menção honrosa; em 1985, na V Quinzena Cultural Bancária, no Hotel Altis, recebeu o 1º e 2º prémios de escultura; em 1988, na VII Quinzena Cultural Bancária, obtém menção honrosa; em 1990 na VIII Quinzena Cultural Bancária, no Palácio Foz, arrecadou o 2º prémio de escultura; recebeu em 1992 na IX Quinzena Cultural o 2º prémio de escultura; em 1993 na Artempresa I, promovida pelo Metropolitano de Lisboa, obtém o 1º prémio com o trabalho «Camilo Castelo Branco»; e o mesmo prémio alcançou-o em 1994 na X Quinzena Cultural Bancária, realizada no Palácio Foz.

Acácio Caetano Dias está presente como artista, na nossa terra, no Quartel dos Bombeiros Voluntários, com o «Bombeiro» de tamanho natural.

Suas obras venceram as fronteiras do País e encontram-se no estrangeiro: na França, na Arábia Saudita e na Alemanha, entre outras.

Faleceu em 7 de Março 2013.

 

P. Júlio Apresenta Mário

P. Júlio Vaz

Edição do autor

1996

pp. 273, 274

 

14-10-1930 – DETALHES DO DESCARRILAMENTO DO COMBÓIO MADRID-VIGO

melgaçodomonteàribeira, 15.04.13

 

Relógio do comboio Madrid-Vigo conservado nos Bombeiros Voluntários de Melgaço

 

 

DETALLES DEL ACCIDENTE.

CÓMO MURIÓ LA NIÑA ROSA CARBALLO.

LOS HERIDOS.

 

    Vigo 14, 9 noche. Se conocen nuevos detalles del accidente ocurrido en las inmediaciones del puente de Cequelinos al expreso de Vigo.

    El descarrilamiento sobrevino en una curva proninciadísima que desemboca en el puente sobre el río Miño. Sigue ignorándose aún la causa del descarrilamiento.

    Se sabe que la locomotora salióse de la vía por el lado izquierdo, cayendo por un terraplén de14 metrosde altura y dando varias vueltas de campana. El furgón de cabeza y dos coches de primera, mixtos de cama y dicha clase, y de gran tamaño, se salieron por el lado derecho, quedando tumbados al tropezar contra un talud. A esto se debe que el número de víctmas no haya sido mayor.

    En el terraplén por donde se deslizó la locomotora se hallaba apacentando ganado, a la orilla del Miño, la niña de diez años de edad Rosa Carballo López, la cual foi arrollada por la máquina, muriendo horriblemente aplastada. Los bueyes huyeron despavoridos y fueron más tarde recogidos a larga distancia de la ladera.

    El accidente fué aparatosíssimo. La máquina quedó tumbada junto al río y los coches de primera tumbados también al otro lado. Dióse el caso paradójico de que los otros coches pequeños, mucho más ligeros que los de primera, quedaron en pie. Afortunadamente, no iban muchos viajeros en los coches de primera. Si hubiera ido más gente la catástrofe habría sido horrible.

    Al darse cuenta de lo ocurrido acudió al lugar del suceso el vecindario de Cequelinos, dedicándose a recoger a los heridos. El maquinista, Alfredo Vásquez, apareció en su sitio, fuertemente agarrado a la palanca central de la máquina. Indudablemente, quiso frenar con todas sus fuerzas, pero nada pude hacer por sobrevenir la catástrofe rápidamente. Extraer el cadáver ha costado enorme trabajo. Alfredo Vásquez tenía cuarenta y ocho años, era natural de Orense y estaba casado. Al presentarse esta tarde allí su esposa se desarrolló una tristísima escena.  Deja cuatro hijos de corta edad.

    Frente a Cequelinos, al otro lado del río, se halla enclavado el pueblo portugués de Melgazo. Al presenciar los vecinos la catástrofe tocaron a rebato las campanas inmediatamente, cruzaron el río los bomberos y numerosos vecinos, que se dedicaron a prestar auxilio a los heridos. Es muy elogiado este humanitario comportamiento de los bomberos y vecindario de Melgazo.

    Además del maquinista ha muerto, como antes decimos, la niña Rosa Carballo, que estaba apacentando ganado. Rosa era de nacionalidad portuguesa y prestaba servicio, en unión de un hermanito suyo, en casa de un vecino de Cequelinos.

    El número de heridos se calcula en 15. Como ya hemos dicho, los coches que volcaron vinieron a quedar al lado contrario del terraplén que baja al río, o sea hacia la ladera del monte.

    En uno de los dos grandes coches mixtos de camas y primera, que venía de Hendaya y pertenecia al directo de esta población, viajaba un matrimonio alemán que resultó herido. María Amdrewsk, de nacionalidad alemana, procedía de Bilbao y se dirigía a Monte Estoril y Lisboa, donde tiene su residencia. Presenta heridas en la mejilla y pierna izquierda.

    Parece que entre los heridos figura el cónsul norteamericano en Vigo, el cual venía a posesionarse de su destino. José Cuadrados Diéguez, marino de Sevilla, que se dirigía a Vigo, presenta diversas heridas. Don José Blanco Soler, vecino de Vigo, que regresaba de un viaje a Madrid, sufre diversas lesiones. Don Vicente Domonte García, alto empleado de Ferrocarriles, tiene una herida en la cabeza. Don Juan Lago López, vecino de Vigo, diversas lesiones. El fogonero José Longa presenta múltiples lesiones. Don Dionisio Parrero y D. Venancio Sanz Prats, viajantes, sufren contusiones en la cabeza y en otras diversas partes del cuerpo.

     Se desconocen los nombres de los restantes heridos, por haber sido trasladados a varias clínicas particulares. De todas formas, los heridos lo son generalmente de carácter leve, salvo cuatro o cinco que ofrecen una mayor gravedad.

 

 

ABC (Madrid) – 15/10/30, Página 19

 

http://hemeroteca.abc.es

 

14-4-1929 – FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 14.04.13

 

Comboio Madrid-Vigo descarrilado em Crecente

 

ABC. MIERCOLES 15 DE OCTUBRE DE 1930.

EDICION DE LA MAÑANA. PAG. 19.

 

 

DESCARRILAMIENTO DEL EXPRESO DE MADRID A VIGO

 

 

DOS MUERTOS E MUCHOS HERIDOS. EL LUGAR DEL ACCIDENTE. TRES TRENES DE SOCORRO. NOMBRE DE LAS VÍCTIMAS. VIAJEROS DETENIDOS EN MONFORTE.

 

LAS PRIMERAS NOTICIAS

 

    En las primeras horas de la tarde se supo ayer en Madrid que entre las estaciones de Pousa y Arbo, en la línea de Monforte a Pontevedra, había descarrilado el tren expreso que salió anteanoche de la corte. Añadián estas noticias que quatro de los vagones cayeron a la ría desde un desnivel de muchos metros de altura.

 

EL LUGAR DEL ACCIDENTE.

EL MAQUINISTA DEL TREN, MUERTO

 

    Vigo 14, 5 tarde. El tren expreso procedente de Madrid descarriló en el kilómetro 58 de la línea de Orense a Vigo, entre las estaciones de Arbo y Pousa. Ocurrió el descarrilamiento en las inmediaciones del puente de Cequelinos, a las once y treinta y cinco minutos de la mañana.

    La máquina se salió de la vía por el lado izquierdo, y se dice que caió al río Miño. Por el lado derecho descarrilaron el furgón y cuatro coches de viajeros, además del correo.

    Resultó muerto el maquinista, Alfredo Vázquez, y heridos el fogonero, José Longa, y numerosos pasajeros ocupantes de los coches de primera, que fueron los que descarrilaron. Ignóranse los nombres de estos heridos.

    Para recoger a las víctimas se ha enviado un tren de socorro. También han salido de Vigo numerosos automóviles particulares conduciendo médicos y material sanitario.

 

DE ORENSE SALE UN TREN DE SOCORRO

 

    Orense 14, 5 tarde. El tren expreso descendente descarriló esta mañana entre las estaciones de Pousa y Arbo, habiendo resultado el maquinista muerto y numerosos heridos. A la una de la tarde salió de aquí un tren de socorro.

 

TELEGRAMA OFICIAL. EL GOBERNADOR DE PONTEVEDRA

 

    Pontevedra 14, 6 tarde. El expreso de Madrid, que debía llegar a Pontevedra a las dos de la tarde, descarriló a consecuencia del desprendimiento de una trinchera reblandecida por la lluvia cerca de la estación de Arbo.

    A las dos y media se recebió en el Gobierno civil de la provincia el siguiente telegrama oficial del jefe de la estación de Arbo:

    “Según me comunica el inspector de la octava sección, el tren número I ha descarrilado en el kilómetro 58,600, cayendo la máquina al lado izquierdo, y el furgón y quatro coches al lado derecho. Se supone que entre los coches volcados hay victimas. Los viajeros que se salvaron siguieron en automóvil, y confirman la presunción de que hubo víctimas, no pudiendo precisar número ni nombres. Dicen que el material volcado cayó del lado del río Miño, que allí pasa muy cerca de la vía férrea, corriendo el peligro de ser arrastrado por la corriente si no llegan pronto auxilios. Agregan que en el momento del accidente el choque que se produgo fué horrible, así como el crujido de hierros y maderas. Los viajeros daban ayes y voces de socorro. Los viajeros que me dan los anteriores promenores dicen que no saben más porque la impresión del cuadro que veían les impedió fijarse. Pudieron salir del coche próximo al furgón, que fué el menos deteriorado. Por la vía férrea marcharon estos viajeros hasta Arbo, donde tomaron un automóvil que los llevó hasta Pontevedra.”

    Recibido el anterior telegrama ofocial, el gobernador civil marchó al lugar del accidente, acompañado del inspector de Sanidad y el jefe de la Comandancia de la Guardia civil, con material y ambulancia.

    Al lugar del suceso han acudido también los bomberos de la plaza portuguesa de Melgazo. Han muerto el maquinista y una niña de siete años, que está aplastada. Hay también siete heridos, de ellos tres graves, entre los que figura el guarda Angel Rodríguez.

    Se recuerda que en 1915 ocurrió una catástrofe parecida, en la que hubo 18 muertos y 36 heridos.

 

(continua amanhã)