OS MEUS LIVROS 10

Não Me Apagues!
Proposta Libertária
1ª Edição Janeiro de 2024
Manuel Beites e Primeiro Capítulo
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Não Me Apagues!
Proposta Libertária
1ª Edição Janeiro de 2024
Manuel Beites e Primeiro Capítulo

ÁLVARO DOMINGUES (Melgaço, 1959) Geógrafo e professor na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, onde também é investigador no CEAU - Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo.
Portugal Possível
Rui Lage, Álvaro Domingues e Duarte Belo
Rui Lage, Álvaro Domingues , Duarte Belo e Museu da Paisagem
Outubro 2022


OCTAVIO CALDAS
Nasceu em Viana do Castelo, é casado e vive em Melgaço. Estudou na escola secundária da sua terra natal e, posteriormente, no CICCOPN, na cidade da Maia. Desde muito cedo que sonhava escrever histórias que despertassem paixões nos leitores. Além da escrita, tem interesse por áreas tão diversas como a mecânica, a eletricidade e o desporto. A Água da Fonte da Fraga é a sua primeira obra.
Octávio Manuel Alves Caldas
Cordel d' Prata
1ª Edição
Fevereiro 2024


matias martins

A fotografia de Álvaro Domingues revela-nos o seu olhar de geógrafo, de um observador atento à face visível da transformação dos territórios. Documenta a paisagem que nos fala do que somos e dos espaços que habitamos. Os seus registos destacam um espaço urbano que resulta de um processo contínuo e que contraria a ideia da fixidez do lugar. Num tempo em que a transformação avança a uma velocidade avassaladora, por força do poder da ciência e da tecnologia, o registo e reflexão que nos propõe são tudo menos serenos. As suas fotografias e textos interpelam o nosso entendimento sobre a paisagem e sobre o tempo que vivemos.

Título: Paisagens Transgénicas
Álvaro Domingues e Museu da Paisagem
1ª Edição
Maio de 2021

(continuação)
O tempo foi mais amigo no regresso, algumas nuvens juntaram-se para acompanhar a descida, ameaçando borrasca para o fim do dia. Os mais velhos discutiam se choveria ou não, a jovem atreveu-se a aventar a hipótese de a chuva fazer nascer a água no coto e viu o olhar fulminante do guardião do grupo a mandá-la estar caladinha, não disse mas poderia ter-se ouvido que com coisas sérias não se brinca, ela não era nenhuma criancinha já mas também não tinha ainda idade para ter voz.
Parece que a desilusão de quem estava à espera de garrafas e garrafão de água santa foi maior do que a dos corajosos que tinham feito a subida ao monte para a ver com os próprios olhos e colhê-la com as próprias mãos. A notícia da falta de água correu pelo lugar inteiro e não faltou quem lembrasse a história de uma moça do Ribeiro, ou da Peneda, vá-se lá saber agora de onde seria. Estava a dita sentada no coto, à beira do pocinho e resolveu pentear-se. Naqueles tempos em que o tempo dedicado à higiene e embelezamento do corpo era escasso, pois a vida era só trabalho de sol a sol, da segunda a sábado, e o domingo era para ir à missa e lavar a roupa, mais trabalho portanto, as raparigas que sabiam que a aparência contava, aproveitavam muitas vezes parte do tempo em que vigiavam os animais no monte para se pentearem. Reza a lenda que a tal moçoila tirou os pentes da algibeira, desfez as tranças (naquele tempo toda a mulher honesta usava o cabelo entrançado e preso numa rosca na nuca) e começou a pentear-se. Todos sabem que para pentear uma cabeleira que raras vezes é lavada, são necessários dois pentes e água. Primeiro usa-se um pente com os dentes grossos e espaçados, um pente normal, por assim dizer. Depois, quando o cabelo já está todo desenleado, com o pente a deslizar sem resistência, utiliza-se o segundo, de dentes finos e muito próximos, havendo quem lhe chame um pente de chispar, talvez porque afugenta os piolhos, estes caem que nem chispas. Com este, para um pentear mais perfeito, convém usar água, que se espalha com a concha da mão sobre a cabeça ou se molha o pente dentro de um recipiente. Ora está-se mesmo a ver que a pastora que penteava os seus longos, muito provavelmente negros cabelos, à beira do pocinho da água santa, para não se molhar, mergulhou o pente na cova natural, deixando cair alguns cabelos. Vendo-os sobre a água e consciente de que estava a conspurcar um lugar e líquidos sagrados, depois de atar o cabelo, a rapariga afadigou-se a retirar toda a água da cova para a limpar. Para sua enorme surpresa, aquilo que ela esperava e que tantas vezes ouvira contar desde a sua meninice, não aconteceu. Em vez de o pocinho se encher de novo com a água pura e transparente que lá estava desde tempos imemoriais, começaram a saltar sapos e saramelas e ela fugiu, apavorada. Não sabiam contar como é que a água voltara depois ao local. Sabia-se, nisso ninguém de boa-fé duvidava, que por mais água que se retirasse, voltava a nascer mais e o poço estava sempre cheio e nunca secava. A convicção dos poderes daquela água fazia com que muita gente fizesse o difícil e demorado percurso para a ter em casa e dela se servir para usos mais ou menos confessáveis. Os desiludidos desta história é que não se converteram à lenda.
Olinda Carvalho
Publicado em A Voz de Melgaço
Setembro 2014

parque rio do porto
Em 27 de Janeiro de 1948 num brutal desastre de aviação ocorrido na Caparica, próximo de Lisboa, morreu o 1º tenente aviador Rui de Barros e Brito, natural desta vila, filho da Sr.ª D. Isabel Desdemona Pita da Barros Brito e do Sr. Custódio da Costa Brito.
O 1º tenente aviador Barros e Brito, que nasceu em 1917, foi promovido a aspirante em Outubro de 1934, sendo um dos nossos primeiros e mais experimentados pilotos de linha, apesar da sua mocidade.
Quando começou a fazer serviço na Direcção Geral de Aeronáutica Civil, foi a Inglaterra estagiar na British Owerseas Airways, onde se familiarizou com a linha de África, que depois começou a percorrer como piloto da D. C. A. C. :
Quando na terceira viagem experimental da Linha Aérea Imperial, o Dakota comandado pelo comandante Eurípedes Silva, na viagem de regresso, teve um desastre em Bafatá, na Guiné, foi o 1º tenente Barros e Brito, comandando outro Dakota, quem foi a Bathurst, levar uma hélice e outras peças necessárias para a reparação do aparelho sinistrado, e trouxe para Lisboa os três passageiros que vinham nele.
Em 1941, foi louvado pela maneira corajosa como procedeu ao salvamento dos destroços de um avião danificado pelo temporal, nos Açores.
Padre Júlio Apresenta Mário
Júlio Vaz
Edição do autor
1996
p. 237

1157 Agosto. 19
Afonso Pais e seis irmãos e irmãs, juntamente com outros fidalgos e seus familiares, doam ao mosteiro de Fiães o espaço territorial do couto, especificando a linha limítrofe que o cerceia.
Manuel António Bernardo Pintor, “Doação de Afonso Pais e outros ao mosteiro de Fiães em 1157 (pergaminho inédito)”, Arquivo do Alto Minho, vol. 2, 1947, pp. 79-83 (reeditado em Padre Manuel António Bernardo Pintor, Obra Histórica I, edição do Rotary Club de Monção, Monção, 2005, pp. 19-23).
(No início tem o monograma usual xpistus = Cristo). Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo e em honra da beata Maria sempre Virgem e de todos os santos. Eu Afonso Pais juntamente com meus irmãos e minhas irmãs Pedro Pais, Egas Pais, Fernando Pais, Garcia Pais, Gudina Pais, Hónega Pais, Mór Pais, Maria Pais, Hónega Mendes, Mór Mendes. Eu Oroana com meus filhos Pedro Nunes, João Gomes, Álvaro Sarracines juntamente com meus irmãos e minhas irmãs. Eu Pedro Bauzoi juntamente com meus irmãos. Eu Nuno Dias juntamente com meus irmãos e irmãs. Eu Rodrigo Goterres com meus irmãos. Eu Ferrão Ventre com meus irmãos. Gonçalo Peres com seus irmãos. Fernando Nunes com meus irmãos. Pedro Soares com seus irmãos. Fernando Nunes com seus irmãos. Pedro Nunes com seus irmãos. Fazemos documento de segurança daquele monte que se chama Fenais, que nós resolvemos por vontade própria doar aos servos de Deus, Abade João e sua congregação, tanto aos presentes como aos que depois deles vierem e aí perseverarem na santa vida beneditina: possuam-no para sempre por direito de herança por nossa doação, pelas nossas almas e pelas almas de nossos pais, porque é breve a nossa vida. Estabelecemos-lhe limites a principiar em Penha de Ervilha, depois por Costa Má, até Curro de Loba, partindo pelo rio Doma, pelo vale Gaão, depois pelo outeiro da Aveleira, a seguir pelo Coto da Aguieira e depois desde o Vidual até Penha de Ervilha e fechou. Nós acima nomeados damos esta herança para exercer o culto de Deus enquanto houver um homem que o faça. Se for retirada do culto de Deus cada um receba o seu quinhão. Se vier alguém ou viermos nós, tanto da nossa família como estranhos, que queira violar esta nossa doação, seja excomungado e condenado perpetuamente como Judas traidor do Senhor.
Por estes limites que mencionamos concedemos (o monte) àquele mosteiro que está situado no referido monte de Santa Maria. Nenhuma autoridade nem homem algum se atreva a arrotear e lavrar (neste monte) sem ordem dos mesmos frades. Eis a pena que nós estabelecemos e outorgamos: restitua a mesma herança em dobro ou com suas melhorias e dois mil soldos para a Congregação. Reinando em Portugal o Rei Afonso com sua mulher a Rainha Mafalda. Vigário particular do Rei Gonçalo de Sousa. Na Sé de Tui o Bispo Isidoro. Senhor de Valadares Soeiro Aires. Era de 1195 no dia que é 14º das calendas de Setembro (19 de Agosto de 1157). Nós como acima dissemos a vós Abade João como a vossos frades nesta escritura de segurança por nossas mãos roboramos.
Como testemunhas: Soeiro, João, Pedro, Fernando, Munho. Pelo notário Pedro.
OS LIMITES DA FREGUESIA DE LAMAS DE MOURO E OS CAMINHOS DA IN(JUSTIÇA)
José Domingues
1ª Edição
Novembro de 2014
pp. 171-172

casa amadeu abílio lopes
PELO HOSPITAL
(A Voz de Melgaço, 15. 11.1963)
NO DIA DE REIS… TODO O CONCELHO PELO HOSPITAL!
No passado número do nosso jornal, lançámos a ideia dum novo cortejo para o nosso hospital. Faz-se por necessidade. Com a compra dos terrenos, para a construção do novo hospital, ficamos sem reservas, sem nada, para se acudir aos nossos doentes. E temos de contar com a construção do novo hospital, que esperamos se comece no próximo ano.
É uma batalha, em que todos os melgacenses temos de entrar. São precisos uns 1 000 contos. E para todos nós é tarefa que não custa.
Já não nos falta exemplos dignos de imitar-se, o do Sr. Amadeu Abílio Lopes e de Sua Ex.ma Esposa, de Chaviães, com a sua valiosíssima oferta de 350 000$00.
Nem nos faltam já dedicações, dignas de nota, graças a Deus. Mas é esta uma batalha em que todos, mas todos, temos de intervir.
Ninguém será contra. Quem o havia de ser, entre os melgacenses? – Quem? Se esta obra se faz para todos nós?! – Sobretudo, para aqueles que não possuem os meios de que nós podemos dispor, os pobrezinhos.
Está posto, mais uma vez, à prova o nosso bom desejo de servir a nossa terra. Aos Melgacenses, a todos, se pede nos ajudem. Se algum houvesse, não sabemos que o haja, mais desanimado, por favor, não desanime ninguém.
Vamos pois começar com os trabalhos.
Deus o quer! – É pela nossa terra.
Carlos
PS: No passado número do jornal, veio uma gralha, que nos prejudicou bastante. E assim, de Lisboa só nos deram para a compra dos terrenos, 50 000$00. E, nas vésperas da construção do novo hospital, dão-nos menos 18 000$00, para sustentar os nossos pobres doentes. Mas se todos os melgacenses nos ajudarem, tudo se fará.
Carlos
Padre Carlos Vaz: Uma vida de Serviço
Edição: Carlos Nuno Salgado Vaz
Coordenadores: Carlos Nuno Salgado Vaz
Júlio Nepomuceno Vaz
Braga
Julho de 2010
pp. 532,533