RUA DR. ANTÓNIO DURÃES - MELGAÇO
QUEM FOI QUEM NA TOPONÍMIA DO MUNICÍPIO DE MELGAÇO
ANTÓNIO AUGUSTO DURÃES. Advogado e político nasceu no Lugar de Campo da Feira, Freguesia de Paderne (Melgaço), a 24-7-1891, e faleceu em Melgaço, a 24-10-1976. Cidadão republicano dotado de grande dinamismo e reconhecido pela sua generosidade, teve destacada participação cívica, quer na I República, quer na resistência contra a ditadura. Era advogado, desempenhou vários cargos em Portugal e foi Presidente da Câmara Municipal de Benguela. Em 1945 foi candidato na lista da Oposição em Angola.
Em 1908 concluiu os Estudos Preparatórios num Liceu do Porto. Formou-se em Ciências Jurídicas na Universidade de Coimbra, em 1912 e, a seguir, abriu escritório em Melgaço, em cujo foro se estreou, na defesa do Padre José Joaquim Pinheiro, ex-pároco da Vila, conseguindo a sua absolvição (o padre fora acusado de ter recusado a comunhão a um paroquiano, na quaresma de 1912). Ainda nesse ano de 1912 foi nomeado Subdelegado do Procurador da República em Melgaço mas foi exonerado no ano seguinte.
Era um político activo; aderiu, depois de outubro de 1910, ao Partido Republicano Português, foi Chefe, em Melgaço, do Partido Democrático, cujo líder nacional era Afonso Costa. Foi Administrador do Concelho, interessando-se pelo prolongamento do caminho-de-ferro até Melgaço, mas os seus esforços foram em vão, devido em parte à falta de recursos financeiros por parte do Estado. Também lutou pela estrada para Castro Laboreiro, mas o dinheiro era escasso nessa altura. Quis para Melgaço a luz eléctrica, água canalizada, etc., mas nada disso se tornou realidade durante a permanência na Administração do Concelho. Foi ainda Director do “Correio de Melgaço”. Em 1913 foi candidato a deputado pelo círculo de Melgaço, e em 1914 pediu a exoneração de Administrador do Concelho, pedido que foi aceite pelo Governador Civil do distrito.
Nos anos seguintes teve diversos acidentes, fruto do acaso, que o deixaram gravemente ferido. Em 1915 foi nomeado Notário Interino da Comarca de Monção, em 1916 foi-lhe oferecido de novo o cargo de Administrador de Melgaço, mas recusou-o. Nesse ano de 1916 foi exonerado de Notário Interino em Monção e, por causa de um artigo publicado no “Jornal de Melgaço” envolveu-se em pancada com um conterrâneo no “Café Melgacense”, incidente que terminou com a intervenção de alguns amigos. Foi advogado de defesa de uma jovem, acusada de ofender a moral pública, a qual ficou absolvida. Casou em 1916 com Maria Esménia, de 18 anos de idade, de Santa Maria dos Anjos, Valença.
Em 1917 concorreu às eleições para a Câmara Municipal, numa lista presidida pelo Padre Francisco Leandro Álvares de Magalhães. Em janeiro de 1919 tomou posse do lugar de Notário da Vila de Caminha e, algum tempo depois, partiu para África, São Tomé, onde iria desempenhar o cargo de Administrador de Concelho. Dali embarca para Angola, onde esteve ao serviço do General Norton de Matos. Em 1929 foi nomeado Governador de Benguela. De vez em quando vinha de férias à sua terra natal. Passava, no Cine Pelicano de Melgaço, alguns filmes que trazia de África, películas que mostravam a vida quotidiana dos naturais de Angola. Em julho de 1934 – vindo de Benguela, onde agora era advogado – esteve de passagem em Melgaço, com intenção de fixar residência em Viana do Castelo, ainda exerceu advocacia nessa cidade, mas regressou a África.
Em 1945, fez parte da comissão executiva do MUD em Angola, constituída naquela colónia numa reunião realizada em 15 de outubro de 1945. Nessa reunião, foram escolhidos os três nomes que deviam fazer parte da lista oposicionista de Angola: o dr. António Gonçalves Videira, o eng. Cunha Leal e ele próprio, como representante dos interesses do centro-sul de Angola. No discurso que proferiu numa sessão oposicionista realizada no Cine-Teatro de Benguela, em 1945, afirmou que só aceitara o cargo de presidente do município por se tratar de uma situação meramente administrativa e de defesa dos interesses locais mas que já o pusera à disposição do Governador-Geral, Vasco Lopes Alves.
Em 1967, proferiu, no Rotary Club do Porto, uma palestra sobre o General Norton de Matos – de cuja comissão de candidatura à Presidência da República fizera parte, em Angola – mais tarde publicada sob o título “Angola e o General Norton de Matos – subsídios para a História e para uma Biografia” (Melgaço, 1976).
Antes da independência de Angola o casal regressou a Melgaço. Depois de Abril de 1974 foi Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Melgaço, até às eleições de 1975. Quis criar, na sua Quinta da Pigarra, uma Escola Agrícola, mas o Ministério da Educação não se interessou pelo projecto e ele ofereceu-a aos Bombeiros Voluntários de Melgaço e à SCMM.
O seu nome faz parte da toponímia de Melgaço: Rua Dr. António Durães
Fonte: antifascistasdaresistencia.blogspot.pt
Antifascistas da Resistência, por Helena Pato
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rua dr. antónio durães