O PELOURINHO
REFUGIADOS EM PORTUGAL. REPRESSÃO E CONTROLO NO CONTEXTO DA
GUERRA CIVIL DE ESPANHA (1936-1939)
Nos últimos dias de agosto de 1936 desenvolveu-se uma operação policial na região de Castro Laboreiro (Melgaço) para se verificar a veracidade das informações recebidas sobre a incursão de espanhóis armados nessa região. Esta operação foi conduzida pelo comandante do posto da GNR de Melgaço, que, seguindo as ordens superiormente recebidas, organizou uma patrulha constituída por 1 cabo e 3 soldados que, com o apoio de 1 guia, se dirigiu para Castro Laboreiro. No seguimento de algumas diligências, as autoridades portuguesas concluíram que as suspeitas relativamente à entrada de refugiados armados nesta região se prendera com a vinda de espanhóis em perseguição de compatriotas fugidos que, por desconhecimento, haviam transposto a linha fronteiriça, pretendendo proceder à captura desses indivíduos e não fazer buscas domiciliárias e ameaçar os habitantes locais.
A região de Castro Laboreiro foi especialmente intensa em termos de batidas policiais, o que se justifica pelo facto de ter sido bastante procurada pelos fugitivos espanhóis, dada a sua proximidade geográfica com Espanha. Nos inícios de setembro de 1936 o comandante da secção da GF de Melgaço chamava a atenção para a realização de batidas na região, uma vez que se suspeitava que aí se encontravam escondidos bastantes comunistas espanhóis. No entanto, tal tarefa não se revelava fácil de concretizar, uma vez que era praticamente impossível capturar refugiados numa região montanhosa como Castro Laboreiro, dado que estes escondiam-se em lugares muito distantes da fiscalização, onde os habitantes locais lhes prestavam auxílio. A acrescentar a esta dificuldade havia o facto de a fiscalização dos postos ser desempenhada por apenas 3 praças, os quais, em virtude da extensa área que tinham a seu cargo, obtinham escassos resultados. Como possível solução para este problema, o comandante da secção de GF de Melgaço sugeria que o destacamento de praças da GNR que se encontrava nessa localidade fosse transferido para Castro Laboreiro, onde se encontravam mais espanhóis refugiados. Não obstante o emprego de diversos meios materiais e humanos na realização destas operações, muitas vezes os resultados conseguidos através das mesmas foram nulos, uma vez que não se capturava qualquer refugiado.
Fábio Alexandre Faria
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL)
Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL)