O ASSASSÍNIO DO PADRE
Alvaredo
PADRE MANUEL ANTÓNIO SOUSA LOBATO
Filho de Bento Manuel Sousa Lobato e de Maria José Esteves. Neto paterno de António José Sousa Lobato e de Ana Joaquina Rocha. Nasceu em Vilar (lugar meeiro) em 1841. Foi pároco em Alvaredo, Paderne… Apunhalaram-no barbaramente em sua casa em Vilar a 2/7/1892, de madrugada, cinco rufias da pior espécie, entre os quais se encontrava António Fernandes (o Guerra, ou Bera), de Casalmaninho, Penso, conhecido do cura e da família deste! O móbil do crime era o roubo. Outro dos canalhas era galego, de Lugo. Havia um de Monção e outro de S. João da Pesqueira. O padre Manuel António Sousa Lobato viria a falecer, depois de um sofrimento atroz, a 23/7/1892. Foram duramente condenados, à excepção de um, Ramão, nascido na província de Pontevedra, que a polícia nunca capturou. No JM nº 700, de 12/9/1907, pode ler-se: «Éditos de 60 dias – citando Ramão Lousada, solteiro, de Verim, para dentro de sessenta dias se apresentar neste juízo a fim de responder pelo crime que praticou, com outros, de tentar roubar na noite de 1 para 2/7/1982, os queixosos, padre Manuel António Sousa Lobato, seu irmão António e cunhado Luís Manuel Alves, de Vilar, Alvaredo, em sua própria casa, com escalamento, e aí ferir gravemente os queixosos, resultando desses ferimentos a morte do dito padre, pelo que se acha pronunciado, sem fiança, por despacho de 18/8/1892. A requerimento do Ministério Público e citado como residente em parte incerta, para comparecer dentro dos prazos dos éditos, sob pena de ser havido e julgado como revel sem mais formalidade alguma de processo, e de ser preso por qualquer pessoa do povo, e o será por qualquer oficial público, a fim de ser entregue à autoridade judicial mais próxima. Para os efeitos da Lei de 18/2/1847 se passou o presente. Melgaço, 20/8/1907…»
Esse bandido teria, na altura do assalto, 24 ou 25 anos «era baixo, delgado, com a cara redonda…» e «trazia sempre entre a cinta e o colete uma boa navalha de ponta e mola». O julgamento dos criminosos teve lugar no tribunal de Melgaço a 3/8/1893. O “Guerra” foi condenado a oito anos de prisão maior celular, seguido de 12 anos de degredo. Alternativa: 20 anos de degredo. Santiago, Alfredo, António Pinto, João, foram condenados a 8 anos de prisão maior celular, seguida de 20 anos de degredo. Alternativa: 28 anos de degredo. No dia 7/11/1893 foi confirmada a sentença. A 24/1/1984 partiram da cadeia do Porto para a Penitenciária de Lisboa. O António Pinto faleceu a 21/12/1985. Santiago enlouqueceu e internaram-no em Rilhafoles a 28/2/1987. Dos outros nada se sabe, mas devem ter ido para África, cumprir a pena de degredo, de onde certamente nunca mais voltaram. Este hediondo crime ficou conhecido por «Drama de Alvaredo» ou «Crime de Melgaço».
DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO DE MELGAÇO I
Joaquim A. Rocha
Edição do autor
2009
pp. 282-283