MELGAÇO, ORDEM DOS HOSPITALÁRIOS
chaviães
A CONSTITUIÇÃO DE UM PODER NUM TERRITÓRIO TRANSFRONTEIRIÇO:
EM TORNO DAS ORIGENS DA COMENDA HOSPITALÁRIA DE TÁVORA
Rumando a norte, uma vez no vale do Minho, e seguindo um raciocínio cronológico, atentemos na documentação de Fiães, mosteiro que aderiu à reforma cisterciense e de clara influência transfronteiriça. De facto, das sete vezes que encontramos alusões ao Hospital (Ordem) ou aos seus membros, a maioria diz respeito a terras muito próximas da fronteira, porém galegas. Não obstante, para o século XII e para o território que viria a ser português, tomemos a doação de Nuno Dente, com seus descendentes «insimul natos meos» ao «Sancto Hospitali Iherosilimis». Por este ato a Ordem é dotada de alguma propriedade sita em Chaviães, atual concelho de Melgaço, povoação raiana, desde logo. Porém, e não menosprezando a importância dos dados entretanto aduzidos, já na parte final surge, como confirmante ou testemunha, «Nunus Fernandi Ades in obedientia Hospitali Ualadares» (O Cartulário do Mosteiro de Fiães, doc. 63: 66-67). Quer isto dizer que em meados da centúria (1155) existia no vale do Minho alguma estrutura hospitalária. Esta, por ventura em relação com uma albergaria, situava-se na terra de Valadares, constituída então por freguesias que hoje pertencem a Monção e a Melgaço. Nesta perspetiva, Nuno Fernandes surge como representante dessa estrutura local e, em última instância, da própria Ordem. Por outras palavras, os hospitalários eram senhores, certamente, de alguns interesses patrimoniais na região.
HISTÓRIA
Revista da FLUP
IV Série, Volume 7 Nº 2
2017