MELGAÇO NA POESIA POPULAR
rancho folclórico de paderne
POESIA POPULAR
Não quero amor do monte
Nem tampouco da ribeira;
Quero amor de Birtelo
Por ser terra soalheira.
A Cividade dos mouros
Hei-de mandá-la doirar
Com pontinhas de alfinetes
Para o meu amor passear.
Adeus vila de Melgaço,
Feita de pedra morena,
Que passeia dentro dela
Quem me a mim dá tanta pena.
Sou da terra de Melgaço,
Meu retiro são os montes
No dia que te não vejo
Meus olhos são duas fontes.
Ó raparigas do Minho,
Que fazeis ao que ganhais?
Trazeis os homens descalços,
Nem uns sapatos lhes dais!
Sou do Minho, sou do Minho,
Também sou da Minhoteira,
Sei usar a cortesia
Como qualquer da ribeira
Eu hei-de ir casar a Rouces,
Que me deram por degredo,
Terra de muitos ramalhos,
Onde canta o cuco cedo.
I
Desça o Monte, desça o Monte
Desça o Monte p’rà Ribeira
Ouve lá, ó cantador
Chega-te p’rà minha beira
II
Desça o Monte, desça o Monte,
Desça o Monte p’rà Ribeira;
Apareça o cantador
Que aqui ‘stá a cantadeira
Adeus, Ribeira do Minho,
Só tu me arrastas paixão,
Onde tenho os meus amores
Na raiz do coração.
Adeus, fraga da Peneda,
Adeus, carvalhos tamém,
Adeus castanheiros verdes,
Até ao ano que vem!
Vou-te dá-la despedida
Por cima de uma cancela,
Nunca cuidei de cantar
Com semelhante t’ramela!
VASCONCELLOS, Leite de – Cancioneiro Popular Português (coordenado e com introdução de Maria Arminda Zaluar Nunes) Ed. Acta Universitatis Conimbrigensis-Universidade de Coimbra. Vol. I (1973), vol. II (1979), vol. III (1983).
Retirado de:
ACER – Associação Cultural e de Estudos Regionais
http://acer-pt.org/vmdacer/index.php?option=com_content&task=view&id=624&Itemid=65