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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

HOTEL RANHADA, PESO, MELGAÇO - O INÍCIO

melgaçodomonteàribeira, 01.06.19

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GRANDE HOTEL RANHADA

 

RANHADA, António Maria Guerreiro – Filho de Domingos José Valas e de Ana Rosa Ranhada. N. p. de José António Valas e de Maria Joaquina; n. m. Fortunato José Ranhada e de Maria Rosa, todos de Vilar de Mouros, Caminha. Nasceu nessa freguesia a 31/10/1856 e foi baptizado a 4/11. Padrinhos: padre João António Guerreiro e sobrinha, Maria Bernarda, seus tios maternos, na ocasião ausentes em Azurara, cujas vezes fizeram Manuel António Guerreiro e sua irmã Rosa Maria. Emigrou para o Brasil em 1875, onde arruinou a saúde. Regressou a Portugal aí por meados de 1887 para fazer tratamento no Geres, regressando de novo ao Brasil, onde o seu estado de saúde se lhe agravou. Voltou definitivamente ao seu país em 1888, recorrendo mais uma vez às termas do Gerês, mas o seu mal não desaparecia, pelo que no ano seguinte tentou Mondariz, Galiza, cujos benefícios foram nulos. Foi então que nessa estância termal ouviu falar das Águas de Melgaço e – tal como o náufrago que se agarra desesperadamente à primeira tábua que encontra – resolveu ir experimentá-las. Apanhou o comboio, apeou-se em Arbo, passou o rio na barca do Morgado do Reguengo e instalou-se em casa de José Ventura Abreu, que por especial favor o recebeu, tal era o seu aspecto. Graças às águas, e também aos ares puros, o hóspede melhorou e, grato, comprou terreno e em sociedade com seu tio Paulo, e João Luís Fife, construiu uma casa para hóspedes… à qual chamaram Hotel do Peso, inaugurando-a a 1/6/1891. Em 1897, e porque o número de aquistas crescia, e a casa já não era suficiente para os acomodar, então, aumentou-a em dobro e reabriu-a a 20/5/1897. Dissolveu a sociedade que tinha com João Luís Fife a 15/10/1990, ficando com o activo e passivo da firma. Crismou o hotel com o atraente nome “Grande Hotel Ranhada”. Como era solteiro, casou a 16/11/1899 com Maria Júlia, nascida em 1864, filha do seu antigo anfitrião, e de Lucinda Libânia Castro (conta-se que ela, em 1889, não o queria em casa – foi necessário seu pai impor-se!) Em sessão da CMM de 4/3/1914 leu-se um requerimento, solicitando autorização para explorar pedra no logradouro público denominado “ Costa de Sontra”, sito em Paderne. Só na sessão de 11/3 é que a Câmara decidiu conceder-lhe a licença, visto a informação da Junta de Paróquia afirmar que não resultava prejuízo para aquela freguesia. No entanto, o vogal Pereira propunha que ele fosse obrigado a repor tudo no seu estado primitivo. Enviuvou a 18/9/1916; a “mãe dos pobres” como era tratada, embora tivesse falecido no Peso, Paderne, foi sepultada no cemitério de Alvaredo no dia seguinte ao seu passamento. Ele faleceu também no Peso, a 28/7/1936, e foi sepultado ao lado dos restos mortais da esposa. Deixou muitos amigos, porque era um homem sério e honesto, um verdadeiro cavalheiro. É certo que deve a vida a Melgaço, mas o concelho também lhe deve muito, pois foi graças a ele (e também aos descendentes) que as águas se tornaram famosas. O Peso chegou a ser visitado por ministros, escritores, pintores, etc., que levaram o nome de Melgaço a todo o país, e mesmo ao estrangeiro. O casal teve cinco filhos: José, Rosa, António, Mário e Amadeu.

 

Dicionário Enciclopédico de Melgaço I

Joaquim A. Rocha

Edição do autor

2009

pp. 335/336