Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

FÉRIAS EM MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 03.08.19

100 - Roussas - igreja de Santa Rita..JPG

igreja de santa rita  roussas

 

 

DEPOIS DAS FÉRIAS

(A Voz de Melgaço, 01.09.1971)

 

Alguém passou no meio de nós…

Manhãs de Primavera…

Tanta coisa linda se pode fazer…

 

À hora a que o nosso jornal tiver saído, muitos dos nossos conterrâneos e amigos, que vieram até junto dos seus, a esta linda terra, terão regressado aos lugares de trabalho.

Nos seus carros, nos comboios, nas camionetas, como puderam, lá se foram eles, deixando-nos umas lindas manhãs de Primavera. Aqui deixaram muito dinheiro. Nas suas famílias, nos comércios, nas igrejas, com suas promessas e a sua gratidão, foram lindas manhãs cantantes. Mas alguém passou na nossa terra. Aqui estiveram Melgacenses que ajudaram a construir um Melgaço maior, na sua modéstia, na sua humildade.

Vamos lembrar alguns, já que nos é impossível recordá-los a todos. O Sr. Joaquim Domingues, da Carpinteira, que não pôde frequentar uma Universidade, mas, com o seu trabalho, chegou a lugares dos de mais responsabilidade na escala social, a Director de um Banco no Rio de Janeiro. Pois este nosso amigo esteve sempre junto de nós, melgacenses, nas grandes batalhas. Com ele e outros se comprou o aparelho de Raio X para o hospital, que tanto bem nos tem feito.

Um dia, já distante, o Sr. Joaquim segredava-me que desejava dar 10.000$00 a Santa Rita. No hospital, fazia falta uma ambulância e nós sugerimos-lhe que, para então, seria mais proveitosa a compra da ambulância, para serviço dos pobres. E os 10.000$00 foram para o hospital e sua ambulância.

Tem sido um dos grandes obreiros de Santa Rita. Com ele se lançou a primeira pedra da nova igreja, com ele avançamos.

Paulo Martins, de Sante – Um simpático rapaz, ainda solteiro, que na altura dolorosa da saída das Irmãs, do hospital, num país que não tinha enfermeiras em número suficiente, pôs o seu carro e o seu colega Sr. Augusto César Fernandes, da Carpinteira, e com ele se avançou, só num dia, por cerca de 600 quilómetros por essas terras do Norte, à procura de pessoal. E isto felizmente enquanto a nossa gente, descansada, confiando na Mesa da Santa Casa, podia dormir tranquila… 600 quilómetros, só num dia! Mas o hospital não fechou.

O Armando Malheiro, o António Inácio – Ambos em França, ambos em Melgaço. O primeiro, alma da nossa conferência vicentina em Melgaço, e tantas despesas fiz, em serviço do hospital e de Santa Rita, franqueando-me a sua casa, e as suas numerosas amizades, em que tanto se fez. E tantos dias e sempre com o mesmo sorriso. Como o Armando Malheiro… Não voltarei mais a França, na missão que lá me fez ir. A idade, o cuidado dos nossos 5 irmãos velhinhos em Santa Rita não me deixaram andar por longe. Mas aqui os venho lembrar e, neles, a todos quantos nos deram o seu coração, para estas belas obras a serviço do Pai. E foram muitos.

Pois aqui passou alguém na nossa terra. Como Santa Isabel, podemos dizer: - Majestade, levo flores. Passaram flores na nossa terra. Quantas coisas grandes e belas se podem fazer na nossa terra!

 

                                                                                                Padre Carlos

 

Padre Carlos Vaz: Uma vida de Serviço

Edição: Carlos Nuno Salgado Vaz

Coordenadores: Carlos Nuno Salgado Vaz

                           Júlio Nepomuceno Vaz

Braga

Julho 2010

pp. 607,608