E AGORA, LUÍSA ?
Olinda Carvalho nasceu em Castro Laboreiro, Melgaço, em 1953. Deixou a serra para poder estudar. Passou por Melgaço, Braga, chegando a Lisboa aos dezoito anos. Aí se formou em Filologia Germânica na Faculdade de Letras, durante os conturbados anos que precederam e se seguiram à Revolução, que ela viveu intensamente. Ingressou na carreira docente por opção e fez da educação projeto profissional. Viveu dez anos em Bruxelas, viajou pela Europa, pela América e por África procurando sempre novos estímulos e talvez mesmo novas raízes. Estas não deixam no entanto de estar profundamente ancoradas nas suas origens da montanha agreste e violenta de Portugal. Inicia com este romance um projeto cismado desde sempre.
E Agora, Luísa? Conta-nos duas histórias que se entrelaçam. Oriunda de Lisboa, onde cresceu despreocupada no seio de uma família da média burguesia, é Luísa que nos conduz a outras terras e nos introduz outras vidas, outros modos de vida e, sobretudo, de pensar. Narrativa vívida que privilegia os sentimentos e a representação do real, personagens complexas evoluindo interiormente, muito marcadas pela educação, pelo sentido do dever, pelo tempo da História. Há uma presença contínua de um qualquer tipo de dor, física ou introspetiva, a perturbar o equilíbrio que todos querem, mas que só a idade e a aceitação acabam por permitir.
Anos setenta do século passado, por aqui perpassam alguns dos problemas que a sociedade portuguesa enfrentou, desde a guerra colonial e as lutas estudantis aos arroubos revolucionários do pós 25 de Abril e à evolução dos costumes.