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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

CASTRO LABOREIRO, HISTÓRIA DA HABITAÇÃO

melgaçodomonteàribeira, 06.05.23

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ARQUITECTURA VERNACULAR AGRO-PASTORIL

CASTRO LABOREIRO

HISTÓRIA DA HABITAÇÃO

Os inícios da ocupação humana na zona do PNPG, na qual a freguesia de Castro Laboreiro é pertencente, datam de 5000 a.C. As provas desta presença consistem nos túmulos megalíticos, tais como as mamoas, as antas ou as cistas, existentes nos planaltos de Castro Laboreiro e de Mourela, e também nas serras da Peneda, Soajo e Gerês (Rocha, J., 1993: 121). Com efeito, foi na região em estudo que se verificou o surgimento sucessivo de duas culturas com grande relevo – a dolménica e a castreja (Rocha, J., 1993: 122).

Verifica-se então que os aglomerados populacionais de Castro Laboreiro tiveram provavelmente génese nos castros, povoados que datam do final da Idade do Bronze, tendo o seu apogeu com a Idade do Ferro (Marcos, J., 1996:29). Com efeito, várias características, como a nomenclatura dos povoados, a sua posição geográfica, as técnicas, a pobreza do meio, entre outras, são reflexo da influência da “primitiva civilização castreja-céltica, ramo Noroeste Peninsular, que teria nos altos pontos montanhosos a sua principal área de expansão” (Geraldes, A., 1996:12). O isolamento da comunidade de Castro Laboreiro fez com que esta conquistasse individualidade; por outro lado, não pôde usufruir de técnicas agrícolas mais avançadas e de uma vida económica melhor. Enquanto que outras regiões do país tiveram grande influência da civilização romana, tal não aconteceu neste local, verificando-se a inexistência da regularização da divisão do território, do espalhamento da população, do surgimento da urbanização e das funções da mercantilização (Geraldes, A., 1996:12).

Embora a vertente da defesa fosse de grande importância, os castros reflectiam igualmente a sedentarização, com a domesticação de animais e o cultivo; estas actividades ainda hoje são praticadas por alguns dos habitantes de Castro Laboreiro. Os castros normalmente edificavam-se à beira-mar ou junto aos rios, aqueles que se encontravam no interior (Silva, A., 1983: 121).

As habitações castrejas originais possuíam planta circular, típica do empirismo natural do Homem. Outra razão para terem esta forma é a de que os habitantes da época não tinham conhecimentos construtivos e técnicos que lhes permitissem edificar uma planta rectangular; só com a Celtização é que se adaptou essa tipologia (Marcos. J., 1996:71). No entanto, apesar da simplicidade, consegue-se encontrar nos castros nortenhos variações ao nível da “forma, altura e natureza das paredes, tipo de aparelho e cobertura, etc., conforme as regiões e os povoados, os materiais naturais – o granito, o xisto, o barro, a madeira…” (Dias, J., 1946: 75)

As descrições iniciais relativas à primeira grande mudança dos edifícios de Castro Laboreiro remontam a finais do século XVIII; a maioria das habitações seriam caracterizadas pela sua simplicidade, quer ao nível da forma, quer da estrutura, relacionando-se com as casas rudimentares existentes em diversas regiões da Europa Medieval (Chapelot e Fossier, 1980: 222, 223, cit. in Lima, A., 1996: 31). Estas habitações apresentavam principalmente três materiais: a pedra (granito), a madeira (carvalho) e o colmo (palha centeia). Possuíam um único piso, assim como uma só divisão, sendo o solo em terra batida. Ao contrário do que viria a existir em tempos posteriores, as cortes do gado ficavam em anexo (Lima, A., 1996: 31).

De acordo com a autora Alexandra Lima, este período representa uma primeira mudança significativa nas tipologias das habitações presentes em Castro Laboreiro, sendo que a segunda corresponderia às alterações efectuadas pelos emigrantes em meados do século XX. Assim, as casas estudadas neste trabalho correspondem às que restam (sem modificações) após o século XVIII (Lima. A., 1996: 31).

 

UNIVERSIDADE LUSÍADA DO PORTO

A SUSTENTABILIDADE E REABILITAÇÃO DA ARQUITECTURA VERNACULAR – INTERVENÇÃO NA INVERNEIRA DE PONTES

JOÃO DANIEL DA PONTE MARTINS GRAÇA DE MATOS

DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

PORTO, 2013