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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

ANIVERSÁRIO DO BLOG e O HOMEM E A TERRA

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de

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

 

 

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O PELOURINHO DE CASTRO LABOREIRO

 

(…)

Embora Castro Laboreiro fosse erecta Vila e sede de concelho por foral concedido por D. Afonso III, em 1271, o que correspondia ao direito de pelourinho, o actual monumento, desta antiga Vila, data de 1560, tendo-lhes sido concedido novo foral por D. Manuel I em 1513. Constituído por três degraus, uma base, fuste, gola e capitel, rematado por pequena pirâmide, presidiu aos destinos desta região desde 1560 até 1860, data na qual foi apeado do seu legítimo lugar e dispersos todos os seus elementos para naquele local se construir uma casa particular. Os degraus desapareceram para sempre, não havendo possibilidade da sua recuperação. A base consegui descobri-la a fazer parte de um muro de um quinteiro. O fuste encontrei-o a servir de lintel ou padieira na chaminé da casa construída onde ele se encontrava antes de ser destruído. Preocupado com a sua restauração continuei sempre em investigações para descobrir o seu capital. Depois de numerosas pesquisas, fui encontrá-lo a servir de óculo de luz numa casa em ruínas, a uns trezentos metros do local, onde outrora se levantava este monumento. Colocado à altura de uns seis metros num muro dobrado e de alvenaria irregular, dificilmente se poderia verificar se era pertença do pelourinho ou não. Facilitou-me o seu reconhecimento o facto de ser trabalhado a pico fino e de ter a gola circular voltada para fora. Somente em 1978 me foi possível desmontá-lo do respectivo muro com o auxílio dos pedreiros reconstrutores das muralhas do Castelo. Depois do mesmo se encontrar no solo pude averiguar que era verdadeiramente o capitel do antigo pelourinho de Castro Laboreiro, pelo facto de na face interior ostentar uma gola circular com a espessura de 5 centímetros aproximadamente; e na superior um rebaixe de uns 4 centímetros, onde poisava a pirâmide que rematava este pelourinho. Não me foi possível descobrir a pequena pirâmide.

Os trabalhos de investigação para reunir os três principais elementos constitutivos desta preciosa relíquia do passado, prolongaram-se durante vinte e quatro anos. Mas como saber o estilo e forma deste pelourinho para a total identificação dos seus elementos e sua restauração?

Mercê dos trabalhos de investigação do estudante Soeiro de Carvalho no Arquivo Distrital de Viana do Castelo, conseguiu descobrir-se um esboço muito perfeito deste pelourinho, efectuado pelo sr. coronel Fernando Barreiras, em Julho de 1917, data em que fez uma visita de estudo a Castro Laboreiro; e que, servindo-se das preciosas informações de Castrejo sr. Melchior Gonçalves, que ajudara a desmontar e a destruir este antigo pelourinho em 1860, conseguiu com muita precisão representar a lápis este monumento no artístico esboço de todas as peças constitutivas do mesmo, descrevendo com bastante aproximação as respectivas medidas de cada um dos seus elementos, que acompanha este trabalho.

Foi com este referido esboço e memória descritiva de todas as peças de que este monumento constava, que consegui levar a Direcção dos Edifícios e Monumentos Nacionais do Norte a reconhecer como autênticos todos os elementos descobertos podendo assim solicitar àquela entidade a sua imediata restauração.

Quero manifestar publicamente o meu sincero agradecimento a todos os donos das propriedades urbanas, onde as peças em referência se encontravam, pela cedência voluntária das mesmas. Não posso deixar de expressar, como filho de Castro Laboreiro e humilde estudioso destes monumentos, raízes desta região, o meu eterno agradecimento aos meus estimados amigos, sr. dr. Oliveira e Silva, digníssimo Governador Civil de Viana do Castelo; ao sr. engº José Maria Moreira da Silva digníssimo Director do Parque Nacional Peneda-Gerês; ao sr. arquitecto Roberto Leão, do Planeamento do Porto; ao sr. professor Carlos Alves, digníssimo Presidente da Câmara Municipal de Melgaço, e ao sr. Adelino Esteves, digníssimo Presidente da Junta de Freguesia de Castro Laboreiro, por todo o auxílio e apoio que tiveram a bondade de me dispensar, patrocinando uns, a sua imediata restauração; e outros, além do seu contacto com as entidades responsáveis, a oferta do seu auxílio pecuniário. Bem hajam por todo o interesse que me concederam. A imediata restauração de tão belo e histórico monumento será a recompensa bem merecida de todos estes auxílios e trabalhos a bem da cultura nacional, que tão precisada anda de trabalhos de tamanha monta.

 

Castro Laboreiro, 10 de Fevereiro de 1979

Padre Aníbal Rodrigues

 

Retirado de:

http://www.gib.cm-viana-castelo.pt

 

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