ÁGUAS DE MELGAÇO
ÁGUAS GASOCARBONOTADAS
ÁGUAS DE MELGAÇO
As nascentes do Peso, freguesia de Paderne, concelho de Melgaço, situam-se a cerca de 2 km a SW da vila de Melgaço. Destacam-se na localidade do Peso duas ocorrências distanciadas 120 m, dispostas segundo direcção E-W (Ribeiro e Moreira. 1986). As nascentes situam-se, concretamente, na confluência entre a Corga de Surribas e o Ribeiro da Cividade (Nascente Principal) e mais a oeste, na margem esquerda do Ribeiro do Peso (Nascente Nova). Estes ribeiros juntam-se e formam um pequeno afluente do rio Minho, o ribeiro da Folia.
Na zona distingue-se, sob ponto de vista hidrogeológico, um granito de duas micas, cortado por filões pegmatíticos orientados segundo direcção N-S, filões de granito claro, de grão mais fino que o granito encaixante, com orientação E-W (Ribeiro e Moreira, 1986).
A nascente principal é captada por galeria ao longo de um filão pegmatítico orientado segundo N-S e a Nascente Nova é captada em poço, contribuindo com o maior caudal.
A água mineral que nasce na Concessão de Melgaço é mesossalina, com reacção ácida e função pronunciadamente alcalina. É uma água gasocarbónica, bicarbonatada, cálcica e ferruginosa (Silva, 2002). D’Almeida e D’Almeida (1988) referem que certas propriedades químicas, nomeadamente a presença de elevada quantidade de ferro num ambiente rico em gás carbónico, conferem a estas águas uma capacidade muito notável, verificando-se a turvação e a precipitação de alguns dos seus minerais pouco depois de expostos ao ar. Tendo em conta as suas propriedades mineromedicinais é comercializada e engarrafada com o nome de Águas de Melgaço.
O primeiro registo das Águas de Melgaço data de 1884, altura em que corre a notícia do caso extraordinário da cura da mulher de um médico de Vila Nova de Cerveira que sofria de uma doença do estômago. A partir daí as águas ganham fama pelos seus poderes ao nível digestivo. Em 1885 efectuou-se a primeira análise química detalhada da água da fonte principal de Melgaço e consecutivamente foi criada uma infra-estrutura de madeira onde se processa o engarrafamento que serviu simultaneamente para abrigo e comodidade dos doentes. Em 1924 foi criada a estância balnear, altura em que recebia pessoas de todo o país, tendo o seu edifício e espaço envolvente contribuído para um maior afluxo de visitantes. Hoje a estância termal encontra-se bastante degradada e sem actividade, estando a decorrer obras de requalificação de um espaço que pelo seu valor cénico e hidroterapêutico muito contribuiu para a divulgação da região.
PATRIMÓNIO GEOLÓGICO DO VALE DO MINHO E SUA VALORIZAÇÃO GEOTURÍSTICA
Marta Susana Fernandes Rodrigues
Universidade do Minho
Escola de Ciências
Novembro 2009