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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

A IGREJA DA MISERICÓRDIA

melgaçodomonteàribeira, 25.10.14

Igreja da Misericórdia, 1947 - Jorge Maltieira

 

SANTA MARIA DO CAMPO

 

   Ao falar de Santa Maria da Porta já disse bastante da igreja de Santa Maria do Campo, assim chamada por estar no então campo da feira e para distinguir da outra que estava junto da porta do castelo.

   Antiga era ela, e já existia no século XII, porque nunca seria preciso dizer que a outra estava junto da porta, se não houvesse esta. Era preciso especificar para não haver confusão.

   Ambas igrejas de Santa Maria e ambas em Melgaço, não poderia saber-se a qual a gente se referia ao dizer apenas Santa Maria de Melgaço. Por isso temos dificuldade em compreender os repetidos documentos do mosteiro de Fiães que nos apresentam os convénios da Câmara e moradores de Melgaço com D. Abade e monges de Fiães.

   A primeira vez que encontrei esta igreja devidamente especificada foi nas inquirições de D. Afonso III feitas em 1258. Dela apenas verificamos que existia a freguesia de Santa Maria do Campo, sem nos darem outras particularidades.

   Em 1320, no reinado de D. Dinis, era a igreja de Santa Maria do Campo de recursos menos que medianos, embora houvesse outras mais humildes. As suas rendas foram calculadas em 30 libras, ao passo que as de Santa Maria da Porta o foram em 110, como já vimos no capítulo anterior.

   Não encontrei mais referências até ao princípio do século XVI em que nos aparece no Igregário de D. Diogo de Sousa (arcebispo de Braga) com a nota de ser de livre escolha do arcebispo o seu pároco.

   Nos primeiros tempos da nossa nacionalidade, a igreja de Santa Maria do Campo ficava fora da fortaleza, bem como a de Santa Maria da Porta, porquanto o castelo de Melgaço era constituído pela torre de menagem e reduto fortificado em volta, que foi restaurado há anos.

   Em tempo de D. Afonso III e de D. Dinis é que a povoação foi protegida por uma segunda muralha de que falarei oportunamente, e então ambas as igrejas ficaram da parte de dentro.

   O falecido Dr. Augusto César Esteves, com elementos claros, demonstra que a antiga igreja de Santa Maria do Campo é a actual igreja da Misericórdia com modificações no decorrer dos tempos. Mais supõe que o seu território se estendia a poente da vila e ao correr do regato que vem de Fiães até entestar no rio Minho.

   Em 1540 fez-se um tombo da freguesia de Roucas e nele interveio o P.e João da Costa, cura de Santa Maria do Campo, na qualidade de homem bom e como procurador do abade das igrejas de Santa Maria da Porta e S. Lourenço de Prado que estava ausente.

   Esta freguesia deve ter desaparecido, como outras, nas reformas sequentes ao Concílio de Trento realizado nos fins do século XVI.

   O tomar conta da igreja a então novel instituição da Misericórdia evitou que por completo desaparecesse como aconteceu não só à igreja de S. Fagundo como a diversos templos que na vila houve.

 

 

Obra Histórica

Padre Manuel António Bernardo Pintor

Edição do Rotary Club de Monção

2005

  1. 83-84