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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

A CRUZADA DE SÃO GREGÓRIO

melgaçodomonteàribeira, 29.12.18

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ENTRE O CRIME E A CADEIA: VIOLÊNCIA E MARGINALIDADE NO ALTO MINHO (1732-1870)

 

Alexandra Esteves

Em tempos mais recuados, também se assistiu à actuação de quadrilhas, cuja actividade se fez sentir por todo o Alto Minho, desde os inícios do século XIX. Em 1818, as povoações ribeirinhas do rio Minho, quer do lado português, quer da Galiza, eram constantemente atacadas por bandos de salteadores encapuzados, que não só roubavam como invadiam as aldeias, intimidando as populações com tiros e ocupando tabernas e vendas. Alguns destes bandos tinham motivações políticas e contavam, inclusive, com a conivência do poder judicial. Outros foram, entretanto, desmantelados, como a quadrilha que actuava em Melgaço, intitulada “A Cruzada de S. Gregório”. Este grupo era liderado por Manuel Joaquim Veloso, capturado em quatro de Novembro de 1834 e julgado e condenado em Junho de 1836.

A aceitação da vitória liberal, não sendo um facto consumado em todo o reino, contribuiu para o desenvolvimento de uma política de guerrilha. Constituíu o primeiro passo para a formação de bandos organizados, que se dedicavam à prática de todo o tipo de atentados.

Apesar da detenção, no decurso do ano de 1835, de algumas das figuras destacadas da guerrilha, e, Janeiro de 1836 o provedor de Melgaço traçou um cenário desolador. Algumas estradas, nomeadamente a que ligava a freguesia de Penso a Valadares, estavam praticamente intransitáveis, devido ao clima de medo imposto por bandoleiros, sendo o mais conhecido Tomás das Quingostas, que deambulavam por aquelas terras. Por outro lado, funcionários judiciais recusavam-se a entrar nas aldeias e afixar editais contra eles, com receio de perder a vida, imperando, por isso, um verdadeiro clima de medo e delação.

 

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