A ARTE ROMÂNICA EM MELGAÇO
igreja matriz
capela da orada
A ARTE ROMÂNICA NA ANTIGA DIOCESE DE TUI: AS RELAÇÕES ARTÍSTICAS GALAICO-MINHOTAS
COMPOSIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO
Abordar a questão das relações artísticas galaico-minhotas pode ser muito complicado, uma vez que só temos fontes históricas, não temos fontes artísticas que possam fornecer informações sobre oficinas e autores envolvidos na construção de obras românicas. O principal método de análise é a comparação entre as formas artísticas das duas margens minhotas e o estudo da bibliografia dedicada às diferentes manifestações.
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Na arte românica da antiga diocese tudense (Tui), a arquitectura tem uma estreita relação de interdependência com a escultura. Embora seja considerada rural e mesmo pobre, devemos enfatizar a sua singularidade, especialmente quanto ao uso de decoração escultórica. As estruturas e motivos são o resultado de um importante processo de absorção das correntes artísticas europeias, feita através das catedrais de Tui, Compostela, Braga, Ourense e das igrejas cistercienses de finais do século XII, e da reutilização do passado como exemplo: a influência castreja que aparece no gosto pelas formas geométricas nas hexapétalas herdadas da decoração dos castros como o de Castro Laboreiro (Melgaço, Portugal) e Santa Tegra (A Guarda, Pontevedra), que se refletem em exemplares românicos como o de Santa Maria de Castrelos (Vigo, Pontevedra). A herdança pré-românica refletida no uso do sogueado no capitel historiado de São Salvador de Paderne (Melgaço, Portugal) ou na decoração de uma arquivolta de S. Vicente de Barrantes (Tomiño, Pontevedra) que apresenta uns arquinhos similares aos da igreja de S. Pedro de Balsemão (Lamego, Portugal). Outro nexo comum destas relações artísticas Galaico-Minhotas está nas tradições e na cultura popular comum, como acontece com os motivos apotropaicos e de longa tradição popular, como o serpentiforme de San Fins de Friestas (Valença, Portugal) ou o canídeo ou leão de Santa Maria da Porta (Melgaço, Portugal), referindo a atitude de guarda e proteção que devem ter os que entram na igreja e espaço sagrado, embora os animais da Capela da Nossa Senhora da Orada (Melgaço, Portugal) sejam parte do motivo da árvore da vida, que também aparecem na área galega da diocese no tímpano de S. Miguel de Pexegueiro (Tui, Pontevedra), que se relacionam com o grifo e o dragão em luta, representação da batalha entre o bem e o mal do tímpano norte de São Cristóvão de Rio Mau.
É importante a presença no entorno diocesano de oficinas itinerantes que fazem cópias sistemáticas que respondem a programas iconográficos idênticos ou com intenção semelhante. É o caso, por exemplo, da que fez o tímpano de S. Salvador de Albeos (Crecente, Pontevedra), cuja Maiestas Domini tem traços comuns às de Bravães (Ponte da Barca, Portugal) e Rubiães (Paredes de Coura, Portugal). Podemos dizer que as oficinas que trabalham na zona conhecem a linguagem das artes de ambas as margens do Minho e que partilham mestres e canteiros.
Margarita Vásquez Corbal
Doutoranda do Departamento de História da Universidade de
Santiago de Compostela (Espanha)
Incipit 2. Workshop de Estudos Medievais da Universidade do Porto
2011-12
MAIS UM AMIGO QUE NOS DEIXOU
FICA EM PAZ FERNANDO