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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

UM PRESBITERO MELGACENSE NO SEC XIX

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

MANOEL JOSE RODRIGUES DA COSTA (1846 – 1929)

 

 

   Manoel da Costa foi um dos primeiros oficiais da Igreja Presbiteriana do Brasil. Nasceu no dia 21 de Junho de 1846 em Beleco de Passos, Melgaço (província do Minho), em Portugal, a pequena distância da fronteira espanhola. Em Novembro de 1859, aos treze anos, deixou a pátria, aportando ao Brasil em Janeiro de 1860. Dirigiu-se para Caldas, Minas Gerais, ali chegando no dia 7 de Abril. Quatro anos depois, em Março de 1864, foi residir em S. Gonçalo do Sacupaí, onde se casou a 22 de Abril de 1865 com Florisbela de Azevedo Costa (ele com 19 anos e ela com 13). Em 1866, mudou-se para Águas Virtuosas (Lambari), onde no ano seguinte nasceu o primogénito Guilherme.

   Em 1870, mudou-se para a Serra de Santos, como empregado da São Paulo Railway. Converteu-se em 1874, através da leitura da Bíblia, sendo recebido por profissão de fé e baptismo no dia 6 de Dezembro pelo Rev. George W. Chamberlain na igreja Presbiteriana de São Paulo. Florisbela foi recebida  em 7 de Março de 1875, em companhia do futuro Rev. Eduardo Carlos Pereira. No dia 21, baptizaram os filhos Guilherme, Elisa e Alberto. Manoel deixou o emprego na estrada de ferro por causa do trabalho no domingo e tornou-se comerciante. Teve um armazém na rua Santa Efigénia, transferindo-o em 1879 para a rua dos Andradas.

   Foi eleito diácono da Igreja de São Paulo em Março de 1876, e presbítero em 3 de Outubro de 1880, sendo ordenado no dia 9 de Janeiro de 1881. Tornou-se assim o segundo presbítero dessa igreja histórica, organizada em 1865. O primeiro havia sido o inglês William Dreaton Pitt, ordenado em 22 de Dezembro de 1867, que ingressou no ministério em 1869 e faleceu no ano seguinte.

   Foi somente a partir de Manoel da Costa que a Igreja de São Paulo teve com regularidade o ofício de presbítero.

   O casal Costa teve 19 filhos, quase todos falecidos na infância ou início da idade adulta. Um deles, Guilherme da Costa, foi consagrado pastor metodista (faleceu no Rio de Janeiro em Setembro de 1904, numa epidemia de varíola.

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Retirado de Portal Mackenzie

 

Instituto Presbiteriano Mackenzie

 

Http://www.mackenzie.br/10195.html

 

MELGAÇO SÉCULO XII

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

FRONTEIRAS PORTUGUESAS E LEONESAS NOS FINS DO SEC XII

 

 

Linha da foz do Minho a Melgaço

No Arch. Nac., M. 12 de For. Ant., nº 3, f. 22 v. acha-se o foral de Melgaço datado de 1181, e na carta de repovoação de Lapella de 1208 renovam-se a este logar os foros com que tinha sido povoado “in diebus regis D. Alfonsi”(Liv. 2 de Alemdouro, f. 269). Os povoadores de Melgaço pediram para si os foros de Ribadavia, concelho limitrophe na Galliza. Lê-se no preambulo deste diploma que a nova povoação era fundada na terra ou districto de Valadares, districto que, como hoje vemos da situação desta ultima villa, se dilatava ao longo do Minho para o lado de Monção. Affonso I incluiu nos termos do novo município metade de Chaviães, logar exactamente situado no angulo que a linha de Melgaço a Lindoso fórma com o rio Minho, caíndo quasi perpendicularmente sobre elle.

 

Linha de Melgaço e Lindoso

De dous documentos do cartulario de Feães (Sandoval, Ygles. de Tuy, f. 132 e 137), provavelmente destruido no incendio que devorou aquelle mosteiro no seculo passado, se conhece que pelos annos de 1166 a 1174 este mosteiro era em territorio português; porque, posto aquelles documentos sejam de particulares, nelles se diz que reinava em “Portugal Afonso I”, não mencionando o rei de Leão. Que as cercanias do logar onde depois se fundou Lindoso pertenciam a Portugal pelos annos de 1160 resulta evidentemente do relatorio da transladação das reliquias de Sancta Eufémia, as quaes por essa epocha foram levadas a Orense.

 

 

RETIRADO DE: http://purl.pt/12112/2/hg-26085-p

 

NOSSA SENHORA DA ORADA

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Capela da Senhora da Orada - Melgaço

 

 

NOSSA SENHORA DA ORADA

 

 

É Nossa Senhora da Orada, imagem de muita devoção dos povos d’estas redondezas, e desde o dia da Ascensão do Senhor, até á festa do Espirito Santo, aqui vinham em romaria a maior parte das freguezias dos concelhos de Melgaço, Valladares e Monção, offerecem á Senhora o residuo do cirio paschal, levando os seus respectivos parochos e ao menos uma pessoa de cada casa:isto em cumprimento de um antigo voto, feito por occasião de uma grande peste, de cujo flagello foram estas terras preservadas, tendo sofrido muito as outras.

(…)

É tradição antiga que, pela protecção d’esta Senhora, se livraram muitos captivos que estavam em terras de mouros e que, recorrendo á Santissima Virgem, appareceram ás portas d’este templo, com os grilhões e cadeias com que estavam presos.

 

PINHO LEAL, Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de,

PORTUGAL ANTIGO E MODERNO, Lisboa, Livraria Editora Tavares

Cardoso & Irmão, 2006 (1873), p.Tomo V, pp.170-171

 

RETIRADO DE: CEAO

Centro de Estudos Ataíde Oliveira

 

www.lendarium.org/narrative/melgaço

 

PROCESSO 1093 DO SANTO OFICIO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

CASTRO LABOREIRO – ROTA COMERCIAL

                                          

                               

PROCESSO 1093 DA INQUISIÇÃO

 

 

   Luís Henriques Julião – processo 1093 – 42 anos, mercador, filho de Julião Henriques e Branca Rodrigues, morador em Orense, Galiza, casado com Filipa Dias. Foi preso em 14/5/1656, em Castro Laboreiro, quando se preparava para passar a fronteira de regresso a Orense, conduzindo um “rocim negro que vale 8 mil reis” o qual lhe foi sequestrado juntamente com 17 arrobas e 3 arratéis de cera que tinha, comprados em Castro Laboreiro e ia levar para Orense. Saiu no auto de fé de 23/5/1660, condenado em 2 anos de degredo para Castro Marim. De seu “curriculum vitae” consta que estivera 5 ou 6 meses em Lisboa onde levara carneiradas para vender; que estivera outro tanto tempo em Lagos, como guarda dos almandravas (armazéns da pesca do atum); que estivera 3 meses em Coimbra, por “demandas do fisco” e em Braga e Porto por razões de comércio. No seguimento da prisão de Lopo Machado fugiu com a mulher para a Galiza e foi para Pontevedra a tomar conta das salinas. Depois fixou-se em Orense viajando por Madrid, Valladolid e outras terras de Castela, em negócios. Na altura que fugiu sequestraram-lhe os bens e entre eles contava-se uma vinha no sítio da Fonte do Olmo “que valia 10 mil reis e levava 16 geiras de cava”.

 

   Retalhos da História de Vila Flor VI

 

   Do site OS JUDEUS EM TRÁS-OS-MONTES

 

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   …Finalmente a 23 de Maio de 1660 foi realizado Auto de Fé.

Luís Julião abjurou então a “Fé Mosaica”, mas foi-lhe imposta várias determinações, que para bem da sua integridade física, deviam ser a partir daí escrupulosamente cumpridas:

- Usar hábito penitencial.

- Ir à missa aos domingos e nos dias santos.

- Confessar-se nas quatro festas do ano: - Natal, Páscoa, Espírito Santo e Assunção de Nossa Senhora, e comungar se o confessor assim o entendesse;

- Jejuar todos os sábados e rezar o rozário de Nossa Senhora;

- Apartar-se da “gente da nação” e cumprir tudo o que prometeu na abjuração.

 Recebeu “Termo de Soltura e Segredo”, e após a sua saída do cárcere, desconhece-se o seu destino.

 

  Foi detido a 14 de Maio de 1656, pelo tribunal do Santo Ofício de Coimbra acusado de judaísmo.

  Cumpriu quatro longos anos de prisão.

 

   Publicado por Carlos Baptista

 

   No site Por Terras de Sefarad, Janeiro de 2011.  

  

INÁCIO SOARES, UM ILUSTRE FILHO DE PRADO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Prado - Melgaço

 

 

A inovação da introdução das matemáticas nos estudos filosóficos foi louvada por Inácio Soares (Prado, Melgaço, 1712 – Ruffinella, 12.10.1783). Este jesuíta entrou para a Companhia de Jesus em Coimbra a 20.3.1729, onde fez o noviciado e os estudos de Retórica (1731-1732), Filosofia (1732-1736), Matemática (1739-1741) e Teologia (1741-1745). Após ensinar Latim nos Colégios de Braga (1736-1738) e Portimão (1745-1746), foi prefeito dos estudos e lente de Teologia Moral no Colégio de Santarém. De 1751 a 1754 deu, em Braga, um curso de filosofia que ficou célebre quer pela orientação ecléctica quer pelo esplendor dos seus actos académicos e pela actualidade dos assuntos tratados. A GAZETA DE LISBOA (ano de 1754. pp. 191-192) referia-se nestes termos ao curso dado por Inácio Soares: As conclusões foram dedicadas a suas Magestades Fidelíssimas e a suas Altezas, e incluíam toda a Filosofia eclética, racional, natural e moral, ou da eleição das doutrinas de todos os autores antigos e modernos, assim filósofos como matemáticos, com maior vastidão que até agora se tem visto. Posteriormente, encontrando-se no Colégio de Jesus, onde ensinava Teologia Moral, Inácio Soares começou a dar mostras de desarranjo mental, facto que levou ao seu afastamento do ensino. Sebastião José de Carvalho, julgando-o ofendido e queixoso dos superiores, mandou chamá-lo a Lisboa. A atitude de Inácio Soares, ao afirmar perante o cardeal reformador Saldanha e Sebastião José de Carvalho, que iriam parar ao inferno se não desistissem da perseguição aos jesuítas, levou-o a oito anos e meio de prisão, na Junqueira e S. Julião da Barra. Foi preso em 11.1.1759, tendo sido depois exilado, foi para Itália a 6.9.1767. Das suas lições ficaram uma postila de Lógica, e a PHILOSOPHIAM UNIVERSAM ECLECTICAM, EX CUNCTIS PHILOSOPHORUM SECTIS METHODICE SELECTAM AC CONCINNATAM, defendida por António Neto da Fonseca (Coimbra 1754).

 

Retirado de:

 

htpp://nautilus.fis.uc.pt

 

O EXILIO GALEGO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

 ACTAS DO CONGRESO INTERNACIONAL "O EXILIO GALEGO"

 

 

    No decurso dos dez últimos días de xullo de 1936, Galicia caeu baixo a bota do terror, converténdose nun dos territorios da República onde a represión franquista amosaría a súa face máis cruel e asañada dende o comezo  mesmo do conflicto……………………….

   Galicia non era zona leal para os franquistas, e en ningún caso se trataba dunha retagarda segura; os sublevados tiñan razóns para considerar que Galicia era, en boa medida, un territorio hostil.

   A fuxida cara a Portugal por via terrestre. Aí os exilalados tiñan pola súa vez que burlar a vixilancia tanto da polícia política (PVDE) como da Garda de Fronteiras do réxime salazarista. Estes corpos tiñan orde de deter a todos os españois “revolucionários” indocumentados e entregarlos á PVDE para proceder á súa expulsión. En troco, os carabineiros e Garda Civil adoitaban facer entrega de esquerdistas lusos radicados en Galicia e expulsos por indesexábeis.

   Os refuxiados galegos en Portugal puideron apoiarse ademais nas redes preexistentes de contactos transfronteirizos por elos de parentela, sociabilidade e reproducción social, cimentados ademais na emigración estacional – coma os existentes, por exemplo, no Couto Misto, entre a aldea de Castro Leboreiro e a zona de Bande, ou entre Monção e Salvaterra de Miño - , na alta cantidade de galegos residentes en Portugal, nos contactos propriamente políticos dos exiliados com opositores antisalazaristas (dende republicanos da Aliança Democrática Portuguesa ata os comunistas, os mellor organizados), na presencia de mestas redes de contrabandistas e colaboradores a ambos os dous lados da raia – do mesmo xeito que se formaron grupos de guerrilleiros arraianos -, ou na existencia na banda portuguesa da fronteira de persoas dedicadas a fornecer papeis e agachadoiro ós refuxiados en troco de diñeiro.

  Todas estas redes adoitaban cruzarse e seren usadas alternativa ou complementariamente por cada refuxiado na medida das súas posiblidades. Amósao así, sen máis, a andaina de Antón Alonso Ríos, entrado pola zona da serra da Peneda como fuxido en Portugal en xullo de 1938, agachado sucesivamente por pastores que mediaban cun comerciante de Melgaço que tiraba proveito da evasión de refuxiados, por coñecidos del en Arcos de Valdevez, por un comerciante de café republicano antisalazarista no Porto, e por un vello amigo seu de Tomiño emigrado en Lisboa. Finalmente, e depois de desbaratarse o plano de embarcar cara a Francia como polisón nun barco mercante, puido arranxar a obtención de papeis nos consulados arxentino e francês e embarcar a Casablanca, e de ali a Bos Aires, gracias a ter recibido dun amigo silledao da Arxentina documentos que lle permitiron suplantar a personalidade dun seu curmán morto no país austral. Alonso Ríos non debeu ser o único que recorreu a esta estrataxema. O diretor da PVDE informaba en Outubro de 1937 ó xefe de gabinete do Ministro luso do Interior “que bastantes foragidos espanhóis que se encontram clandestinamente em Portugal, principalmente nas montanhas de Castro Leboreiro, tem obtido da Argentina certidões de nascimento de outros indivíduos, com que, possivelmente, procurarão documentar-se em Portugal”.

 

RETIRADO DE:

 

htpp://consellodacultura.org/mediateca/extras

 

ENTRE A PENEDA E O BARROSO

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

 

ENTRE A PENEDA E O BARROSO: UMA FRONTEIRA

 

GALAICO-MINHOTA EM MEADOS DE DUZENTOS.

 

Por Iria Gonçalves

 

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   Mas, para que seja eficaz (fronteira) neste sentido, ela tem que ser bem definida, pelo menos nos pontos estratégicos, que, neste caso, coincidem com os lugares de passagem, os portos, fluviais ou terrestres, com as suas estruturas destinadas à cobrança de tributos.

   Assim também entre a Galiza e Portugal. A Norte ninguém tinha duvidas sobre por onde se corria a divisória. Era o rio Minho que a marcava, um traço suficiente forte e estável da paisagem, para se impor, desde logo, sem reservas. Aliás, do lado português, uma linha de povoações fortificadas, quase sobre a margem do rio, a balizar as vias de comunicação, os locais de passagem para a outra banda, eram, desde Afonso III e seu filho Dinis, a clara afirmação de uma soberania que até aí se dilatava e não merecia contestação. Pelo menos sem a resposta adequada.

   Mas a fronteira óbvia terminava na foz do Trancoso. A partir daí, se esse pequeno rio, com, mais a sul, o Laboreiro, ofereciam ainda alguma possibilidade de um claro registo de demarcação, no terreno, fizeram-no sem a força e a imponência do Minho, e, para lá deles, toda a separação se fez por serras, galgando encostas, caminhando por cumieiras, descendo a precipícios – como na Portela do Homem, o exemplo mais marcante – numa indefinição de linhas que a natureza do terreno, a fraca densidade populacional, o modo de vida dos seus habitantes, largamente dedicado à montaria de ursos, javalis ou cervos, ajudaria a manter. Aliás, os homens de Cabreiro, de Soajo ou de Castro Laboreiro, não perguntariam se era por terras da Galiza ou do Minho que perseguiam a sua presa. Possivelmente ser-lhes-ia quase toda indiferente como a ela, daber de lado da fronteira se encontravam. Esta era uma larga franja de terreno, tão larga quanto o seu distanciamento das estruturas fortificadas que a apoiavam, com os respectivos territórios de controle a envolverem-nas.

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   É que, se em tempos de paz a fronteira era aberta, amável, convivial, em tempos de guerra fechava-se, eriçava-se de hostilidades, eivava-se de desconfianças.

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   No extremo Norte, a praça forte de Melgaço erguia-se, por assim dizer, numa primeira demarcação do território português. Mas Melgaço estava mais virada sobre o Minho.

   Era uma fortaleza do rio.

   Na serra, o castelo do Castro Laboreiro era o que mais a Norte proclamava  a soberania de Portugal e o primeiro a sofrer os embates, numa eventual entrada de Leão por esta fronteira. Isolado e servido por um pequeno grupo de homens, como já disse, precisava do auxílio das populações vizinhas, em caso de perigo.

   Por isso, os homens de S. Pedro de Mou “se ouvirem voz d apelido do Castello de Leboreiro deven li a correr”, mas, em contrapartida, o seu alcaide, “se os vir in coita deve os acoler no Castello e inparal os”. Para isso lá estava a grande cerca, que fora construída, como outras , no século XII.

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Para aceder ao texto completo:

 

 http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/3995.pdf

 

NAS FRONTEIRAS DE PORTUGAL

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

O OCCIDENTE

 

REVISTA ILLUSTRADA DE PORTUGAL E DO EXTRANGEIRO

 

20 DE OUTUBRO DE 1911

 

Nas Fronteiras de Portugal

 

Alto Minho, Melgaço e Monsão

 

   É entre estas vilas portuguesas, da província do Minho, que se defrontam com Galisa, que se vê a velha ponte romana, compondo o cenário extremamente pitoresco de toda a região do nosso lindo Portugal.

   São estas duas vilas, Melgaço e Monsão, das mais históricas do Minho, por feitos heróicos dos seus filhos nas guerras em defesa da integridade da pátria contra os assaltos de seus visinhos de Espanha.

   Então como agora são as terras de fronteira que despertam as atenções do publico por serem o campo de acção dos que conspiram contra o novo regimen.

   Refugiados na Galisa, mercê do governo de Espanha que lhes dá quartel,  os conspiradores portuguêses tentaram passar as fronteiras pelo Minho, antes de o fazerem agora por Traz-os-Montes, realisando de facto a incursão das suas forças por Vinhaes, entre Chaves e Bragança.

   O insucesso dessa incursão foi noticiado pelos telegramas, mais ou menos contraditorios sobre os resultados da aventura, sendo, todavia, certo que houve recontro com as tropas do governo, em que de parte a parte se deram ferimentos e até mortes.

   Entretanto os conspiradores não lograram seu intento, e debandaram novamente para a fronteira da Galisa, onde parece que se conservam uns, emquanto outros desanimados dispersaram-se abandonando seus camaradas, à frente dos quaes se encontra Paiva Couceiro.

   Agora voltam novamente suas vistas para o Alto Minho, tentando entrar em Portugal por algum destes postos de fronteira.

   Não é fácil prever quanto durará tal situação desde que estas incursões tomaram o caracter de guerrilhas, como em tempos, que já lá vão, aconteceu com os celebres Remichido e Galamba, nas lutas liberaes, que por muito tempo inquietaram e não pouco prejudicaram as provincias do Alentejo e do Algarve, especialmente.

   A Historia vae, infelizmente repetindo-se. É o mesmo povo, é o mesmo país, são as mesmas paixões, e quasi um seculo decorrido, parece tudo encontrar-se na mesma ignorancia e por isso no mesmo fanatismo!

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Texto Retirado de: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente

 

SOMOS EMIGRANTES, SIM SENHOR

melgaçodomonteàribeira, 07.03.13

 

Homenagem ao emigrante - Fiães

 

 

  ESTE TEXTO TEM POR BASE DADOS DOS INSTITUTOS DO GOVERNO PORTUGÊS. MELGAÇO É O CONCELHO COM MENOR NÚMERO DE INSCRITOS EM CENTRO DE EMPREGO. É VERDADE, SIM SENHOR; E DESDE CAMÕES FOI POETICAMENTE ESCRITA A NOSSA BOA SORTE.

 

 

"A QUE NOVOS DESASTRES DETERMINAS

DE LEVAR ESTES REINOS E ESTA GENTE

QUE PERIGOS, QUE MORTE LHES DESTINAS

DEBAIXO DALGUM NOME PREMINENTE!

QUE PROMESSAS DE REINOS E DE MINAS

D’OURO, QUE LHE FARÁS TAM FACILMENTE ?

QUE FAMAS LHE PROMETERÁS? QUE HISTÓRIAS ?

QUE TRIUNFOS? QUE PALMAS? QUE VITÓRIAS ?"

 

CAMÕES

 

                                 

"NÃO ME TEMO DE CASTELA

DONDE INDA GUERRA NÃO SOA;

MAS TEMO-ME DE LISBOA,

QUE, AO CHEIRO DESTA CANELA,

O REINO NOS DESPOVOA"

 

SÁ DE MIRANDA

 

 

"VEMOS NO REINO METER

TANTOS ESCRAVOS CRESCER

E IREM-SE OS NATURAIS

QUE, SE ASSIM FOR SERÃO MAIS

ELES QUE NÓS A MEU VER"

 

GARCIA DE RESENDE

 

 

OLHAI, OLHAI, VÃO EM MANADAS

OS EMIGRANTES …

UIVOS DE DÓ PELAS ESTRADAS.

JUNTO DO CAIS, NAS AMURADAS

DAS NAUS DISTANTES …

VELHINHAS, NOIVAS E CRIANÇAS,

SENHOR! SENHOR!

AO VOAR DAS ULTIMAS ESP’RANÇAS

CRISPAM AS MIOS, MORDENDO AS TRANÇAS,

LOUCAS DE DOR!

LÁ VÃO LEVADOS, VÃO LEVADOS

PELO ALTO MAR

…………………………………………….

VOLTARÃO, QUANDO, MAR PROFUNDO ?

JAMAIS! JAMAIS!

 

GUERRA JUNQUEIRO

 

 

"HOMENS QUE TRABALHAIS NA MINHA ALDEIA,

COMO AS ÁRVORES, VÓS SOIS A NATUREZA.

E SE VOS FALTA, UM DIA, O CALDO PARA A CEIA

E TENDES DE EMIGRAR,

TRONCOS DESARREIGADOS PELO VENTO,

LEVAIS TERRA PEGADA AO CORAÇÃO.

E PARTIS A CHORAR.

QUE SOFRIMENTO,

Ó PÁTRIA, VER CRESCER A TUA SOLIDÃO!"

 

T. PASCOAIS

 

 

"…VI MINHA PÁTRIA DERRAMADA

NA GARE DE AUSTERLITZ. ERAM CESTOS

E CESTOS PELO CHÃO.

PEDAÇOS DO MEU PAÍS.

RESTOS.

BRAÇOS.

MINHA PÁTRIA SEM NADA

SEM NADA

DESPEJADA NAS RUAS DE PARIS.

E O TRIGO ?

E O MAR ?"

 

M. ALEGRE

 

 

AI, HÁ QUANTOS ANOS PARTI CHORANDO

DESTE MEU SAUDOSO, CARINHOSO LAR!...

FOI HÁ VINTE ? … HÁ TRINTA ?... NEM EU SEI QUANDO!...

MINHA VELHA AMA, QUE ME ESTÁS FITANDO,

CANTA-ME CANTIGAS PARA EU ME LEMBRAR!...

 

DEI A VOLTA AO MUNDO, DEI A VOLTA À VIDA…

SÓ ACHEI ENGANOS, DECEPÇÕES, PESAR…

OH! A INGÉNUA ALMA TÃO DESILUDIDA!...

MINHA VELHA AMA, COM A VOZ DORIDA,

CANTA-ME CANTIGAS DE ME ADORMENTAR!...

 

GUERRA JUNQUEIRO

 

 

   ESTE TEXTO FOI RETIRADO DE BIBLIOTECA DIGITAL CAMÕES, INSTITUTO DE CULTURA E LINGUA PORTUGUESA. É DA AUTORIA DE JORGE CARVALHO ARROTEIA. DENOMINADO: A EMIGRAÇÃO PORTUGUESA – SUAS ORIGENS E DISTRIBUIÇÃO.

   UMA HOMENAGEM A TODOS NÓS QUE DEIXAMOS A NOSSA TERRA.

    A TODOS OS MELGACENSES EM FRANÇA, SUIÇA, ANDORRA, GALIZA, ESPANHA, CANADÁ, EUA, BRASIL…