GALIZA, POUSA - CRECENTE EM 1905
Estação de Pousa-Crecente
Foto de Guillermo Gonzalez
GALIZA, 1905
Pousa. Todo o caminho percorrido é cultivado de vinhas, ou milho, ou árvores sempre que o terreno o permite: sente-se o galego pobre, tenaz e trabalhador. O país é terrivelmente pedregoso e montanhoso. A voz do rio acaba por cansar. Madeiras de pinho em montes na gare. O que será Pousa no Inverno? Há ravinas de oito e dez andares de altura, entre que o comboio vai, num frio de gelo, sem sol. Oh que vertentes, picos e quebradas! Os campinhos escalonados vão lá riba, com escadas de pedra, paredes de pedra segurando os cordões de vinha latada, que trepam aos mais altos cimos; os fumos desgrenham-se nos pinhais. Nos altos cimos solitários, os pinheiros isolados fazem gólgotas, e tem o ar de cruzes. Que custoso deve ser ir daqueles casais à missa às igrejas dos altos, subindo, descendo, pelo Inverno! É o Douro dez vezes mais agravado e montanhoso. O rio agora sem rochas parece morto e estagnado, com a água palustre em lagunas turvas.
FIALHO DE ALMEIDA
CADERNOS DE VIAGEM. GALIZA, 1905
EDICIÓNS LAIOVENTO, SANTIAGO DE COMPOSTELA
1ª EDIÇÃO
Retirado de:
FIALHO DE ALMEIDA
GALIZA, 1905
EDIÇÃO DE LOURDES CARITA
O INDEPENDENTE
2001
pp.81-82