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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

GALIZA, POUSA - CRECENTE EM 1905

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

Estação de Pousa-Crecente

 

Foto de Guillermo Gonzalez

 

 

GALIZA,  1905

 

 

    Pousa. Todo o caminho percorrido é cultivado de vinhas, ou milho, ou árvores sempre que o terreno o permite: sente-se o galego pobre, tenaz e trabalhador. O país é terrivelmente pedregoso e montanhoso. A voz do rio acaba por cansar. Madeiras de pinho em montes na gare. O que será Pousa no Inverno? Há ravinas de oito e dez andares de altura, entre que o comboio vai, num frio de gelo, sem sol. Oh que vertentes, picos e quebradas! Os campinhos escalonados vão lá riba, com escadas de pedra, paredes de pedra segurando os cordões de vinha latada, que trepam aos mais altos cimos; os fumos desgrenham-se nos pinhais. Nos altos cimos solitários, os pinheiros isolados fazem gólgotas, e tem o ar de cruzes. Que custoso deve ser ir daqueles casais à missa às igrejas dos altos, subindo, descendo, pelo Inverno! É o Douro dez vezes mais agravado e montanhoso. O rio agora sem rochas parece morto e estagnado, com a água palustre em lagunas turvas.

 

 

FIALHO DE ALMEIDA

 

CADERNOS DE VIAGEM. GALIZA,  1905

 

EDICIÓNS LAIOVENTO, SANTIAGO DE COMPOSTELA

 

1ª EDIÇÃO

 

 

Retirado de:

 

FIALHO DE ALMEIDA

 

GALIZA,  1905

 

EDIÇÃO DE LOURDES CARITA

 

O INDEPENDENTE

 

2001

 

pp.81-82