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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

VIDA DE RICO, MORTE DE POBRE

melgaçodomonteàribeira, 08.03.13

 

 

   Dinheiro e mais dinheiro. A movimentação de homens, carroças e sacos no armazém de Adolfo Vieira, por detrás do actual Palácio da Justiça de Monção, significava mais uns contos largos a amealhar ao seu já milionário pecúlio. Os negócios, legais ou ilegais, terão feito dele um dos indivíduos da vila. A acreditar nas histórias de amantes, filhos e de alguns que o conheceram, Adolfo não era do género de correr riscos, andar a saltar de um lado para o outro da fronteira. Raramente conduzia a carroça até à pesqueira do rio.

   Não. O contrabandista sempre terá preferido o recanto do seu armazém para gerir a actividade. Ali recebia e pagava. Apenas algumas vezes ia ao Porto, onde mantinha contactos com os bancos.

   Mas Adolfo Vieira era um esbanjador por excelência. Ninguém lhe conhece uma nega a quem lhe pedia emprestado ou dado. O resto era para as mulheres, que o levariam à ruína. Sem fundo de maneio, o contrabandista, então a deixar o negócio, emigrou para Bologne, perto de Paris, França, em finais da década de 50. Lá, trabalhou como recepcionista e foi doméstico em casa de uma família que alugava quartos.

   Voltou a Monção alguns anos mais tarde. Sem dinheiro. Pouco depois sofria uma trombose que o deixava parcialmente paralítico, para morrer em Março de 1970, com 68 anos. Na miséria.

 

(continua)