NAS FRONTEIRAS DE PORTUGAL
O OCCIDENTE
REVISTA ILLUSTRADA DE PORTUGAL E DO EXTRANGEIRO
20 DE OUTUBRO DE 1911
Nas Fronteiras de Portugal
Alto Minho, Melgaço e Monsão
É entre estas vilas portuguesas, da província do Minho, que se defrontam com Galisa, que se vê a velha ponte romana, compondo o cenário extremamente pitoresco de toda a região do nosso lindo Portugal.
São estas duas vilas, Melgaço e Monsão, das mais históricas do Minho, por feitos heróicos dos seus filhos nas guerras em defesa da integridade da pátria contra os assaltos de seus visinhos de Espanha.
Então como agora são as terras de fronteira que despertam as atenções do publico por serem o campo de acção dos que conspiram contra o novo regimen.
Refugiados na Galisa, mercê do governo de Espanha que lhes dá quartel, os conspiradores portuguêses tentaram passar as fronteiras pelo Minho, antes de o fazerem agora por Traz-os-Montes, realisando de facto a incursão das suas forças por Vinhaes, entre Chaves e Bragança.
O insucesso dessa incursão foi noticiado pelos telegramas, mais ou menos contraditorios sobre os resultados da aventura, sendo, todavia, certo que houve recontro com as tropas do governo, em que de parte a parte se deram ferimentos e até mortes.
Entretanto os conspiradores não lograram seu intento, e debandaram novamente para a fronteira da Galisa, onde parece que se conservam uns, emquanto outros desanimados dispersaram-se abandonando seus camaradas, à frente dos quaes se encontra Paiva Couceiro.
Agora voltam novamente suas vistas para o Alto Minho, tentando entrar em Portugal por algum destes postos de fronteira.
Não é fácil prever quanto durará tal situação desde que estas incursões tomaram o caracter de guerrilhas, como em tempos, que já lá vão, aconteceu com os celebres Remichido e Galamba, nas lutas liberaes, que por muito tempo inquietaram e não pouco prejudicaram as provincias do Alentejo e do Algarve, especialmente.
A Historia vae, infelizmente repetindo-se. É o mesmo povo, é o mesmo país, são as mesmas paixões, e quasi um seculo decorrido, parece tudo encontrar-se na mesma ignorancia e por isso no mesmo fanatismo!
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Texto Retirado de: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/Ocidente