CARINHOS À MINHA TERRA
Parada do Monte
Ô minha bela Parada,
Nobre terra deleitosa,
Deixa-te ser abraçada
Só por gente donairosa.
Aí, minha mai m'aleitou
Côs peitos de garraninha,
Aí, minha alma ficou,
Ô linda aldeia minha.
Na bossa Barroca naci,
Nô basto eido galhofei,
Atrás das galinhas corri,
É contr'às pedras m'arranhei.
Nôs teus caminhos dibaguei,
Nas tuas nacentes bebi,
Na tua terra m'entranhei,
É teus odores absorbi.
Tuas searas douradas
Ôs pês da montanha estam,
Temos qu'as ter bem regadas
Sinom nom nos dam tanto pam.
De comer me dêstes canhas,
É do teu néctar eu bebi,
Ô majestosas montanhas,
Nas bossas entranhas creci.
A boa gente da serra
Nom gosta do fingimento,
Diz qu'ê só da boa terra
Qu'ô home tir'ó sustento.
É cando cheg'à giada,
Nô campo nom hai que fazer,
Sim bulir quêda Parada,
Enqant'ô calor nom biêr.
Ai, formosa Minhoteira,
Tanta gente biste passar,
Sonhabas a noit'inteira
Oubind'ô regato cantar.
P'rà sombra da azinheira
O passant'ia descançar,
Fost'a grande companheira
Dôs qu'iam aí p'ra rezar.
Tua capela idosa,
Acabaram por esquecer,
Ai, tu qu'eras tam baidosa,
Sozinha, estás a sofrer.
Ô fontes d'auga limpinha,
Nunca deixedes de correr,
Fazei qu'a Parada minha,
Nom mais acabe por morrer.
Carinhos à minha terra.
Dezembro de 2009
A. El Cambório.