FIFI QUASE... QUASE
Gare de Austerlitz
Acordado com a voz de madame a dizer:
— Qui êtes-vous, messieurs? Que faites-vous ici?
Um flash, voltei a mim, e logo arrisquei:
— Il n'y a pas de problèmes, nous sommes des espagnols arrivés à l'aube en train et on attend pour faire des courses. Il n'y a pas de problèmes!
— Attendez, j'appelle la police.
Quando entrou em casa, desaparecemos.
— Vamos pirar não vá a velha bufar!
Rua abaixo, em Handaia, com calma e eu é que falo, as luzes em baixo tinham que ser de comboios. Acertamos, era de comboios e tinha bares abertos aquela hora. Sandes e cerveja, cambio à moda do grummet..
Estava a devorar a baguette com saussichom quando topo caras conhecidas. Eram do monte, Gave ou Parada, caras de sexta-feira na Vila. Eu, clandestino, não tinha interesse em dar nas vistas. Fui ao guichet perguntar as horas e preço de comboio para Paris. A minha nota não chega, f*da-se, f*da-se mil vezes.
Foi com cara de anjo com que tirei dois bilhetes para Paris, sacando a nota ao companheiro que nada percebia de francos e ainda fiquei com vinte francos no bolso.
Quando senti o cú a dar um solavanco e o train a andar, jurei a mim próprio que havia de passear debaixo do Moulin Rouge. Bons rapazes os franceses que em vista e obliteração do bilhete me deixavam desfrutar das imagens corrediças que do comboio apanhava.
Bonito – pensava – parece as serras da minha terra.
Muito mais tarde, saí na Gare bem dormido, sorriso nos lábios e cheguei ao cubículo do Tonio de táxi; começou outra aventura.
Fifi