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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO EM 50

melgaçodomonteàribeira, 06.03.13

 

 

Toda a gente pode ver,

Só os cegos é que não:

A nossa vila sem querer

Tem todo o mês de sofrer

Nas ruas reparação.

 

Janeiro rebenta o cano

Mesmo ao cimo da Calçada

E o Carriço todo ufano,

Como fez já no outro ano,

Deixa a rua levantada.

 

Vem a seguir o Fevereiro,

Cujo frio nos põe torto

E o Carriço, prazenteiro,

Ele só, sem companheiro,

Levanta o Rio do Porto.

 

Mês de Março mais que certo

Rebenta o cano outra vez

E o Carriço que é esperto,

Deixa outro buraco aberto

Como fez já no outro mês

 

Como o cano tem feitiço

Faz buracos mais de mil;

Fez buracos o Carriço

Levantando, mas que enguiço!

Três ruas no mês de Abril

 

Maio e Junho, já mais quente,

Lá está o Carriço à prova

A fazer todo contente

Mais um buraco indecente

No largo da Feira Nova.

 

Mês de Julho o tal canito

Dilata com o calor

E o Carriço, que é bonito,

Lá faz mais um buraquito

À porta do Regedor.

 

A rua Velha, em Agosto,

Levantada de surpresa

Ficou com rugas no rosto,

Que nem o maior desgosto

Lhe poriam com certeza.

 

Setembro de São Miguel:

Buracos na rua Nova,

Pois os canos de papel

Este mês rebenta o fel,

Mas vão de novo p'ra cova.

 

Meses de Outubro e Novembro

Como a coisa já é sabida

O Carriço, que é bom membro,

Fez buracos na Avenida.

 

Dezembro, mês de Natal,

Dos filhós, das rabanadas,

Das neves e das geadas

E da paz universal,

Tu és o mês mais feliz

Porque as ruas de Melgaço

Toda a gente assim o diz,

A ti não te deu cansaço.

 

E sabe o leitor porquê?

Julga afinal que tal cano

Não tornou a rebentar?

Tornou, sim; mas neste mês

A Vila de lés a lés

Não tem mais que levantar.

 

 

FAIJ