O ENTERRO DO ESTUDANTE VII
Logo o Louro teve que pagar as favas, porque se não fosse o mijo dele estar tão carregado de tinto e cerveja a nossa situação não estaria tão mal.
E a filha a quem nunca pusemos o olho em cima? Bem, o problema da filha estava ultrapassado, também era só o olho.
Agora o problema do estômago, já era outra conversa. Amigos, amigos, mas fazer da casa um campo de concentração, ainda por cima pago, essa é que não.
E como quatro cabeças pensam melhor que uma, falava-se, falava-se e aguardava-se o dia em que …
Férias! Férias de Carnaval!
Contas feitas à vida, o insucesso escolar mais do que esquecido, só havia o problema dos velhos pagarem ou não, mas quem é que vai pagar para um menino teso ser grande entre os grandes? Férias na cidade? Não há nada para ninguém.
Mas o último dia tinha que ser comemorado … todos sabiam que depois das férias tudo seria diferente.
Recolhida a nota, dava para comprar cem gramas de gambas. Feita a compra, o Pequeno saltitava, irritante como sempre. “E beber? Bebemos o quê?”
O Padeiro fez-se sério, não fosse aquela cidade que deu origem à ditadura e, num abrir de braços, declarou:
— Vamos para casa; é lá que bebemos.
Ao subir a rua ninguém esquivou um olhar de lado para o Quartel da Polícia, quase lado a lado com a casa.
Polícia de Segurança Pública, PIDE, DGS … se outros nomes não arranjaram foi porque não tiveram tempo para tal.
Fosse o que fosse, na cabeça do Padeiro o grito de guerra era um por todos, todos por um e prejudicados daquela treta toda ou era a D. Maria, ou o magarefe, ou a dita filha, porque os verdadeiros culpados, isto é, os hóspedes pagantes, não podiam ter nada a ver com o assunto.
Reunião ….
(continua)