7 OBJETOS COM HISTÓRIA II
4 – A BATELA
Entre Castro Laboreiro e Melgaço, são muitas as histórias de fronteira. Histórias de contrabando e de emigração, que a vida era então bem mais dura e ou se arriscava a vida diariamente pelas fronteiras terrestres, ou cruzando o rio Minho, ou se partia a salto em busca de França.
No vale, a fronteira é o rio e pelo rio se atravessavam, de noite, bens e pessoas, em operações arriscadas que muitas vezes acabavam mal, fosse pela atenção da Guarda Civil fosse por um golpe de rio.
Catarina Oliveira, socióloga na Câmara Municipal de Melgaço, conta-nos estas histórias de fronteira e fala-nos de gente que tinha por “intenção ganhar a vida e fugir à crise da altura”, mas que nem sempre alcançava o objetivo.
A batela faz ainda hoje parte da paisagem do rio Minho, junto a Melgaço, mas hoje apenas permite o acesso às centenárias pesqueiras.
5 – O CASTELO
Se entre Castro Laboreiro e Melgaço a maior parte dos objetos com história contam a vida das pessoas, há um que ajuda a contar a história do país.
O castelo de Melgaço é tão antigo como a nacionalidade, tendo sido mandado construir por D. Afonso Henriques como forma de afirmação do novo reino e teve importante papel na sua defesa, nomeadamente no reinado de D. Afonso II.
Do castelo original apenas sobrevive a torre de menagem e parte da antiga cerca da vila medieval e hoje é núcleo museológico onde é possível perceber a história do município.
Na crise de 1383-1385, a praça de Melgaço alinhou ao lado de D. Beatriz contra as pretensões do Mestre de Aviz. Já proclamado rei pelo povo, D. João I fez o cerco à vila que durou 59 dias. Fernão Lopes, o cronista, conta estes dias e fala da luta entre duas mulheres do povo que daria origem à lenda da Inês Negra.
6 – A LANTERNA MÁGICA
Mesmo ao pé do castelo, existe em Melgaço um excelente museu que conta a história da pré-história do cinema.
O Museu do Cinema de Melgaço Jean Loup Passek exibe parte do espólio do crítico de cinema francês que se apaixonou pela terra e gentes de entre Castro Laboreiro e Melgaço, doando ainda em vida toda a sua coleção ao município.
O pré-cinema é a joia da coleção. No edifício que hoje alberga o Museu, podemos ver uma rara coleção de lanternas mágicas que, no final do século XIX entusiasmaram os europeus com a s suas imagens em movimento.
O museu tem em exibição várias Lanternas Mágicas, assim como placas de vidro pintadas que permitiam criar a ilusão de movimento. Este é, verdadeiramente, um museu que não deve perder.
7 – ALVARINHO
É impossível escrever sobre Melgaço e não falar do Alvarinho. A casta de uva pequena e muito doce produz um vinho verde muito aromático e, também, mais alcoólico que se tornou uma das imagens de marca dos concelhos de Melgaço e Monção.
O professor Álvaro Campelo explica ao Portugal de Lés a Lés como o Alvarinho se tornou um vinho que é identitário deste território. Nos primórdios, explica, era produzido em poucas quantidades e guardado para as ocasiões festivas da fidalguia da Riba Minho.
A razão era simples. Este era um vinho de uma uva produzida em muito pequenas quantidades nas latadas que bordejavam os campos agrícolas das encostas deste território entre Castro Laboreiro e Melgaço. Só muito mais tarde ele se tornou aposta de produtores e ganhou fama que ultrapassa as nossas fronteiras. Agora, afirma, vai mudar radicalmente a paisagem.
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