Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

RUA DR. ANTÓNIO DURÃES - MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 26.10.24

951 b antonio durães.jpg

QUEM FOI QUEM NA TOPONÍMIA DO MUNICÍPIO DE MELGAÇO

ANTÓNIO AUGUSTO DURÃES. Advogado e político nasceu no Lugar de Campo da Feira, Freguesia de Paderne (Melgaço), a 24-7-1891, e faleceu em Melgaço, a 24-10-1976. Cidadão republicano dotado de grande dinamismo e reconhecido pela sua generosidade, teve destacada participação cívica, quer na I República, quer na resistência contra a ditadura. Era advogado, desempenhou vários cargos em Portugal e foi Presidente da Câmara Municipal de Benguela. Em 1945 foi candidato na lista da Oposição em Angola.

Em 1908 concluiu os Estudos Preparatórios num Liceu do Porto. Formou-se em Ciências Jurídicas na Universidade de Coimbra, em 1912 e, a seguir, abriu escritório em Melgaço, em cujo foro se estreou, na defesa do Padre José Joaquim Pinheiro, ex-pároco da Vila, conseguindo a sua absolvição (o padre fora acusado de ter recusado a comunhão a um paroquiano, na quaresma de 1912). Ainda nesse ano de 1912 foi nomeado Subdelegado do Procurador da República em Melgaço mas foi exonerado no ano seguinte.

Era um político activo; aderiu, depois de outubro de 1910, ao Partido Republicano Português, foi Chefe, em Melgaço, do Partido Democrático, cujo líder nacional era Afonso Costa. Foi Administrador do Concelho, interessando-se pelo prolongamento do caminho-de-ferro até Melgaço, mas os seus esforços foram em vão, devido em parte à falta de recursos financeiros por parte do Estado. Também lutou pela estrada para Castro Laboreiro, mas o dinheiro era escasso nessa altura. Quis para Melgaço a luz eléctrica, água canalizada, etc., mas nada disso se tornou realidade durante a permanência na Administração do Concelho. Foi ainda Director do “Correio de Melgaço”. Em 1913 foi candidato a deputado pelo círculo de Melgaço, e em 1914 pediu a exoneração de Administrador do Concelho, pedido que foi aceite pelo Governador Civil do distrito.

Nos anos seguintes teve diversos acidentes, fruto do acaso, que o deixaram gravemente ferido. Em 1915 foi nomeado Notário Interino da Comarca de Monção, em 1916 foi-lhe oferecido de novo o cargo de Administrador de Melgaço, mas recusou-o. Nesse ano de 1916 foi exonerado de Notário Interino em Monção e, por causa de um artigo publicado no “Jornal de Melgaço” envolveu-se em pancada com um conterrâneo no “Café Melgacense”, incidente que terminou com a intervenção de alguns amigos. Foi advogado de defesa de uma jovem, acusada de ofender a moral pública, a qual ficou absolvida. Casou em 1916 com Maria Esménia, de 18 anos de idade, de Santa Maria dos Anjos, Valença.

Em 1917 concorreu às eleições para a Câmara Municipal, numa lista presidida pelo Padre Francisco Leandro Álvares de Magalhães. Em janeiro de 1919 tomou posse do lugar de Notário da Vila de Caminha e, algum tempo depois, partiu para África, São Tomé, onde iria desempenhar o cargo de Administrador de Concelho. Dali embarca para Angola, onde esteve ao serviço do General Norton de Matos. Em 1929 foi nomeado Governador de Benguela. De vez em quando vinha de férias à sua terra natal. Passava, no Cine Pelicano de Melgaço, alguns filmes que trazia de África, películas que mostravam a vida quotidiana dos naturais de Angola. Em julho de 1934 – vindo de Benguela, onde agora era advogado – esteve de passagem em Melgaço, com intenção de fixar residência em Viana do Castelo, ainda exerceu advocacia nessa cidade, mas regressou a África.

Em 1945, fez parte da comissão executiva do MUD em Angola, constituída naquela colónia numa reunião realizada em 15 de outubro de 1945. Nessa reunião, foram escolhidos os três nomes que deviam fazer parte da lista oposicionista de Angola: o dr. António Gonçalves Videira, o eng. Cunha Leal e ele próprio, como representante dos interesses do centro-sul de Angola. No discurso que proferiu numa sessão oposicionista realizada no Cine-Teatro de Benguela, em 1945, afirmou que só aceitara o cargo de presidente do município por se tratar de uma situação meramente administrativa e de defesa dos interesses locais mas que já o pusera à disposição do Governador-Geral, Vasco Lopes Alves.

Em 1967, proferiu, no Rotary Club do Porto, uma palestra sobre o General Norton de Matos – de cuja comissão de candidatura à Presidência da República fizera parte, em Angola – mais tarde publicada sob o título “Angola e o General Norton de Matos – subsídios para a História e para uma Biografia” (Melgaço, 1976).

Antes da independência de Angola o casal regressou a Melgaço. Depois de Abril de 1974 foi Presidente da Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Melgaço, até às eleições de 1975. Quis criar, na sua Quinta da Pigarra, uma Escola Agrícola, mas o Ministério da Educação não se interessou pelo projecto e ele ofereceu-a aos Bombeiros Voluntários de Melgaço e à SCMM.

O seu nome faz parte da toponímia de Melgaço: Rua Dr. António Durães

Fonte: antifascistasdaresistencia.blogspot.pt

Antifascistas da Resistência, por Helena Pato

RUAS COM HISTÓRIA

ruascomhistoria.wordpress.com

259-rua Dr. Antonio Durães-74.JPG

rua dr. antónio durães

 

MEMORIA HISTORICA DO VAL DO LÍMIA

melgaçodomonteàribeira, 19.10.24

949 b Capa-caderno.jpg

Após um ano de investigaçom, Carlos Morais e Paul Féron Lorenzo, publicam a biografia da mestra de Fradalvite (Lobeira), que junto com a sua família tivo que abandonar a sua casa e o seu país fugindo da morte. Em 100 páginas som debulhados os eixos centrais da sua vida, acompanhados da reproduçom de documentos dos arquivos da PIDE.

O seu exílio, primeiro em Castro Laboreiro e posteriormente em Marrocos, permitiu que o caso da Eudosia hoje poda ser difundido, resgatado da amnésia imposta polo fascismo e os acordos da reforma política do postfranquismo.

Com este segundo caderno monográfico, o Comité pola Memória Histórica do Val do Límia (CMHVL) contribui modestamente a recuperar um dos episódios mais importantes da história contemporánea da nossa comarca, que contrariamente ao que manifestam os herdeiros políticos do franquismo, segue condicionando o presente e hipotecando o futuro.

Com a biografia de Eudosia realizamos umha viagem ao Val do Límia das décadas centrais do século XX, continuamos abrindo caminho em desvelar aqueles anos de chumbo e brutalidade que por muito que teimem em ocultar e desfigurar, irá emergindo para que conheçam as novas geraçons.

A nossa intençom nom só é dignificar e reparar as memórias das vítimas da repressom franquista, também denunciar o auge do fascismo e o rearme das leituras revisionistas que negam ou maquilham o golpe de estado de 18 de julho de 1936, e a posterior noite de pedra que provocou o holocausto galego.

Podes adquirir um caderno contatando connosco. $10 PVP.

Decembro 13, 2019

memoriahistoricavaldolimia.terradixital.net

892 c Conde_Corbal_2.jpg

desenho de conde corbal

MELGAÇO, ORDEM DOS HOSPITALÁRIOS

melgaçodomonteàribeira, 12.10.24

938 b 7-Chaviães - Vista desde a Vila-51.JPG

chaviães

 

A CONSTITUIÇÃO DE UM PODER NUM TERRITÓRIO TRANSFRONTEIRIÇO:

EM TORNO DAS ORIGENS DA COMENDA HOSPITALÁRIA DE TÁVORA

Rumando a norte, uma vez no vale do Minho, e seguindo um raciocínio cronológico, atentemos na documentação de Fiães, mosteiro que aderiu à reforma cisterciense e de clara influência transfronteiriça. De facto, das sete vezes que encontramos alusões ao Hospital (Ordem) ou aos seus membros, a maioria diz respeito a terras muito próximas da fronteira, porém galegas. Não obstante, para o século XII e para o território que viria a ser português, tomemos a doação de Nuno Dente, com seus descendentes «insimul natos meos» ao «Sancto Hospitali Iherosilimis». Por este ato a Ordem é dotada de alguma propriedade sita em Chaviães, atual concelho de Melgaço, povoação raiana, desde logo. Porém, e não menosprezando a importância dos dados entretanto aduzidos, já na parte final surge, como confirmante ou testemunha, «Nunus Fernandi Ades in obedientia Hospitali Ualadares» (O Cartulário do Mosteiro de Fiães, doc. 63: 66-67). Quer isto dizer que em meados da centúria (1155) existia no vale do Minho alguma estrutura hospitalária. Esta, por ventura em relação com uma albergaria, situava-se na terra de Valadares, constituída então por freguesias que hoje pertencem a Monção e a Melgaço. Nesta perspetiva, Nuno Fernandes surge como representante dessa estrutura local e, em última instância, da própria Ordem. Por outras palavras, os hospitalários eram senhores, certamente, de alguns interesses patrimoniais na região.

HISTÓRIA

Revista da FLUP

IV Série, Volume 7 Nº 2

2017

 

MELGAÇO, HISTÓRIAS DE VIDA III

melgaçodomonteàribeira, 05.10.24

937 c 80--Foz do Rio Trancoso.-105.JPG

foz do rio trancoso

OS PATRIMÓNIOS ALIMENTARES NAS ROTAS DO CONTRABANDO

Lídia Aguiar

Através de mais esta história de vida se pode confirmar a distribuição dos patrimónios alimentares desde a fronteira até às grandes cidades. Clarifica-se, também, a colaboração dos guardas fronteiriços e dos problemas que começavam a surgir quando os camiões se afastavam geograficamente das zonas de fronteira para se dirigir nomeadamente à cidade do Porto, apesar de levarem sempre batedores a verificarem se a estrada estava livre. Porém, as autoridades longe da fronteira já não tinham a mesma conivência com estas redes. Contudo, quando se entrou em contacto com um patrão espanhol com uma grande rede montada em Portugal, logo se percebeu que não seria bem assim:

Aqui o contrabando passava tudo pelo Trancoso. O café foi a primeira mercadoria mais importante. Nós depois vendíamos tudo para Ourense. Eu trabalhava muito com o Mareco de Portugal. Tinha todas as noites muitos homens aqui a carrejar para os camiões. Numa só noite carregava uns 20 a 30 mil quilos de café.

Daqui para lá cheguei a mandar amêndoa e muita pescada. Nem imagina os camiões de pescada que eu mandei. Cada camião de 20 mil quilos dela e não ia só um por noite. Era os do Eixo que me compravam.

Aqui só se vivia do contrabando. E os guardas também viviam do mesmo, recolhiam a nota e marchavam, tanto os portugueses como os espanhóis. Aqui não se vivia de outra coisa, era a única indústria que existia. Aqui costumava-se dizer que “todos os porcos gostavam de farinha”.

Agora já morreram quase todos, do lado de cá estou eu e um moço que mora ali adiante. Dos portugueses acho que morreram todos. Espere, acho que ainda é vivo o João da Esquina, mas que foi morar para o Porto.

Henrique Piña – Notaria – Galiza – 18-2-2014

O senhor Henrique sempre viveu em Notaria, Espanha, geograficamente situa-se, também, na margem do rio Trancoso, bem ao lado do Posto de Fronteira de S. Gregório, este, do lado de Portugal. Como se pode verificar as grandes redes sabiam como ultrapassar mesmo longe das fronteiras. Pelas quantidades que são referidas pode-se concluir que tudo era vendido nas grandes cidades, com larga predominância na cidade do Porto.

Quem finalmente nos esclarece sobre esta questão, sem deixar qualquer dúvida como era possível fazer seguir os camiões até ao seu destino é a descrição seguinte:

(…) Também cheguei a andar com o meu carro a abrir caminho aos camiões que iam carregados. Tentava-se ir pelas estradas da serra, mas uma vez mandaram-me parar; viram-me os documentos, abriram-me a mala, o capot do carro, já estava a ferver:

- Querem que eu vire o carro?

Lá me mandaram embora, mal cheguei à frente dei a volta e voltei no sentido contrário, tinha de avisar os camiões. Mandaram-me parar outra vez:

- Então o senhor volta para trás?

- Ora essa, eu vou para onde quero, ou é proibido?

Lá me deixaram ir. Toca de abrir a toda a velocidade para avisar os rapazes que vinham nos camiões. Todos se esconderam como podiam para os montes. Um, coitado, entrou lá num sítio tão apertado que nem podia abrir as portas. Era vê-los a fugir que nem ratos, coitadinhos. Mas o jeep que viera atrás de mim ainda apanhou alguns, mas foi fácil, umas notitas e tudo se resolveu, tinha de ser.

José Avelino Castro – Alvaredo – 10-12-13

A história de vida do senhor Avelino está recheada de memórias do contrabando. Impossível aqui transcrevê-las todas, fica, no entanto, a nota, embora já falecido, deixou o seu testemunho de vida gravado em vídeo e representa na atualidade um instrumento fundamental para a recuperação de rotas do contrabando, muito em particular a rota do café, pelo rio Minho. Foi, ainda, fundamental na ajuda que prestou às mulheres contrabandistas que arriscavam a vender os produtos alimentares. Deslocavam-se a Espanha para os comprar e depois vendiam porta a porta em várias áreas de Melgaço.

Comecei com 29 anos, logo que me casei. Ia eu e mais umas colegas a Espanha, trazíamos umas coisitas que depois andávamos a vender pelas portas. Era muito longe. Era mesmo um contrabando de subsistência. Quando acabava aquela carga lá íamos buscar mais. Outro trabalho não havia, aqui não havia fábricas nem mais nada, além da lavoura que se fazia para o gasto da casa. Trazia então, chocolates, bacalhau, arroz, umas bolachas de baunilha. E era muito fácil vender cá, porque nem toda a gente lá ia, pois que julga, isto era trabalho para pessoas que não tinham medo à vida, aí que levávamos cada corrida dos guardas!

Lá em cima em Alcobaça, já se via bem ao longe e logo os víamos, havia que esconder no meio dos tojos e das giestas e fugir pelos carreiros. Por vezes fazíamos mais quilómetros só para fugir deles, não era nada fácil a vida. Nós não lhe pagávamos, porque o nosso ganho não dava para repartir com eles, como faziam os grandes patrões, para isso o nosso contrabando não dava não. Mas devo dizer que mesmo nos guardas havia pessoas compreensivas e boas. Por vezes alguns mandavam a gente não andar na estrada, para não os comprometer.

Assim este contrabando foi dando para sustentar a casa e criar os filhos.

Emília Domingues – Cousso – 7-1-2014

Emília Domingues representa a emergência da mulher no contrabando. Alheias às grandes redes, iam por conta própria e vendiam a quem lhes encomendava, pois como ela própria afirma, ir a Espanha era na altura para quem tinha coragem. No período de verão, as encomendas aumentavam, fruto dos hóspedes que se alojavam nas termas de Melgaço e ansiavam por chocolate espanhol ou pelas bolachas baunilha, inexistentes em Portugal nessa época. Era pelas lavadeiras de roupa dos hotéis que estas mulheres faziam chegar estes produtos tão ansiados a quem vinha das grandes cidades.

Era lavadeira, lavava a roupa dos hóspedes dos hotéis. Onde eu levava o contrabando era no meio da roupa lavada dos hóspedes. Eu lavava no rio Minho, comprava a mercadoria às contrabandistas e vendia um pouco mais caro aos hóspedes, a diferença era o meu ganho. A minha mãe ia à raia, levava ovos, café. O meu pai fora para Buenos Aires e deixou-a. Também ajudei a cordear café, aqui no rio Minho, para Espanha. Foi assim que ajudei a minha mãe a ir sustentando a casa.

Graças a Deus tive sempre sorte, quer no trabalho de lavadeira quer nos negócios de contrabando. Naquele tempo bem se governava a vida. Era uma alegria.

Maria Martins – Peso – 14-11-2013

Através da história de vida de Maria, contata-se o engenho e a arte das mulheres em fazer chegar os produtos de contrabando aos seus clientes. Todos ficavam a lucrar e encaravam a vida com maior alegria.

Chegados às grandes cidades, nomeadamente no caso do Porto, conseguiu-se uma entrevista que nos explicou o difícil circuito nesta cidade. Áurea, foi morar para a então vila de Valongo, a cerca de 15 km da grande cidade, com os seus padrinhos, em casa alugada, por cima de o que na década de 50 do século XX se designava de “loja”.

Foi aí que conheceu a D. Maria, dona da “loja”, mulher de grande despacho e empreendedora. Para ali se tinha mudado, após o falecimento do marido, tendo ficado a cuidar de três filhos. Abandonou a mercearia da Foz do Douro, na rua Padre Luís Cabral, repleta de bons clientes e foi morar para Valongo, terra de mineiros e de pão.

A necessidade de criar os seus três filhos, obrigou-a a procurar um lugar mais discreto para receber as mercadorias que lhe chegavam dos contrabandistas da fronteira. E recebia de tudo. Bacalhau, bom óleo, passas, arroz, farinha branca. Daqui enviava aos clientes da Foz do Douro, que, entretanto, tinham deixado as encomendas na mercearia da Foz que ficara ao cuidado do seu irmão. Por outro lado, Valongo começava a crescer industrialmente, pelo que aí criou outro ciclo de clientes, nomeadamente padeiros, ansiosos por aceder à farinha branca para cozer o pão de boa qualidade e que grande procura tinha.

Ahh, como ainda me lembro de ir buscar a regueifa bem quentinha!!! Entregavam pela janela e depois era sempre a correr pela rua acima.

Áurea Meireles – Valongo – 22-11-2014

Finalmente consegue-se perceber que as pequenas mercearias eram as grandes distribuidoras dos patrimónios alimentares nas grandes cidades. Porém, como D. Maria faria entrar as mercadorias na cidade a partir de Valongo, continua a ser uma incógnita. Sabe-se que ela poderia usar o comboio, ou uma camionete de carreira. Os meios de transporte chegavam ao centro da cidade do Porto. Mas, no entanto, deve-se relembrar que nesses tempos a cidade tinha postos próprios de cobrança de impostos nas principais entradas da cidade. Daí que nos afigura que alguma artimanha existiria que, com a sua morte, não mais foi possível desvendar.

Através de diversas entrevistas e conversas que se proporcionaram pelo trabalho de campo que se desenvolveu no concelho de Melgaço, sabe-se que um supermercado, na esquina da rua Sá da Bandeira, no Porto, há muito encerrado, era propriedade de um dos grandes patrões do contrabando, que assim constituiu, ele mesmo, a sua rede de distribuição na cidade.

Na realidade esta rede de patrimónios alimentares contribui, para que as populações da raia tivessem acesso a um rendimento suplementar, sendo que em simultâneo, foi a única forma que as populações das cidades, com poder de compra, acedessem aos produtos, sendo que se viveu épocas de grandes carências, em que as importações, fruto da ditadura instalada, estavam muito limitadas.

   laguiar@iscet.pt

Revista Turismo & Desenvolvimento

Nº 33

2020

937 b 16-Cevide - Vista da Frieira, Espanha.-26.JP

cevide vista da frieira (galiza)