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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

A REPRESIÓN FRANQUISTA EN GALICIA

melgaçodomonteàribeira, 29.06.24

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desenho de castelao

REFUXIADOS E GUERRA CIVIL NA FRONTEIRA ENTRE OURENSE E PORTUGAL

Ángel Rodríguez Gallardo

IES Pazo de Mercé

O réxime buscou outros médios para modificar a situación deses refuxiados. Un bando firmado o 6 de setembro de 1938 por Germán Gil Yuste, xeneral de división e xefe da Oitava Rexión Militar indicaba que se concedia “un plazo improrrogable de 15 días a partir de la fecha de este para cuantos indivíduos de los que tomaron parte más o menos activa en la revolución marxista, y se hallen todavía huidos en alguna de las zonas montanhosas de la Región, puedan presentarse en la seguridade de que no recicibirán daño alguno si no han cometido delito por lo que tengan que responder ante nuestros Tribunales de Justicia, que jamás se ensañan con los que han de juzgar, lemitándose en su función al estricto cumplimiento da la Ley”. Ademais, os familiares deses fuxidos ou calquera outra persoa que lles axudase, facilitándolles alimentos, roupas ou novas dos movimentos das forzas encargadas da súa persecución, serián severamente sancionados. Esta estratexia debeu ter efecto entre as filas do continxente de refuxiados porque algúns preferiron entregarse pola presión que exerceron sobre os seus familiares.

Co remate da guerra as condicións para introducirse en territorio portugués endurécense. Así, para entrar en Portugal se lle solicita ós estranxeiros pasaporte (con selo da PVDE), título de residencia, billete de identidade visado anualmente ou certificación de inscripción consular para o caso dos españois.

En abril de 1940 aínda a Embaixada española en Lisboa mostra a súa preocupación sobre algúns refuxiados españois que están a cometer roubos a man armada e que, unha vez cometidos os delictos, se internan en Portugal. Nese mesmo mes reforzase tanto do lado portugués como do lado galego a presencia de tropas para vixilar e perseguir ós fuxidos españois. No concello de Entrimo establécese unha compañia enteira de infantería con pequenos destacamentos comandados por sarxentos nas pequenas poboacións da fronteira.   

Aínda en setembro de 1940 vaise organizar un operativo desde o posto fiscal de Castro Laboreiro para proceder á captura dos refuxiados españois que, nos Ribeiros, se encontran armados, sabendo que é empresa moi complicada e que sería preciso unha forza de dezaséis homes para reducir a un grupo de seis refuxiados españois que se encontran armados.

En realidade, ata o finais da década de cuarenta a presencia de fuxidos españois nas serras ó redor de Castro Laboreiro é moi evidente, amparándose, como afirmaba o xefe dun destacamento da Guarda Nacional Republicana portuguesa recrutado para acabar coa presencia de refuxiados na freguesía de Castro Laboreiro:

“Uma batida completa á serra, dada a imensidade desta, exigiria milhares de homens e, em virtude da carência de estradas e caminhos capazes e da falta de recursos, julgo-a impracticável. Enquanto aquela região, pela ausência quasi completa de vias de comunicação, estiver, como está, isolada do resto do País, será sempre um possível refúgio, a que dá imensas facilidades a natureza montanhosa do terreno, formado por enormes montanhas, sulcado de ravinas (barrancos) que são verdadeiros precipícios, frequentemente coberto de gigantescos penedos de caprichosos recortes, e, em muitos sítios, coberto de carvalheiras, giestais de três e quatro metros de altura, urzes, e outra vegetação selvagens. A população vive a vida mais miserável que é possível imaginar-se; as habitações são choças imundas onde as pessoas vivem na mais repugnante promiscuidade com os animais. As culturas, de centeio e batata, únicas que ali se fazem, não chegam para o consumo dos habitantes, e desenvolvem-se lentamente e com dificuldade. Até há pouco tempo, os homens emigravam em grande quantidade para Espanha e França, e, com o produto de seu trabalho nesses países, sustentavam as suas famílias; mas, desde que começou a guerra de Espanha, essa emigração acabou, o que veio agravar extraordinariamente a situação daquela gente. Pelo atrazo em que a população se encontra, pode afirmar-se que fazer uma viagem a Castro Laboreiro corresponde a recuar alguns séculos no tempo. Afirma o abade da freguesia que quasi todos os seus habitantes são comunistas, porque não frequentam a igreja. O que eles são, com certeza, é miseráveis e analfabetos; mas a irreligiosidade daquela gente já era um facto quando ainda se não falava em comunistas. O auxílio que os habitantes tenham prestado aos refugiados explica-se talvez melhor pelo facto de, dado o isolamento em que a freguesia está do resto do País e até do concelho, as suas relações normais serem feitas desde longa data com os espanhóis”.

ACTAS DO CONGRESO DA MEMORIA

Náron, decembro de 2003

www.memoriahistoricademocratica.org

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desenho de seoane

 

 

MELGAÇO, FILMES DO HOMEM

melgaçodomonteàribeira, 22.06.24

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FILMES DO HOMEM: O FESTIVAL DE DOCUMENTÁRIO REGRESSA A MELGAÇO

Florbela Alves

1.08.2017

SETE – VISÃO

Vai para a 4ª edição o Filmes do Homem cuja temática anda à volta do cinema etnográfico e social. Eis sete (boas razões) para não perder este festival gratuito, entre esta terça-feira, 1, e domingo, 6, em Melgaço.

1 – O FESTIVAL

Organizado pela Câmara Municipal e a Associação Ao Norte, o Filmes do Homem – Festival Internacional de Documentário de Melgaço começou há quatro anos, com a intenção de divulgar o cinema etnográfico e social, refletindo sobre temáticas como a identidade, memória e fronteira. O festival teve como ponto de partida o Museu de Cinema de Melgaço Jean Loup Passek, que guarda o espólio do realizador francês, fundador do Festival De La Rochelle, conselheiro para o cinema do Centre Georges Pompidou, falecido em dezembro último.

2 – OS FILMES EM COMPETIÇÃO

São 24 filmes candidatos ao Prémio Jean Loup Passek: 15 filmes concorrem ao prémio de melhor longa-metragem internacional, nove à melhor curta ou média-metragem internacional e sete ao galardão de melhor documentário português, com um valor monetário de três mil, mil e quinhentos e mil euros, respetivamente. O festival, lembra Carlos Viana, da Associação Ao Norte, tem vindo a ter “um número cada vez maior de candidaturas”. Este ano recebeu 600 propostas – “um número interessante uma vez que não é um festival generalista”, sublinha – tendo sido selecionados filmes de Portugal, Finlândia, Alemanha, Argentina, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos, França. A maioria são exibidos, gratuitamente, na Casa da Cultura, havendo ainda projeções ao ar livre nas freguesias de Castro Laboreiro, Cristóval, Alvaredo, além das galegas Arbo e Padrenda. O júri é constituído por André de Oliveira e Sousa, Graça Castanheira, Iris Zaki (vencedora da melhor curta-metragem 2016 com Women in Sink), Rodrigo Areias e Sérgio Rizzo.

3 – AS EXPOSIÇÕES

Há quatro exposições que inauguram durante o festival e permanecem, em Melgaço, durante os próximos meses. Em Festa, patente na Casa da Cultura até dia 31 de agosto, as fotografias de João Gigante percorrem um ano de festividades tradicionais em Castro Laboreiro. “É uma pesquisa visual por este território e pelas pessoas que nele habitam”, descreve-se. Ainda na Casa da Cultura, a fotógrafa e cineasta filipina Venice Atienza inaugura O Pão Nosso de Cada Dia, a lembrar a carrinha branca que entrega o pão em diferentes aldeias. No mesmo dia, na Praça da República, mostra-se Encontro, de Diogo Marques Santos, construída a partir de arquivos fotográficos das famílias de cada uma das pessoas fotografadas. A última exposição, A Idade de Ouro do Cartaz de Cinema Polaco, comissariada por Bernard Despomadères, inaugura no domingo, 6, mas continuará patente durante quase um ano, no Museu de Cinema de Melgaço Jean Loup Passek.

4 – AS NOVIDADES

Pela primeira vez, o festival organiza um encontro sobre a literacia para o cinema, que servirá de análise sobre o funcionamento do serviço educativo do museu. O Kino Meeting decorre na sexta-feira, 4, no Solar do Alvarinho, e conta com intervenções de Abi Feijó (Casa Museu de Vilar, Lousada), Ana Camps (Filmoteca da Catalunha, Barcelona, Espanha) e, entre outros, Roberta Zendrini (Museo Nazionale del Cinema, Torino, Itália). Outra novidade serão os Encontros Arraianos de Cinema (4 e 5 ago), que incluem a apresentação do livro Arraiano entre os Arraianos, de Xosé Luís Méndez Ferrín. O objetivo, lembra Carlos Viana, é “fomentar o diálogo entre as fronteiras através do cinema”.

5 – RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS

A secção Plano Frontal recebe, este ano, 12 alunos finalistas de cursos de cinema oriundos de todo o país, que, ao longo desta semana, realizam quatro documentários sobre a região numa residência cinematográfica. Também a fotografia contará com uma residência artística com três alunos a trabalharem esta região sob a orientação de Pedro Sena Nunes.

6 – SALTAR A FRONTEIRA

Nos anos 60 milhares de portugueses emigraram para França numa viagem clandestina à procura de um novo futuro. No fim de semana de 5 e 6 de agosto, sábado e domingo, reconstitui-se esta viagem através de um programa que inclui a exibição de vários filmes, tanto em Melgaço como em Lamas de Mouro, onde será exibido o filme Fronteiras, do espanhol Rubén Pardiñas (6 ago, 10.30).

7 – LEMBRAR JEAN LOUP PASSEK

Inaugurado em 2005, o Museu de Cinema Jean Loup Passek, instalado no antigo edifício da Guarda Fiscal, é um tributo ao cineasta francês que encontrou em Melgaço uma segunda casa, região que conheceu durante as filmagens dum documentário sobre a emigração, na década de 70. Esta será a primeira edição do Filmes do Homem após a morte do cineasta e crítico francês, em dezembro de 2016, aos 80 anos.

FILMES DO HOMEM – FESTIVAL INTERNACIONAL DE DOCUMENTÁRIO DE MELGAÇO

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cidade pequena  - diogo costa - amarante

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rosas de ermera - luis filipe rocha

 

A ESTELA ROMANA DE PADERNE

melgaçodomonteàribeira, 15.06.24

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«JÁ É DO MUSEU»: OBJECTOS, INFORMAÇÕES, DESENHOS E

FOTOGRAFIAS DO NOROESTE DE PORTUGAL

Junto ao rio Minho, no Norte de Portugal, muito perto da fronteira com Espanha, António José de Pinho Júnior (1880-1960) foi um dos actores que contribuiu para o crescimento da colecção que se constituiu, formalmente, na cidade de Lisboa a partir de 1893. Os primeiros contactos deste advogado com o mencionado projecto deverão ter ocorrido em Agosto de 1903, quando António José de Pinho Júnior conheceu o director do Museu Etnológico. Encontravam-se ambos a veranear na Quinta do Peso, Melgaço, e a conjugação de interesses levou-os até à freguesia de Paderne, onde as populações locais identificavam uma «cidade dos Moiros, por aí terem aparecido várias antigualhas» (Vasconcelos, 1930/31: 31). Os dois rebuscadores de coisas velhas – é deste modo que J. Leite de Vasconcelos se refere a António José de Pinho Júnior: «rebuscador, como eu, de cousas velhas» - identificaram então vestígios da antiga muralha de pedra e «várias antigualhas» espalhadas pelo monte, cerâmicas romanas, pedras graníticas trabalhadas e mós, obtendo através da população local informações sobre pedaços de estátuas outrora encontradas no sítio. Enquanto personalidade com influência local, dado a sua residência e profissão ser exercida em Monção, a poucos quilómetros de Melgaço, foi o advogado Pinho Júnior que intermediou as autorizações concedidas para a realização das escavações financiadas pelo museu de Lisboa no «pinhal do Baltazar», «na bouça de Manuel Fernandes, de Chaviães» e num abrigo natural onde as populações diziam ter surgido ouro (Vasconcelos, 1930/31: 33). Depois destes primeiros contactos e investigações conjuntas, a correspondência que este futuro presidente da Câmara de Monção dirigiu ao director do museu de Lisboa acusa o envio regular de objectos e uma especial atenção ao aparecimento de materiais que pudessem interessar ao programa científico e museológico dirigido por Leite de Vasconcelos. Em Setembro de 1903 enviou para Lisboa informação sobre a sua deslocação a uma freguesia denominada Christello porque tinha sido informado do aparecimento de cacos, telhas romanas e machados de pedra. (…) Entre os vários elementos de interesse arqueológico e cultural que comunica ao director do museu de Lisboa encontra-se efectivamente a arquitectura românica da região que inventariava nas suas férias judiciais:

«Tive notícia (com vista ao nosso comum amigo Dr. Felix Alves Pereira) de que existe em Coena um templo românico. Outro inédito, suponho. Tentarei vel-o nas próximas férias judiciaes do Natal e depois verei. Com esse daz-se um lindo inventário de salvados da architectura românica no estremo norte do paiz: Melgaço (Matriz, Orada (românico-ogival) São Paio (idem) e Paderne) Monção (Matriz e Longos Valles) e Coura, finalmente. E ainda é possível que neste mare Magnum de incompreensão artística surja numas mãos devotas mais outro salvado. Oxalá! É a espécie architectural, no meu sentir que se casa melhor com a nossa luz intensa, a românica. A ogiva pede um pouco de nevoeiro para perfurar… e é menos imponente; a gracilidade rouba a grandeza. É a minha impressão».

(…) No mesmo ano, em Novembro de 1903, preparava também o envio de uma lápide romana proveniente do «adro de Paderne» e comunicava que procurava adquirir por um preço razoável vários objectos provenientes de Castro Laboreiro, tendo já contactado com o proprietário dos mesmos. Deveria tratar-se de um conjunto que incluía um machado de bronze, pedaços de outros e alguns objectos designados como «cunhas», todos encontrados num dólmen. Em 1907 enviou para Lisboa um machado que encontrou na sua Quinta da Lomba, uma propriedade cujas origens começou pouco depois a investigar. Conseguiu enviar também para Lisboa uma estela sepulcral arcaica divulgada posteriormente nas páginas d’O Archeologo Português. Esse objecto encontrava-se no largo da igreja de Paderne, uma aldeia do concelho de Melgaço, e fazia parte das lajes de granito do adro dessa igreja.

COLECCIONISMO ARQUEOLÓGICO E REDES DE CIRCULAÇÃO DO CONHECIMENTO – PORTUGAL, 1850-1930

Elisabete de Jesus dos Santos Pereira

Évora

Setembro de 2017

 

 

HOMENAGEM DE MELGAÇO AO GENERAL NORTON DE MATOS

melgaçodomonteàribeira, 08.06.24

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general norton de matos

MELGAÇO PRESTA HOMENAGEM A NORTON DE MATOS OFERECENDO, EM SUA HONRA, UM ALMOÇO NO QUAL O HOMENAGEADO PROFERIU UM DISCURSO, QUE BEM MERECE SER REFERIDO NESTE SUBSÍDIO PARA UMA SUA BIOGRAFIA

MELGAÇO PRESTA SUA HOMENAGEM A NORTON DE MATOS

Em outubro de 1923, encontrava-se Norton de Matos em Melgaço, a fazer uso das sua águas minero-medicinais, afamadas no tratamento da diabetes, quando a sua estadia na estância de águas foi conhecida de alguns republicanos e democratas, que muito apreciavam a sua acção como Alto Comissário da República em Angola, especialmente pelo que eu lhes tinha referido e contado.

Não demorou que se constituíssem em comissão presidida pelo Dr. Manuel Fernandes Pinto, meritíssimo Juiz da Relação de Lisboa, e a Melgaço ligado por laços familiares, e em gozo de férias, e se resolvesse prestar ao insigne estadista uma homenagem pela sua actuação naquela Colónia Portuguesa, organizando em sua honra um almoço, a ser servido no Grande Hotel Ranhada, o melhor daquela estância de águas.

O que foi essa homenagem relata-o o semanário “Notícias de Melgaço” de 28 desse mês de outubro, de que me permito extrair o seguinte:

“Foi verdadeiramente impressionante pelo carácter patriótico que revestiu a homenagem que Melgaço, esta linda terra perdida num extremo Norte do nosso Portugal, prestou no domingo passado ao Alto Comissário da República em Angola, Ex.mº General Norton de Matos. Ao almoço servido no Grande Hotel Ranhada, assistiram as pessoas de maior destaque neste Concelho, representando todas as correntes políticas, e todos os programas partidários, porque para todos se estabelecera como plataforma o “amor da Pátria”, o seu engrandecimento e prosperidade, que Norton de Matos com o maior altruísmo, dedicação e coragem está realizando em Angola, duma forma brilhante a que, infelizmente não estamos acostumados”.

ANGOLA E O GENERAL NORTON DE MATOS

António Durães

Edição do Autor

Melgaço, janeiro 1976

p.74

 

MELGAÇO DEFENDE O LOBO IBÉRICO

melgaçodomonteàribeira, 01.06.24

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foto pedro cunha

MELGAÇO APELA À PROTEÇÃO DO LOBO-IBÉRICO:

“A NATUREZA É O SEU HABITAT NATURAL”

17/02/2021 

O município de Melgaço apelou hoje à proteção e conservação do lobo-ibérico, na sequência de notícias que dão conta da morte de dois lobos na região de Trás-os-Montes.

Numa publicação efetuada através da rede social Facebook, a Câmara de Melgaço recorda as mortes de lobos, lembrando que se trata de uma “espécie protegida”.

“Está protegido a nível Internacional pela Convenção de Berna (espécie estritamente protegida), pela Diretiva Habitats (espécie prioritária) e pelo CITES – Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (espécie potencialmente ameaçada). Em Portugal está protegido pela Lei da Proteção do Lobo-Ibérico”, refere a nota da autarquia.

“Desde 1990 que, em Portugal, possui o estatuto de ameaça de “em perigo”. Estima-se que na Península Ibérica existam cerca de 2000, dos quais 300 em território português”, aponta ainda a mesma nota.

“É uma das espécies que podemos encontrar no Parque Nacional Peneda-Gerês. A natureza é o seu habitat natural. Proteja-os”, finaliza a nota.

Recorde-se que um lobo-ibérico foi encontrado morto perto da aldeia de Xertelo, Montalegre, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, em circunstâncias que estão a ser investigadas. Segundo a Sinal TV, um outro lobo-ibérico foi encontrado morto em Bragança.

A fonte de comando de Vila Real afirmou à agência Lusa que a GNR recebeu uma denúncia, feita por um cidadão que encontrou uma carcaça de um cavalo e, nas imediações, também um lobo, num local ermo e de difícil acesso, dentro do Parque Nacional Peneda-Gerês.

Segundo Carlos Pontes, fotógrafo e videógrafo de natureza, que acompanha a espécie protegida no Parque Nacional da Peneda-Gerês, o cavalo morto foi usado como isco completamente armadilhado de laços para apanhar lobos.

Os elementos do SEPNA procederam à recolha do cadáver do animal que foi entregue ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para a realização de uma necropsia, que poderá esclarecer a causa da morte.

Também no local, perto de Xertelo, aldeia da freguesia de Cabril, no concelho de Montalegre, os guardas procederam à recolha de prova para o processo crime, que ficará a cargo do Núcleo de Investigação de Crimes e Contraordenações Ambientais (NICCOA).

A GNR está a averiguar se, naquele sítio de acesso apenas apeado, existem indícios de armadilhas e de outros animais mortos.

Ao que apurou O MINHO junto de fonte oficial do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, entidade que monitoriza o lobo-ibérico no Norte de Portugal, existem entre 30 a 40 lobos em toda a região do Minho, com especial incidência na zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

O número é manifestamente reduzido, sendo que os restantes dois centos e meio estão dispersos por Trás-os-Montes e Alto Douro. Existem ainda algumas (muito poucas) alcateias a sul do rio Douro, mas a extinção nestes locais parece cada vez mais eminente.

Segundo o CIBIO, o lobo não representa ameaça direta ao ser humano, mas para os outros animais o perigo adensa-se.

Diz aquele instituto que cerca de 90% do alimento do lobo na região minhota são animais domésticos que andam a pastar nos montes e serras, muitas vezes em modo pastoreio autónomo, como bovinos e equídeos.

Outras presas são o corço e javalis, que abundam em Trás-os-Montes, facilitando a sobrevivência e expansão do animal naquele território.

Apesar de poder passar vários dias sem comer, em média, um lobo adulto deve ingerir entre 3 a 5 quilos de comida por dia.

Se em Portugal o estatuto de conservação do lobo-ibérico aponta para uma espécie “em perigo”, em toda a Península o grau é mais reduzido, sendo considerado uma espécie “quase ameaçada”.

A isso se deve a proliferação na região central de Espanha feita por lobos vindos do Norte.

Em termos de proteção legal a nível internacional, o lobo-ibérico é uma espécie “estritamente protegida”, segundo a Convenção de Berna.

Já a nível nacional existe a lei de proteção do lobo-ibérico (Lei nº 90/88 de 13 de agosto e Decreto-Lei 139/90 de 27 de abril) que a aponta como uma “espécie estritamente protegida em Portugal”.

O MINHO

ominho.pt

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