A IMPRENSA MINHOTA E A PNEUMÓNICA
desenho de a. sousa
A PNEUMÓNICA NA IMPRENSA DO DISTRITO DE
VIANA DO CASTELO
Alexandra Esteves
Num meio conservador e no qual o catolicismo estava muito enraizado, é compreensível que as populações se voltassem para a religião, na tentativa de escapar a uma realidade adversa e que não conseguiam controlar. Promessas, procissões e ofícios religiosos eram formas de invocar a proteção divina. Nestas ocasiões, que também eram divulgadas pela Imprensa local, perante o medo, o sobrenatural e a ciência integram um todo holístico tendo como fim último a cura.
Os periódicos iam informando sobre o impacto da Pneumónica na vida das gentes do Alto Minho, dando conta das escolas que atrasavam a sua abertura, dos exames que eram suspensos, das igrejas que fechavam as portas ou até do aniversário da implantação da República que não foi celebrado. Por outro lado, muitas boticas tiveram de fechar, jornais deixaram de se publicar porque o seu pessoal tinha adoecido, e as feiras foram suspensas. Alguns destes assuntos geravam discussões acesas, pois havia quem entendesse que havia excesso de zelo nas notícias divulgadas e nas medidas que eram tomadas.
Os jornais não se limitavam a anunciar os efeitos da epidemia na localidade onde eram publicados, mas também davam conta da situação nos demais concelhos. A Gazeta do Lima, de Viana do Castela, relatava um acontecimento insólito ocorrido em Melgaço, onde o flagelo grassou de forma galopante: os enfermeiros, tomados pelo medo, abandonaram o hospital da Misericórdia, passando o socorro a ser garantido pela delegação da Cruz Vermelha de Viana do Castelo, que se deslocou para aquela vila e instalou um hospital na escola.