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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

PADERNE MILITAR

melgaçodomonteàribeira, 26.08.23

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PADERNE MILITAR

(…)

A relevância militar dos monumentos religiosos poderia converter-se num pau de dois bicos para o monarca. A necessidade premente de defesa do território do reino acolhe qualquer iniciativa do fortalecimento do sistema defensivo, mas, em contrapartida, essas construções particulares poderiam servir de baluarte à rebelião contra o próprio poder régio. Essa dificuldade tem sido debatida sobretudo em relação às torres solarengas dos fidalgos, que, segundo uma lei de D. Dinis, só podiam ser levantadas mediante prévia licença régia, mas também se fez sentir em relação aos próprios monumentos religiosos.

Neste âmbito, não é, com certeza, demasiado pretensioso sublevar o papel militar do mosteiro raiano de Paderne – sem esquecermos esse outro cenóbio melgacense (o de Fiães), responsável pela construção, em meados do século XIII, e manutenção de uma torre e dezoito braças do muro da vila de Melgaço, conforme ficou exarado em documento do seu cartulário.

Passemos então aos subsídios documentais militares do mosteiro de Paderne. Antes de outros, na afonsina carta de couto, outorgada em 16 de Abril de 1141, ficou registado um escasso pormenor do dinamismo militar do século XII, nesta zona noroeste de Portugal – a tomada do castelo de Laboreiro por D. Afonso Henriques. É o próprio monarca a referir expressamente que concede a carta de couto pelo remédio da sua alma, da alma de sua mãe e dos seus parentes e pelo tributo de dez éguas com suas crias, trinta moios de vinho, um cavalo avaliado em quinhentos soldos e cem moedas de ouro, que a abadessa Elvira Sarracine lhe tinha prestado.

(…)

O tributo foi prestado quando o rei tomou o castelo de Laboreiro. Sendo esta a única fonte documental conhecida para este sucesso militar do primeiro Afonso de Portugal, dada a sua laconicidade, difícil se torna avaliar a amplitude e o enquadramento cronológico do feito. O P.e Bernardo Pintor situou-o, sem mais, nas proximidades do recontro de Valdevez. Augusto Botelho da Costa Veiga, que escreve antes, conjectura que uma reconquista portuguesa pressupõe uma evidente perda anterior da fortaleza para as forças de Leão, situando ambas as expugnações entre a batalha de Cerneja e a carta de couto de Paderne, ou seja, no “intervalo de meados de Outubro de 1140 aos princípios de Abril de 1141”. O armistício de Valdevez, por sua vez, situou-o em Setembro de 1141 – muito próximo, mas a seguir à reconquista do castelo de Laboreiro.

Apesar da manifesta proximidade, quer geográfica quer cronológica, dos embates de Laboreiro e Valdevez, parece inconcebível que, até à data, não se tenha, pelo menos, tentado relacioná-los.

 

PADERNE MILITAR

José Domingues

Boletim Cultural de Melgaço

2006

 

CASTILLOS DE MELGAÇO E CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 19.08.23

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desenho a. sousa

EN BUSCA DE UNA FRONTERA ENTRE GALICIA Y PORTUGAL:

LAS TIERRAS MIÑOTAS EN LOS SIGLOS XI-XII

 

El origen de los castillos está en el poder real y en sus consecuencias el domínio señorial, aunque  en la realidade hay muchas variantes. Son los anclajes del poder político feudal, un poder que los reyes leoneses a duras penas logran controlar, y acaban cedendo a los nobles. La mayor parte de los castillos fronterizos de esta época tienen su base en castillos realizados durante la “Reconquista”, especialmente los de la región del Limia. Eran fortalezas de pequeñas dimensiones con una pequeña guarnición de soldados y cuya missión será la seguridad y defensa de la región. Actúan como elementos del ordenamento del territorio, que tuvo como principio de localización un conjunto de factores de carácter geográfico. No solo actuarían como agentes ordenadores del territorio también de la población, pues con el aumento demográfico que se produce, las villas creadas en torno a los castillos se irán amurallando, como es el caso de Melgaço o Salvaterra do Miño. El punto más importante de comunicación entre ambos lados era Portela do Homem, que conecta la zona de Barroso (Portugal) con la región de O Xurés (Galiza). El castillo de Lanhoso junto con los de Melgaço, y Castro Laboreiro, eran los castillos más importantes de la frontera.

 

Javier Flórez Díaz

Universidad de Cantabria

2016-2017

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SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 12.08.23

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SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MELGAÇO

 

AS MISERICÓRDIAS

CONTRIBUTO PARA UM GUIA DOS ARQUIVOS

Pedro Penteado

 

Possui arquivo e biblioteca

Responsável hierárquico: Provedor

Acesso: A consulta da documentação depende de uma autorização concedida pelos responsáveis da instituição.

Condições de instalação: A documentação encontra-se na sala do consistório, num armário de madeira com portas de vidro.

 

F: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MELGAÇO

 

Datas extremas: 1590-1993

Dimensão: 108 liv., 1 mç. e 2 pt.

Âmbito e conteúdo: O fundo testemunha a estrutura orgânica, as funções e actividades da Misericórdia. Segundo o “Recenseamento…”, a sua documentação pode ser classificada em secções relativas à constituição e regulamentação da Misericórdia, às actividades de expediente, à gestão de recursos financeiros e patrimoniais e ainda às actividades da Santa Casa no âmbito assistencial. Foram ainda consideradas as seguintes áreas orgânicas individualizadas no fundo: Asilo Pereira de Sousa (1943, I liv.) e Hospital de Caridade (1892-1975, 18 liv.). Entre as séries deste fundo, destacam-se compromissos e estatutos (1609-1982); registo das obras dignas de memória e das esmolas dos provedores (1597-1844); registo de visitas dos mesários da Santa Casa e dos facultativos do Hospital (1892-1921); actas da Assembleia Geral (1984-193?); acórdãos e actas da Mesa (1590-1988); actas da inauguração do hospital e capela e Asilo Pereira de Sousa (1892-1936); termos de eleições (1864-1993); registo de irmãos (1758-1975); copiador da correspondência recebida (1852-1880); copiador da correspondência expedida (1863-1945); tombos de propriedades e inventário de bens móveis e imóveis (1634-1927); registo de legados pios (1943-1949); registo de testamentos e capelas (1673-1850); registo dos mamposteiros (1700-1783); registo de defuntos enterrados pela Misericórdia (1875-1898); registo dos benfeitores do hospital (1892) e registo das oferendas particulares destinadas ao hospital (1894-1932).

Organização: Na época em que foi realizado o “Recenseamento…”, o fundo necessitava de um tratamento arquivístico aprofundado, o qual foi realizado nos últimos anos.

Instrumentos de descrição e pesquisa: Existem alguns inventários antigos que descrevem apenas parte dos documentos, a exemplo de um de 1634.

Bibliografia: ESTEVES, Augusto César – A Santa Casa da Misericórdia de Melgaço. Melgaço: Tip. «Melgacense», 1957.

 

CASTRO LABOREIRO DE RELANCE

melgaçodomonteàribeira, 05.08.23

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Retiro estas notas de um acervo de papéis que me restaram de uma breve estadia de três semanas em Castro Laboreiro, no ano de 1977, entre Maio e Junho, a expensas da Secretaria de Estado do Ambiente e com a colaboração da Direcção do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Devem ser entendidas como impressões onde o esforço de objectividade uma e outra vez pôde ter sido ofuscado pela emoção do seu autor. Em todo o caso, há um propósito de contribuir para o melhor conhecimento de certos aspectos da realidade camponesa do Noroeste serrano de Portugal. A traços largos, são aqui bosquejados os perfis da família e da comunidade; alguns dos factores morais e materiais que estimulam a emigração do homem; a condição da mulher que, na ausência do homem, assume sozinha as tarefas da casa e do campo; algumas transformações locais do casario e os factores que esboçam atitudes e posições hierarquizantes.

 

CASTRO LABOREIRO DE RELANCE

Luis Polanah

Minia

2ª Série, Ano II, nº 3

1979