CONTRABANDO DO CARO, DO ALTO
UMA CARGA DE COBRE
Tanto o estanho como o cobre vinham em barras com a forma de um jugo das vacas, pesando cada uma vinte e cinco quilogramas. Conforme nos informou o nosso interlocutor de Caballeiros (San Martiño) ia adquiri-las à Vila, em Castro Laboreiro, ou, à fronteira, ou então, a um sítio combinado com os homens de Castro, onde eram escondidas, para em Caballeiros, ou, no Valoiro serem colocadas, durante a noite, num camião, que as transportava para Ourense e outras cidades.
Desconhecia os verdadeiros mentores deste esquema de contrabando, que intitulou como um contrabando caro, do alto, quer em Portugal, quer na Espanha, mas, o responsável pelo “negócio” em Castro “acertava” com a guarda fiscal uma determinada quantia por cada carga efectuada, eliminando, deste modo, os perigos da “transferência”.
Contudo, houve percalços, como o caso da noite em que os Carabineiros surpreenderam na Cabeça Vella, próximo da Terracha (Entrimo), uma carga de barras de cobre, transportada por vinte e duas mulas, que nos foi mencionada, de forma espontânea, pelos residentes, quer no vale do Grou, quer no de Pacín, preocupando-se, contudo, os nossos interlocutores da Illa em esclarecer que a apreensão se tinha verificado devido a uma denúncia, por represália.
Mas, voltando, propriamente ao caso das barras, eram transportadas em mulas (cada mula carregava 100 Kgs), ou então, pelos rapazes novos e fortes (um rapaz conseguia carregar 50 Kgs).
O nosso interlocutor de Caballeiros, por exemplo, conduzia catorze mulas vazias para a Vila, em Castro, sendo duas mulas “controladas” por um homem, que recebia 400 pesetas por dia, ou melhor, noite.
O estanho e o cobre eram matérias-primas utilizadas nas fundições. Contudo, se o “escoamento” do cobre em barra predominou na década de cinquenta, com a implementação e alargamento da rede eléctrica, a procura “voltou-se”, na década de sessenta, para o fio de cobre.
LIMA INTERNACIONAL: PAISAGENS E ESPAÇOS DE FRONTEIRA
Volume I
Elza Maria Gonçalves Rodrigues de Carvalho
Tese de doutoramento em Geografia
Ramo de Geografia Humana
Universidade do Minho
Instituto de Ciências Sociais
Julho de 2006