S. ROSENDO E CASTRO LABOREIRO
rosendo de celanova
CASTRO LABOREIRO – DA PROTO-HISTÓRIA À FORMAÇÃO DE PORTUGAL
A Reconquista cristã é o processo que desencadeia a formação das primeiras monarquias do Norte peninsular, que por sua vez darão origem ao reino de Portugal. As referências às origens administrativas de Castro Laboreiro são escassas, no entanto um documento de 1007 do Mosteiro de Celanova refere Vitiza (séc. VIII-IX) enquanto conde deste território. Vitiza rebelou-se contra o rei Afonso III das Astúrias (866-910), mas foi derrotado pelo Conde D. Hermenegildo (842-912), parte das forças Galegas, que por este ato foi colocado na regência do território de Castro Laboreiro. Segundo a lenda, só na regência de seu neto São Rosendo (907-977) é que o local de implantação do atual castelo será alterado. A lenda diz que além do castelo, S. Rosendo (neto de Hermenegildo Guterres), terá também fundado a atual Vila e Igreja Paroquial. Esta lenda poderá ter algum fundo de verdade uma vez que S. Rosendo é o fundador do mosteiro de Celanova, e que o dito mosteiro exerceu intensa influência religiosa e política sobre este território, guardando até documentação específica de Castro Laboreiro nos seus arquivos. S. Rosendo foi uma figura incontornável para a Galiza, mas também para o Alto Minho. Foi bispo de Dume e administrou a Sé de Santiago de Compostela que, como se sabe, tinha relações de proximidade com a Arquidiocese de Braga, também ela influente no espaço geográfico do Alto Minho. No ano de 955, D. Ordonho III, rei de Leão, nomeia São Rosendo como bispo de Mondonhedo e administrador de Santiago de Compostela, governador do Val del Limia, o qual procurou dotar a região norte de Portugal e a Galiza de fortificações que impedissem as investidas dos Árabes e Normandos.
O castelo de Castro Laboreiro terá sido uma destas fortificações, pois também encontramos nas lendas históricas locais referências a S. Rosendo como sendo fundador desta fortificação. O novo regime administrativo que se avizinhava no horizonte, o sistema feudal e senhorial, foi de certo modo responsável pela decadência das grandes monarquias primitivas do Norte peninsular. Contudo, apesar das constantes transformações políticas do território, as comunidades locais, nomeadamente as de montanha, menos privilegiadas em todos os sentidos, não deixaram de contrair sobre si mesmas os seus sistemas arcaicos de sobrevivência e solidariedade coletiva, prevalecendo os vínculos de parentesco.
- Afonso Henriques (1139-1185) toma Castro Laboreiro, em 1141 ou 1144. A tomada deste território pelo primeiro rei está testemunhada num documento do mosteiro de Paderne (Melgaço), que Carlos Alberto Ferreira de Almeida explica da seguinte forma:
“O rei D. Afonso Henriques conduziu pessoalmente uma ofensiva que visava retomar, e retomou o Castelo de Castro Laboreiro, tendo recebido da abadessa do Convento de Paderne (Melgaço), mulas e mantimentos para esta empresa. Tudo aconteceu porque no decurso das muitas escaramuças entre portucalenses e leoneses, em 1141, Afonso Henriques havia invadido a Terra de Toronho, território fronteiriço à linha do Minho e que tinha Tuy como principal ponto de referência, ação bélica que conduziu a invasão do Minho e à subsequente tomada do Castelo de Castro Laboreiro, à data, uma estrutura roqueira assente sobre os escombros de uma velha povoação da Idade do Ferro”.
Deverá ter concedido foral a Castro Laboreiro nesta altura, no entanto este tema tem sido alvo de discussão e debate, dado que o foral está desaparecido, bem como outros documentos do cartulário de Fiães da mesma época, mas é repetidamente invocado. O mesmo problema ecoa relativamente ao foral de Melgaço, concedido por D. Afonso Henriques. D. Sancho I (1185-1211) debate-se por assegurar as fronteiras do Minho, mas perde o domínio sobre os castelos de Melgaço e Valença. Durante este período sabe-se que o Castelo de Castro Laboreiro se manteve do lado português, sobrevivendo às hostilidades entre D. Sancho I e Fernando II de Leão, nas fronteiras do Norte (Minho e Trás-os-Montes). D. Sancho I, concede novo foral a Castro Laboreiro, também desparecido.
CASTRO LABOREIRO – DO PÃO DA TERRA
AOS
FORNOS COMUNITÁRIOS
Uma proposta de mediação patrimonial
DIANA ALEXANDRA SIMÕES CARVALHO
Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em História e Património
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Maio de 2017
pp. 35-37