GUERRA CIVIL DE ESPANHA - REFUGIADOS EM CASTRO LABOREIRO
BREVE ESTUDO ETNOGRÁFICO SOBRE O NÚCLEO FAMILIAR TRADICIONAL DE CASTRO LABOREIRO
DEPOIMENTOS SOBRE A GUERRA CIVIL ESPANHOLA (1936-1939)
19/08/2014, Rodeiro
Houve um “casal” (não de matrimónio) que se refugiou no Rodeiro, numa casa que hoje se encontra em ruínas, ao lado de uma outra com uma “alminha” numa das paredes exteriores, no caminho que vai para o forno comunitário, em direcção às cascatas. Este senhor conta que a Guarda sabia da localização deste casal e um dia, a cavalo, dois guardas pararam em frente a esta casa e perguntaram pelo paradeiro destes refugiados. Como a resposta dos habitantes foi muda ou incerta, os dois guardas ataram as mãos de uma senhora de idade com uma corda e lentamente puxaram-na para que viesse a pé atrás dos cavalos, e os “refugiados” vendo isto expuseram-se. A verdade é que uns dos guardas enamorou-se pela rapariga refugiada e casou com ela. Ainda hoje estão casados e por vezes visitam o Rodeiro.
10/09/2014, Portelinha
A D. Maria José Fernandes, falecida, habitante de Portelinha, guardou um segredo no tempo da Guerra Civil Espanhola. Houve um médico galego que se refugiou em Castro Laboreiro nessa altura. O local de seu refúgio foi o moinho das Coriscadas, que pertencia à sua irmã, “que morreu com 96 anos”. Os familiares deste médico levavam-lhe comida e livros. “Durante o dia saía, e à noite pernoitava no moinho”. Mas este médico foi encontrado pelas autoridades e levado novamente para Espanha. “O montão de livros que ele deixou lá!”
Diana Carvalho
Mestranda em História e Património
ABELTERIVM
Volume III
Maio 2017