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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

FRAGMENTOS DE VIDAS RAIANAS 17

melgaçodomonteàribeira, 26.09.20

 

 Aos sábados, e apenas nesses dias, a Frieira desfrutava de um extraordinário tumulto geral. Para os nativos era uma agradável e distractiva recreação que lhes fazia esquecer a soporífera rotina. Podiam ver gente que não conheciam, discrepante e, casualmente, trocar pareceres. Também havia – embora fosse coisa raríssima – uns  turistas improvisados que vinham admirar a barragem, a selvajaria do rio e a paisagem circunvizinha.

Antes de ser planeada a construção da barragem e da actual ponte, já o edifício que abrigava os comércios do Manolo, estruturado de rés-do-chão e de dois andares, existia.

Por entre a loja e o que fora uma garagem – agora arrecadação de mercadorias – acedia-se, através de uma escadaria, ao andar inferior, o dos aposentos, e a uma das duas portas do andar térreo, utilizado como garagem e armazém. Um pouco apartado, quase colado à ponte, havia um pequeno barraco também propriedade do Manolo. Tinha-o alugado ao Celso.

No que tinha sido um cortelho, este criador-negociante de gado reconhecido montou  – ainda no tempo do precedente proprietário – um talho equipado com o imprescindível : uma câmara frigorífica de bom conteúdo, um sólido cepo para cortar a carne, uma vigorosa balança com prato, suspensa por um gancho a uma trave, e um pequeno balcão revestido de azulejos brancos.

O espaço, minúsculo, apenas consentia que o número de clientes superasse a meia dúzia quando o talhe era moderado. No exterior, os demais esperavam pela vez. Nos dias chuvosos, refugiavam-se no café. Não tinham outra alternativa, e era de boa vontade. A tenrura e o saibo da carne que o Celso vendia eram as razões principais da vinda frequente de muita gente à Frieira.

Natural de Deva, uma pequena aldeia de altitude, distante da Frieira uma dezena de quilómetros, rondava os sessenta anos. Era um homem bastante encorpado, muito sossegado e, antes de mais, uma pessoa de consciência, da qual irradiava uma lhana empatia. Quando sorria, os olhos castanhos barricavam-se até configurarem duas ovais; do centro sobressaíam dois ínfimos pontos luzidios que faziam amolecer os mais couraçados ou inumanos. Era, sobretudo, popular por ser um dos inusitados homens de palavra.

Apesar de ser proprietário de abundantes haveres na sua aldeia natal – onde criava em liberdade e nas circunstâncias mais originais grande parte dos bovinos e dos suínos cuja carne vendia –, era um homem de grande simplicidade. Analfabeto, pesava a carne e, de cabeça alteada e olhos desvirados, como se estivesse a ler no forro do seu módico talho, calculava mentalmente o preço e memorizava-o. À medida que o cliente ia pedindo, assim agia até à conta final, que nunca ninguém contestou.

Conduzido pelo genro, vinha todas as manhãs para a Frieira e regressava à tardinha à aldeia.

Pecuniariamente, a carne tornara-se mais barata do lado direito do Trancoso e do Minho. Não era, pois, inabitual que, aos sábados e nos dias feriados, muitos portugueses fronteiriços, mas também do interior, se precipitassem para os talhos galegos raianos. Naquela faixa, buscavam, notoriamente, o do Celso. Mas era talvez mais pela sua singularidade do que pelas economias que faziam. A fama da sua carne propagara-se com diligência ao lado português. Uma quantidade apreciável da que era cozinhada em algumas pensões de Melgaço emanava da carniçaria do Celso.

As pessoas vinham em família ou em grupo e, enquanto uns pacientavam no talho pela sua vez, outros faziam compras na loja do Manolo ou temporizavam no café, consumindo algo.

O talho era um poderoso vector de clientela para a loja do Manolo. Poucos eram os portugueses que desciam propositadamente à Frieira comprar mercearia, pescada congelada, polvo, gambas, bacalhau, camarão... Em cima, pouco adiante da alfândega, tinham à disposição vários comércios que vendiam os mesmos produtos e, propriamente, ao mesmo preço.

O Celso tinha como companheiro um pastor belga de Groenendael, atlético cão preto, peludo e impassível como ele. Mimado com pelicas, restos de carne e ossos frescos,  era, evidentemente, o guardião da carniçaria durante a noite.

Ao meio-dia, o açougueiro almoçava no bar do Manolo. Humilde, uma pratalhada da mesma comida que a Rosa cozinhava para os patrões comprazia-o.

Findada a refeição, retirava do bolso da bata de nylon cor-de-rosa com pintas brancas e manchada de sangue uma caixa de tabaco deformada e descolorada pelos anos. Enrolava calmamente um pitillo e fumava com patente bem-estar. Farto, mas brando, cruzava os dois braços por cima da mesa, reclinava a cabeça neles, o tempo de uma fugaz soneca e ficava a esmoer. O hábito da siesta ainda estava muito arraigado em Espanha, sobretudo nas aldeias, vilas e pequenas cidades.

A alteridade horária entre as duas margens – uma hora a menos em Portugal – resguardava-o de ser acordado por imprevisíveis clientes vindos de lá. O cão, por debaixo da mesa, caricaturava rigorosamente o dono.

Para outros visitantes, em bastante menor número, era a riqueza haliêutica do curso de água que os aliciava para aquele lugar banal.  

O rio Minho, não obstante a persistente inquinação suscitada pelos produtos de manutenção das barragens que nele abundavam, era famoso por abarcar nas suas águas uma variedade de peixes qualitativa. Os lugares da Frieira, renomados por serem o começo do curto trajecto mais selvagem do rio Minho – cerca de 80 km –, eram muito disputados pelos expertos piscatórios a fim de detalharem a sua mestria.

A represa, inibindo os peixes migratórios como o salmão, o sável, a truta e a enguia de perseverarem em direcção da nascente do rio, forçava-os a acomularem-se diante dela.

Na época em que a pesca era legitimada, e em particular nos fins-de-semana, aglomeravam-se ali pescadores profissionais, amadores e principiantes. Todos se sentiam habitados pelo mesmo fervor e todos buscavam as mesmas sensações. Vinham de diversas regiões espanholas e, evidentemente, mesmo do outro lado – Portugal.

 

Continua.

 

 

 

 

 

AO F.A.I.J.

melgaçodomonteàribeira, 19.09.20

73 a2 - garrilha, faij (gú), carriço, antónio c

 1ª fila - garrilha, tónio carteiro, loca 2ª fila - gú (faij) e carriço atrás - alfredo alfaiate

 

In  Mente!

 

Tam cedo, Augusto Igrejas, nos deixaste

Neste mundo, mais órfãos e mais pobres…!!!

Nessa triste bagagem arrastaste

Tantos e tantos versos mais que nobres…!!!

 

Vê lá, meu caro amigo, se descobres

O teu santo caminho que encetaste!!!

E que essa terra fria que tu cobres

Seja mais quente e leve que pensaste!!!

 

Um ano que passou, e com saudade,

Todos, hoje, te querem recordar

Com alma e coração! Santa Verdade!!!

 

E contigo, nós, vamos logo estar!

E, vós, jovens?... Coragem e vontade!

Que o F.A.I.J. algo terá para vos dar…!

 

Uma Vida Entre Poesia

José Maria Rodrigues (José Serrano)

Câmara Municipal de Melgaço

2007

p. 99

(F. A. I. J. - Francisco Augusto Igrejas Júnior)

 

 

 

FRAGMENTOS DE VIDAS RAIANAS 16

melgaçodomonteàribeira, 12.09.20

 

— É uma lástima – desabafou o Manco, afectando desolação ao mesmo tempo que fazia uma curta pausa, questão de o embaralhar e intrigar ainda mais.

Encantado por saber que ia viver um momento de deleite, de vingança mágica, antes que o homem objectasse, proferiu com espontaneidade:

— Sabe por que é pena?

Desconcertado pela incoerência da pergunta, e querendo dar prova de gentileza e de servilismo, o representante oscilou a cabeça negativamente e confidenciou com pudicícia:

— Para lhe ser franco, não sei, caro senhor.

— Pois é muito simples. Também vou ser sincero consigo. Quando era miúdo, uma época que, afortunadamente, não conheceu, na minha família a fome era tanta que, muitas vezes, até pedras éramos capazes de roer se não houvesse outra coisa mais mole. Nunca se desperdiçou um grama de tudo o que se pudesse ingurgitar, nunca, ouviu? Ainda que fosse mal-cheiroso ou que tivesse bichos! Foi assim que, desde pequenino, entre outras coisas, me afiz a comer côdeas de queijo nas quais já se tinham desenvolvido larvas. O mais engraçado é que, pouco a pouco, acabei por ficar doido por estes animais.

O viajante, apavorado pelas palavras do Manco, quase cessara de respirar e fixava-o de olhos bugalhudos. «Introduzi-me na casa de um desequilibrado mental, de um doente ou o homem não estará a falar a sério?», disse para si.

O Manco, convencido da incidência que as suas palavras produziam nele, jubilava. Voltou a tossicar, secamente, desta vez.

E, pretextando surpresa, disse:

— Não me diga que nunca teve a ledice de provar – cochicou.

Com a regozijante intenção de lhe dar a estocada postrema, insistiu:

— Como disse inicialmente, devorava queijo com larvas. Claro que, tirando a família, ninguém sabia. Um dia, já era eu dono desta casa, tive a visita de um amigo de infância que, depois de viver mais de trinta anos no México, se instalou em Santiago. Relembrando os tempos de grande pobreza, inopinadamente, disse-me que, em muitos países da América do Sul, comer vermes, formigas, minhocas, gafanhotos e outras coisas semelhantes fazia parte da cultura culinária dessas populações. Eu, que, envergonhado, comia bichos ao abrigo dos olhares alheios, compreendi afinal que não era extravagância nenhuma. E deu-me a receita para preparar as larvas à mexicana. Que maravilha, meu amigo! É um prato primoroso, pode crer-me. A partir daí, deixei de comer queijo; só os vermes que nele se formam é que têm importância para mim. É o meu péché mignon, um petisco especial, uma glutonaria da qual nem o mais requintado caviar iraniano me faria renunciar. Desde então, este amigo traz-me com frequência de Santiago um punhado de colegas composto por uma clientela de gourmets. Tudo gente reputada, fiel e que me dá o privilégio de a satisfazer. Nem pode imaginar o regalo que os vermes cozinhados  pela Vicenta lhes propicia. Só visto.

Fez uma pausa, antes de prosseguir:

— Mas fique ciente de uma coisa: nem todos os queijos geram bichos da mesma dimensão, rigidez, paladar e espécie. As moscas, engenhosas, escolhem os queijos mais nutritícios para as larvas. Não são parvas! E aí é que está a chatice. A coisa não é tão elementar como se pensa. Além disso, a fineza do queijo sem a individualidade da mosca, ou vice-versa, nunca dará uma categoria de larvas opulentas e suculentas. Contudo, como é a minha única paixão, vou tentando aperfeiçoar-me para conseguir os melhores espécimes. Por isso, quando o interroguei, a sua atitude foi justa, pois desconhece inteiramente estes costumes culinários.

Vibrou de prazer, embora o rosto e o olhar perdurassem estáticos. Sentia-se melhor, enlevado consigo próprio. Porém, a garrafa de branco, obsessivamente, foliava-lhe na cabeça. À mala hóstia primitiva sucedera uma paz sádica. Quando o indesejável fosse embora, sabia que mesmo a bebida ia ter um sabor diferente, bonificado.

Nestes casos, o que lhe aprazia eram as díspares alterações fisionómicas dos viajantes. Quanto mais estupor e incredulidade acusasse o rosto, maior era a instigação para elucubrar o chiste. Moldou o grande e denso traseiro por cima da cansada cadeira, que deu por ela crepitando instantaneamente, e, cauteloso, estudou o jovem caixeiro-viajante: ficou com a percepção de que a pele do seu rosto estava encolhida como a de um Shar Pei, formando um dominó de ressentimento e de sanha.

Não restava absolutamente nada do homem gracioso e inexorável que, havia uns escassos minutos se tinha sentado diante dele. Bruscamente, levantou-se. A tensão, forte, era manifesta. Sem articular uma palavra, desandou em direcção da porta a grandes passadas. Nem se dera ao trabalho de inserir o catálogo no attaché case. O infeliz representante, sem dúvida, já anatematizara o Manco.

— Se um dia desejar, será com a maior satisfação que lhe dou a provar as minhas larvas – lançou-lhe.

Desprendeu uma nádega da cadeira e, arrastadamente, facilitou a fuga dum ruidoso bufo, contra o qual havia alguns momentos batalhava. O alívio foi momentâneo e distensor. «Pantomineiros!», exclamou enojado. E deu uma gargalhada estrondeante que, inevitavelmente, fez vibrar os tímpanos do desafortunado viajante, já lesionados pelo artifício do Manco.

Que ficaria a pensar dele? Que era um alienado? Um bárbaro ou um maníaco? Tanto lhe dava. Era como era e estava-se a cagar para quem o desaprovasse.

Fora uma nova vítima da sua ridícula tramóia e não seria decerto a última. Merecera. Eles é que pediam. Já se obliterara do dia que, pela primeira vez, pregara esta partida nem como excogitara a cena dos bichos.

Pôs-se de pé, levou a garrafa vazia para de trás do balcão do bar e deitou a mão a uma cheia. Deu meia volta, pousou o posterior na cadeira e a garrafa no lugar da outra. Com o toco, apertou-a contra a axila e, com a perícia que contraíra ao longo dos anos, foi enroscando o saca-rolhas que residia no seu bolso. Em seguida, prendeu a garrafa entre os joelhos e excarcerou o líquido amigo, sem o qual a sua vida não teria sentido. Encheu o copo daquele vinho branco sem vida, dormente, que mais se assemelhava a urina opaca, e esvaziou-o febrilmente. O organismo gratificou-o liberando-lhe emanações benfeitoras. Do maço de tabaco que tinha no bolso da camisa, extraiu um Ducados – marca de cigarros – e acendeu-o. Deu duas longas passas que lhe incharam os pulmões obnubilados. A inoportuna interrupção do caixeiro-viajante perturbara-o tanto que esquecera o pitillo. Mas isso já fazia parte do passado.

 

Continua.

 

EVA MARIA É O NOME DA MINHA NETA

 

 

 

O CARRO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 05.09.20

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UM LUGAR ONDE NADA ACONTECIA

XI

O carro dos bombeiros, em seus passeios dominicais, não estava no seu posto, quando foi preciso. Aquilo revoltou o povo e a partir dali não mais aconteceram aquelas viagens recreativas.

Fundada em 1927 a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Melgaço teve destacada actuação em 1930, quando ficou conhecida e laureada em Portugal e Espanha.

Do outro lado do rio Minho, em frente a Melgaço, na Espanha, o comboio expresso Madrid-Vigo, descarrilou. O acidente foi presenciado pelos curiosos que gostavam de ver passar aquele bonito comboio. Foi dado o alarme e logo o sino da matriz tocou a rebate, convocando bombeiros e povo. De barco e a nado, atravessaram o rio, socorrendo os acidentados e resgatando seus pertences que boiavam rio abaixo. Foi um momento épico.

Os jornais espanhóis e portugueses deram grande destaque ao acontecimento. Elogiando os bombeiros de Melgaço. A organização nacional dos bombeiros, de Lisboa, mandou um instrutor, algum material e o povo custeou a compra de uma bomba para a recente fundada organização, carente de recursos técnicos, mas recheada de altruísmo.

A bomba era o que de melhor existia na época, de tracção braçal, montada em uma espécie de carroça, para ser puxada por muares, mas que sempre foi impulsionada pelas pessoas, puxando ou empurrando.

Na mesma época, o Simão Araújo, filho da terra, que emigrara para o Brasil e aí fizera fortuna, já tinha construído o seu luxuoso palacete e tinha na garagem um automóvel Buick, seis cilindros, modelo 1928. Como a maior parte do ano esse carro ficava inactivo, o Simão Araújo, empolgado com a bravura dos bombeiros da sua terra, deu-lhes esse automóvel.

Além de abnegados soldados da paz, revelaram-se, esses rapazes melgacenses, primorosos artífices.

Transformaram o luxuoso carro de passeio em sensacional carro de bombeiros. Retirada a carroçaria, adaptaram ao chassi seis poltronas com estrutura em ferro, um grande cilindro central, elevado, destinado a conter os artigos de primeiros socorros. Machados e picaretas embutidos no chassi e duas grandes roldanas com as mangueiras. Na frente, o banco do motorista era corrido onde cabiam mais três pessoas, nos estribos laterais, em pé, ia o resto da guarnição. No cimo do capo uma sineta avisava a sua aproximação, o que seria desnecessário uma vez que para maior desenvolvimento retiraram o escapamento e os seis cilindros do poderoso motor fazia um barulho ensurdecedor. Haviam reforçado os feixes de molas para suportar o grande peso. Pintado todo em vermelho-sangue com os dizeres em branco nas laterais do cilindro: VIDA POR VIDA. Era uma jóia de artesanato sem utilidade. Deveria ter-lhe sido adaptada uma bomba a gasolina, o que nunca aconteceu.

O belo carro dos bombeiros era só utilizado em desfiles cívicos de quando em quando e já nos anos quarenta foi a Lisboa buscar o cadáver do Sr. Lascasas para sepultar em Melgaço.

Para não prejudicar o seu funcionamento era necessário interromper seu longo repouso, com algumas saídas. Era esse o argumento apresentado por um grupinho que, aos domingos, solicitava autorização para um passeio. O Professor Abílio Domingues, que por imposição era o Presidente da Câmara, também era o comandante dos bombeiros, pessoa cordata que exercia cargos que não pedira e para os quais não tinha a mínima aptidão, acedia.

Um domingo, na estrada da Orada, na curva da fonte da Assadura, um automóvel colheu um rapaz, que, inconsequentemente, rodava em bicicleta, em grande velocidade, pelo meio da estrada. Accionaram os bombeiros para atender ao sinistro e transportar o acidentado para o hospital. Os bombeiros estavam merendando em S. Gregório, onde tinham ido desenferrujar o bonito carro vermelho. O rapaz faleceu.

 

                                                                                  Manuel Igrejas

Publicado em: A Voz de Melgaço