CASTRO LABOREIRO E O PNPG
CASTRO LABOREIRO FACE AO PARQUE NACIONAL
PENEDA-GERÊS
Castro Laboreiro é uma das regiões que mais confiadamente pode encarar o futuro. E não só pela emigração, como até agora. Os naturais de lá emigram, desde muito cedo, amealham fortuna e procuram instalar-se fora da terra natal, no concelho ou longe dele.
Com a transformação da serra em Parque nacional, o futuro virou permitindo aos naturais enriquecer ou, pelo menos, transformar-lhes radicalmente a vida.
Claro que os naturais não vêem o futuro pelos nossos olhos. Situados adentro do perímetro do Parque, sentem-se espartilhados nas disposições tomadas oficialmente: proibição de erguer casas com materiais que não sejam a madeira devidamente preparada e abate dos carvalhos.
Obras já em construção foram embargadas, porque usaram ferro em lugar de madeira, como estava ordenado. Em relação aos carvalhos a abater, os serviços oficiais dão-lhes pinheiro.
Enquanto isto, a transformação do Parque processa-se lentamente.
O turismo, que vai ser a sua maior receita ainda vem longe. Força é mentalizar os habitantes, levando-os a erguer as infra-estruturas: abastecimento de água ao domicílio, saneamento, entre outros. E uma bomba de gasolina. E um talho. E tanta coisa mais…
Sendo tão inteligentes e de grande iniciativa, como se não lembraram ainda os naturais destas coisas?
E ligação para Espanha, por estrada. E livre trânsito na fronteira, para as populações locais, de Espanha e de cá. E comércio livre, ao menos nos dias de feira.
Isolados, encostados ao muro da fronteira, se lhes não é permitido o livre trânsito, asfixiam. Vegetam. Isto deverá ser uma das primeiras coisas a pedir oficialmente.
Aliás, quando a floresta adensar, desconhecendo a fronteira, como vai ser possível impedir-lhe a passagem?
A VOZ DE MELGAÇO
MELGAÇO, 1 DE MAIO DE 1974