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MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

MELGAÇO, DO MONTE À RIBEIRA

História e narrativas duma terra raiana

VASCO DE ALMEIDA, O SENHOR CULTURA DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 28.12.19

 

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UM LUGAR ONDE NADA ACONTECIA…

 

A novena e a penicilina surtiram efeito, o Zéca do Aurélio estava fora de perigo. O júbilo foi grande entre a população! O doutor Suíça acrescera mais um ponto no seu já famoso curriculum de médico. Mais algumas semanas e o rapaz voltou às suas actividades: participar no comércio do pai e administrar o Rápido Futebol Clube de que era o presidente da directoria.

A mãe do médico, a dona Teresa Pedreira faleceu. O funeral foi muito concorrido mercê do prestígio do filho. Causou assertivas críticas a atitude do Amílcar da Lucrécia. Na hora em que o préstito passou na rua do café do Hilário ele estava jogando bilhar. Como podia fazer uma coisa daquelas? Comentava o povo. Não acompanhar o funeral da mãe de quem lhe salvara a vida? Inquirido, vendo a burrice que fez, a Amílcar desculpou-se dizendo não ter calçado apropriado, só tinha aqueles ténis brancos e achou que não ficasse bem.

O Vasco tinha escrito uma nova peça e arregimentava os elementos para a encenar. Escalava os rapazes e raparigas com reconhecido pendor artístico por já terem participado em espectáculos anteriores. Era mais uma revista satirizando os acontecimentos da vida local com diálogos e canções.

Personagem principal era o Vasco Almeida, reconhecido como intelectual autodidacta. Com apenas a instrução primária, adquirira, entretanto, grande bagagem cultural, através de leituras e do convívio da penitenciária com expoentes literários e científicos de oposição ao governo. Desde cedo, o Vasco mostrara-se um garoto à frente dos seus colegas. Quando moço aprendeu a dirigir automóveis e foi motorista particular de um médico na vizinha vila de Monção. De ideias políticas avançadas envolveu-se em organizações clandestinas de tendência comunista. O regime político do país titulava-se Estado Novo Corporativo, administrava não permitindo oposição, cerceando a liberdade de expressão e opinião de intelectuais que pregavam o regime democrático. A ideologia comunista que fomentara a guerra civil em Espanha, tinha seus adeptos que sorrateiramente envolviam os descontentes com a situação política de Portugal.

Com as economias que tinha mais a ajuda dos correligionários, comprou, o Vasco, um automóvel Morris, novo, e foi ser motorista de praça, autónomo. Na clandestinidade, os oposicionistas do regime tramavam uma revolução que seria comandada por Paiva Couceiro, oficial do exército, monarquista, ex-governador de Angola, exilado em Espanha. Foi o Vasco escalado para em seu carro transportar o chefe revolucionário desde a fronteira da Galiza até determinado ponto em Portugal. Na noite aprazada, certificados que a estrada estaria desguarnecida, foi empreendida a marcha “libertadora”. No concelho de Valença, decorridos alguns quilómetros em Portugal, a estrada foi bloqueada por membros da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado, fortemente armados que abortaram a marcha dos revoltosos. O Vasco, como os demais, foi recolhido à Penitenciária do Porto. Um flagrante daqueles resumiu-se a processo sumário com vários anos de detenção.

No cárcere, foi vítima de torturas para lhe arrancarem a identidade de outros elementos e planos da organização, coisas que ele desconhecia. Os maus-tratos danificaram-lhe os dentes, afectaram-lhe a vista, passando a andar de óculos, também os pulmões foram atingidos donde resultou uma asma crónica. Emagreceu, envelhecendo prematuramente. Em contra partida, ganhou vastos conhecimentos em todas as áreas da ciência, no convívio com os outros detidos.

Aconteceu um facto inusitado que desanuviou, em parte, aquela vida de reclusão.

Uma das moças do apostolado que ministravam o conforto na prisão apareceu grávida. Era solteira e não tinha namorado. Confessou que fora o Vasco, na prisão, o co-autor daquela infelicidade. A administração do presídio submeteu o condenado a interrogatório sobre o caso. O Vasco justificou-se explicando o óbvio: ele não saíra da prisão, fora a rapariga que o visitara e ele não a forçou a nada. Acontecera naturalmente entre duas pessoas carentes, ela no vigor da sensualidade, e ele sem contacto feminino há muito tempo. Os juízes compreenderam as circunstâncias e o caso ficou por isso mesmo. A rapariga desenvolveu a gestação no seio familiar que lhe deu todo o apoio e até lhe arrumaram um namorado com quem casou mais tarde e assumindo o Vasquinho, nome dado à criança.

Expiado o tempo da condenação voltou o Vasco à liberdade, comprometendo-se a não se insurgir contra o status-quo, porém mais doutrinado em socialismo e comunismo.

A Zinda, esposa do Vasco, após o regresso deste, ao que contavam as más-línguas, provocou um aborto, com consequências funestas e faleceu.

Aquela rapariga que a ele se entregara na prisão, soube do falecimento da esposa e escreveu-lhe: propunha-se a abandonar o marido e o segundo filho, que dizia “vítima de uma contracção sexual”, e juntar-se ao Vasco. Ele não respondeu!

Os filhos mais velhos do Vasco, António e Francisco, já tinham ido procurar a própria vida; as duas raparigas, Maria Teresa e Elza, conseguiram, com o auxílio das senhoras Teixeiras, internar-se no Instituto Postigo do Sol, no Porto, onde se educaram até à maioridade e posteriormente emigraram para o Brasil.

 

                                                                           Manuel Igrejas

 

PARA TODOS OS AMIGOS QUE NOS VISITAM, UM BOM 2020

 

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foto câmara munipal de melgaço

 

27/12/19

EMIGRANTE RECONSTRÓI  ALDEIA NATAL NO GERÊS

NOTÍCIA NA SIC E EXPRESSO

EX-EMIGRANTE RECONTRÓI A ALDEIA NATAL EM CASTRO LABOREIRO

Ficamos a saber que Castro Laboreiro fica no Gerês, Lamas de Mouro deve ficar ao lado de Penela e Melgaço é uma freguesia de Mértola. Tanta ignorância de quem tem por missão informar. Tenham vergonha, sejam profissionais, senhores "jornalistas".

Ilídio Sousa, editor do blog Melgaço, do monte à ribeira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

NÚCLEO MUSEOLÓGICO DE MELGAÇO

melgaçodomonteàribeira, 21.12.19

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ACHADOS ARQUEOLÓGICOS DE MELGAÇO CONVERTIDOS EM MUSEU

 

16.02.2001 – Por Lusa

 

Os achados arqueológicos resultantes das escavações que decorreram na Praça da República, em Melgaço, vão ser convertidos em peças de museu, numa empreitada que deverá estar concluída no início do Verão.

Segundo o chefe das escavações, Brochado de Almeida, o principal achado é um fosso medieval desconhecido em todos os registos documentais e gráficos, mas também a antiga muralha da vila, agora descoberta.

O espaço museológico a criar, cujo estudo prévio já foi aprovado pelo Instituto Português do Património Arquitectónico, resultará do restauro do fosso medieval e da muralha.

Algumas das peças arqueológicas encontradas serão também objecto de restauro e reprodução de forma a poderem ser expostas, estando ainda previsto a criação de painéis informativos e explicativos para auxiliar os visitantes a interpretar aquilo que vão observando ao passarem no espaço entre o fosso medieval e a muralha.

Durante as escavações na Praça da República de Melgaço foi encontrado um vasto espólio de cerâmica, pertencente aos séculos XVII, XVIII e XIX, estando muitos dos fragmentos em condições de restauro, além de cerca de três dezenas de moedas, de que há a destacar uma moeda de 400 réis de D. João I.

Estas escavações arqueológicas, que decorreram de Dezembro de 1999 a Maio de 2000, precederam as obras de remodelação da Praça da República, já que a câmara não quis correr o risco de ver as máquinas destruírem alguns pedaços da história do concelho. É que a Praça da República situa-se no enfiamento da couraça nova desenhada por Duarte d’Armas, que protegia o acesso ao posto de abastecimento da vila e que, posteriormente, viria a ser remodelada, por altura das obras de adaptação da fortaleza moderna.

Segundo Rui Solheiro, presidente da autarquia local, a remodelação da Praça da República, actualmente em fase de conclusão, visa aproveitar ao máximo as potencialidades do espaço como zona de estadia e encontro, acabando com o “uso desregrado” que ali se registava, “fruto da falta de elementos organizadores e caracterizadores”.

A empreitada está orçada em cerca de 100 mil contos (498 mil euros), metade dos quais será garantida pela parte pública do Projecto Especial de Urbanismo Comercial, desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio à Modernização do Comércio (Procom).

 

Publicado no jornal Público

 

http://desporto.publico.pt/Londres2012/noticias

 

HOMENAGEM A PEPE VELO e JOÃO VILAS, UM POETA MELGACENSE

melgaçodomonteàribeira, 14.12.19

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foto de galicia confidencial

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SORRISOS DA JANELA

 

Do mais alto ponto, da janela,

Eu vi-te a passar à minha porta;

Chamei de lá por ti e tu sorriste…

Mas teus cabelos pretos, tão risonhos,

Do dia em que te vi e tu me viste,

Puseram-se sisudos e tristonhos…

 

É meu ser fiel lembrança triste

Agora que te vejo ao longe em sonhos.

 

Continuo, por isso, à janela

E ainda que em ti eu esteja ausente

Qualquer hora é para renascer;

Manhãs de nevoeiro, denso, quente,

Nesta agonia de nunca mais te ver…

 

 

DO SUBLIME AO GROTESCO

              POESIAS

João Vilas

Edição ANCORENSIS

2000

p.35

 

GUERRILHA ANTIFRANQUISTA EM CASTRO LABOREIRO

melgaçodomonteàribeira, 07.12.19

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CREACIÓN  DE LA PRIMERA GUERRILLA ANTIFRANQUISTA EN GALICIA

 

En el año 1939 en fecha indeterminada llegó a Castro Laboreiro (Portugal) un tal Manolo llamado popularmente “Dente de Ouro”, por esse detalle físico. Vivió en Varzea Travesa y en Ribeiro (Portugal), Era muy hábil y capitaneaba a todos los huidos españoles de la zona (declaraciones de Saturnino Darriba y Luisiño).

Realizaba frecuentes viajes a Lisboa y Oporto.

En una ficha informe del SIG (servicio de información de la Guardia Civil) de Septiembre del año 1943 fue identificado como José Rodríguez Páramo de Doade, La policía española lo confirmó por las mismas fechas como Armando Pompilio Fdz Gonzalez vecino de Ourense,

Román Alonso Santos escribe… (Una persona tan significativa en la conformación del grupo guerrillero en la zona fronteriza hispano-portuguesa logró despistar al servicio de información de la Guardia Civil (SIG) y a la Policía Española. Es preciso añadir además su habilidad para salir físicamente íntegro de las situaciones comprometidas).

El nombre de Manolo utilizado en Castro Laboreiro (Portugal) por Victor García García “el Brasileño” era uno de tantos que utilizó a lo largo de su vida clandestina: Antonio, o “Brasileiro”, Estanillo, Manuel Brasleiro, Antonio Ortiz Risso, Manuel García, Antonio García… Com la llegada de Manolo (Dente de Ouro), se impuso un nuevo paradigma de funcionamiento entre los huidos asentado en una clara definición política de la situación. Según la declaración de Pepe do Quarto propuso unirse a todos los refugiados de la zona para protegerse y ayudarse mutuamente porque no estaban ocultos en Castro por bandidos sino por su idoelogía política de izquierdas y por haberse manifestado de palabra y acción a favor de la República y del Frente Popular. No nos consta, escribe Román Alonso pero dado que Manolo era una persona inteligente y culta pudo talvez explicarles que en aquel instante estaban “erizados” los montes de toda España com miles de guerrilleros que traían de cabeza a Franco.

Asi creó “el Brasileño” el primer grupo guerrillero organizado de toda a Galícia localizado en el suroeste Ourensan. Según Luisiño acampaba fundamentalmente en Castro (Portugal) y tenían bastante armamento. También opina José Bernardo que usaban armas cortas de fuego.

Mención especial merece el recuerdo Rosa la “africana” vecina  de Ribeiro de Cima que tenía varios hijos ya mozos y su casa era habitualmente frecuentada por los guerrilleros. Rosaura Rodríguez declararía en uno de los muchos interrogatorios que sufrió, que los tres hijos mayores de la “africana” acompañaban frecuentemente a Manolo Dente de Ouro.

Se citan en esta primera partida guerrillera entre otros los nombres de Paramo, Ramón Yáñez, Rosario Rodríguez Rodríguez, Gabriel Hernández González con Saturnino Darriba, O Rizo y otros valientes luchadores antifranquistas que sería prolijo delatar. O Rizo pese a ser el más nuevo del grupo, o Luisiño le percebía como uma especie de lugarteniente de Manolo Dente de Ouro, el jefe indiscutible.

Un refugiado gallego de izquierda, fue detenido por la policía portuguesa en Alvaredo (Melgaso) y entregado a la española. Interrogado por esta acerca del número de demócratas españoles huidos de la represión franquista y existentes en los pueblos y montes portugueses limítrofes, confesó que eran unos trescientos, armados para su defensa com fusiles Máuzer y pistolas ametralladoras, suministradas en gran medida por la mediación y ayuda financiera de Manolo Dente de Ouro.

 

                                                           Victor Garcia Jr, su hijo

 

 

Retirado de: Víctor García G. Estanillo el Brasileño

http://blocs.tinet.cat/lt/blog/victor-garcia-g.-estanillo-el-brasileno